O nome Pedro Cardoso passa despercebido a muita gente, mas quando se fala de Peixe, o caso muda de figura. Peixe é o guitarrista dos Ornatos Violeta, dos Pluto, dos Zelig, e fundador da Orquestra de Guitarras e Baixos Elétricos. Uma vida agitada que, mesmo assim, não lhe esgotou as ideias para novos projetos.

A paixão de compôr

A composição foi uma paixão que descobriu recentemente e que agora está a um nível igual ao da guitarra. Peixe admite que ver outras pessoas a tocar aquilo que escreve “é uma sensação maravilhosa”.

No ano passado, Peixe lançou o primeiro albúm a solo, “Apneia”, onde a guitarra é a única protagonista. A ideia surgiu quando dava alguns concertos – de improviso – no bar de um amigo. Depois, com algumas músicas preparadas, começou a pensar que era possível gravá-las e lançar um álbum – e foi o que aconteceu, quando uma editora o “descobriu” no Cinema Passos Manuel, onde acabara de tocar três ou quatro músicas.

Sobre a reação do público ao albúm, já que a adesão “não foi grande”, Peixe fala do facto de ser meramente acústico, o que “é um impedimento a que a música seja divulgada”, mas garante que não vai começar a cantar para chegar a mais gente. “Iria acontecer exactamente o oposto”, explica. Ainda assim, está feliz com o feedback, “principalmente da crítica”, garante.

“Viver em Portugal é difícil”

Quanto a concertos, Peixe já deu alguns e está a tentar marcar outros. “Quero tocar um bocado pelo país todo, mas não é muito fácil. Há muito pouco dinheiro para a cultura, é difícil marcar concertos, as condições nem sempre são as melhores e as salas de espectáculos não querem pagar aos artistas”, diz.

Para Peixe, “os músicos são freelancers, andam sempre com o coração nas mãos, estão sempre a pensar como vão pagar as contas”. E em alturas de crise como esta, “ser músico torna-se ainda mais complicado, pois o setor mais afectado e que sofre mais cortes é a cultura, pela ideia de que é algo secundário”, uma ideia da qual afirma discordar. “É o que nos sustenta como povo, a nossa identidade advém da nossa cultura”, sublinha.