O backstage da Disney, onde todos os dias se cruzam mais de 14 mil funcionários, é “tão grande que tem autocarros para ir de um lado ao outro” e “restaurantes com preços super acessíveis”, conta Sandra. Ao mesmo tempo, no entanto, é “horroroso”, garante Sara. Apesar de algumas opiniões divergentes, as duas têm muito em comum: são jovens do Porto, recém-licenciadas, que decidiram abrir as portas a novas experiências e embarcar na “febre da Disney”.

A Sandra foi a “chave da Disney” durante três semanas. Trabalhou nas bilheteiras durante a “Halloween Season” e voltou em novembro. Ainda está fascinada pelo “magia do parque”. A Sara alinhou na experiência de seis meses, durante o ano passado, e entretanto já voltou para repetir a experiência – agora, por menos tempo. Ainda diz que foi arrebatador, mas já conhece outra realidade da empresa.

Entrevistas são bilingues – e nenhuma das línguas é o português

Recrutamento

mickeyO próximo recrutamento em Portugal acontece em março do próximo ano. O horário de trabalho está previsto ser de 35 horas semanais, com um vencimento bruto de 1.424 euros mensais. Os contratos são de 4 a 8 meses, a iniciar em maio de 2013. Os candidatos devem ter, no mínimo, 18 anos de idade e alguma experiência na relação com o público, além de um bom nível de inglês e de francês. Candidaturas aqui.

Tudo começou com as entrevistas, que não podiam ser mais normais. Sandra Mesquita, a estudar Comunicação e fluente em Francês – pré-requisito essencial -, não se acanhou quando soube que a entrevista seria metade em francês e metade em inglês. O mesmo não aconteceu com Sara Carreira, que até queria ir para a Disney precisamente para aprender a língua. “Basicamente o que eu fiz foi decorar meia dúzia de respostas em francês que pudessem ser úteis”, conta. Assim, até parece fácil.

Chegadas a Paris, a formação é essencial. Para um trabalho de três semanas, Sandra recebeu formação durante três dias, foi submetida a um teste oral e supervisionada durante dois dias. Sara diz que essa organização “faz toda a diferença” no sucesso da Disney. A empresa “treina muito bem cada funcionário”. Por exemplo, “todos entendem que as pessoas vão lá para ter um dia espetacular” e é para isso que trabalham.

Nem todas querem chegar a princesas

As condições são algo em que não existe desacordo: “são muito boas”, garantem. Para além do salário composto, a empresa paga as viagens de avião (até 150 euros), 80% do passe de transportes da cidade e anda disponibiliza residências para os funcionários, a preços reduzidos. Basicamente, “trabalhar na Disney é quase como comprar um pacote completo” e a vida “é muito fácil de levar”, conta Sara.

Na altura da candidatura, é possível escolher que funções se pretende desempenhar. Ao contrário do que se possa pensar, nem todas as raparigas querem chegar a princesas. “Carregar aqueles fatos, então no verão, é muito complicado”, explica Sandra. “É uma das posições mais complicadas”, mas ainda assim, escolheria ser a Branca de Neve.

“Há ratos na Disney”

Portugal na Disney

Sara e Sandra cruzaram-se com dezenas de nacionalidades, “de países que nem nunca tinha ouvido falar”, conta Sandra. Ainda assim, os portugueses são muito poucos, mesmo que este ano se tenha sentido um aumento – quer porque foi o primeiro ano em que houve recrutamento em Portugal, quer pelo “estado do país”, diz-se na Disney.

Sara opta pelo Pluto, mas não trabalharia na Parada. Prefere as funções nos hotéis e o ambiente da restauração. Mesmo que garanta que “há ratos na Disney, no meio dos restaurantes”. Era suposto ser segredo, mas Sara garante: “tenho a certeza que muita gente os vê”.

A verdade é que o trabalho nem sempre é fácil”, diz Sandra, mas a experiência é “muito gratificante”. O facto de se trabalhar com pessoas de todos os cantos do mundo, de todas as idades, acaba por ser um pau de dois bicos. Se por um lado é “muito enriquecedor”, por outro, “há muita gente cruel” e “encontra-se de tudo”, afirma Sara, que trabalhou em quase todas as áreas do parque.

Nunca se perde o imaginário

Sandra já não visitava a Disney desde criança e teve medo de voltar desiludida: não aconteceu. Se entretanto receber uma proposta para seis meses, não olha para trás. Sara, apesar dos ratos, também vai continuar a voltar, enquanto puder. Só “a oportunidade de, no fim do trabalho, estares num parque lindíssimo, com uma história lindíssima, e puderes aproveitar todas as diversões já faz valer a pena”.

Para além disso, há sempre a possibilidade de, um dia, se chegar ao topo – não fosse a Disney uma das maiores empresas do mundo: “Todas as pessoas que trabalham nos postos mais altos, passaram antes pelo parque” e “as responsabilidades que te atribuem, dependem da antiguidade”, garante Sara.