Com 39 anos de idade e 22 de carreira, Pedro Cardoso é uma referência nacional. Peixe, como foi apelidado pelos amigos, desde cedo mostrou interesse pela guitarra: “O meu pai tinha uma guitarra em casa e tocava uns acordes, tal como o meu avô. Lembro-me de ás vezes pegar na guitarra e tentar tocar”. Mas só por volta dos 13 anos é que conseguiu tirar algum som do instrumento. “Antes não conseguia fixar os dedos, ficava com dores e desistia”, lembra, entre risos.

Aos poucos o gosto pela música foi crescendo e o início dos Ornatos Violeta foi decisivo para que Peixe optasse por uma carreira musical. Uma história que recua até 1991 e nos leva até ao tempo do ensino secundário, na Escola Soares dos Reis. Peixe, Nuno Prata e Kinorm faziam parte da mesma turma, já Manuel Cruz juntou-se a eles no 10.º ano.

O início da história, a inocência do 9.º ano

O guitarrista e compositor relembra o último dia de aulas do 9.º ano como “o início de tudo”: a ideia de criar a banda e a amizade com Manuel Cruz. “A associação de estudantes organizou um concerto no pátio da escola e algumas bandas foram lá tocar. Nesse dia levei a guitarra acústica e estava num dos corredores, quando apareceu o Manel com a harmónica dele. Começámos a tocar umas músicas e houve como que uma “química musical”. Lembro-me de, na altura, – e apesar de nos conhecermos mal – dizermos que nós é que devíamos estar no palco. E acho que os dois pensámos que se calhar, um dia, era o que ia acontecer”, recorda.

A música cada vez mais importante

A música tornou-se cada vez mais importante e Peixe começou a equacionar uma carreira musical. Por isso, aos 18 anos, quando entrou na Faculdade de Belas Artes (FBAUP), Peixe entrou também no Conservatório de Música do Porto. Aprendeu, durante cinco ano, guitarra clássica. Já da FBAUP, desistiu três anos depois.

E assim foi: em 1997, nasceu “Cão!”, um álbum que marcou o início de um brilhante percurso. O álbum tornou-se um grande sucesso e dois anos depois saiu “O Monstro precisa de amigos”. O fim dos Ornatos aconteceu quando a banda estava no auge da sua popularidade. A amizade falou mais alto. “A relação estava desgastada e decidimos que o melhor para todos seria o fim da banda. Muita gente não compreendeu a nossa decisão, porque estávamos no auge, mas foi a decisão acertada”, afirma.

Dez anos passaram e a vontade dos fãs falou mais alto: os Ornatos voltaram a reunir-se e esgotaram seis Coliseus – três datas no Porto e três em Lisboa. Peixe confessa que “ultrapassou as expectativas, ou pelo menos, correspondeu às melhores”. E no fim, o feedback foi bastante positivo. “Foi muito bom estar outra vez com o nosso público, tocarmos mais uma vez as nossas músicas e ver quanto o grupo cresceu”.

O projeto mais recente

Um curso de formação de animadores musicais na Casa da Música foi a rampa de lançamento para outro novo projeto. Peixe inscreveu-se, diz que foi um “curso muito interessante” e conta que, no fim, “é hábito fazer-se um concerto com os participantes, cerca de 100 pessoas – o Sonopolis”. A experiência acabou com a criação da Orquestra de Guitarras e Baixos Elétricos, que continua a ensaiar e a criar na casa que a viu nascer. “Um álbum estará para breve”, garante.

No entanto, sobre um novo regresso, o guitarrista deixa a resposta em aberto. Certezas quanto ao futuro não há, mas “nunca podemos dizer que é o último capítulo”, sublinha.

Os Pluto ainda vivos

Os Pluto foram outra banda que marcou a carreira de Peixe. Manuel Cruz, companheiro dos Ornatos Violeta, também fez parte deste novo projeto. A banda lançou apenas um albúm: “Bom Dia”. O trabalho fazia prever um futuro promissor, mas nunca foi além disso.

“Acho que os Ornatos eram o nosso projeto de vida e quando terminaram, essa ideia de coisas a longo prazo e para o resto da vida, também acabou”, conta. No entanto, para Peixe, os Pluto não acabaram – apenas deixaram de se reunir.