Os Hot Pink Abuse lançaram o álbum de estreia “Nowadays”, em 2009, que os levou dar os primeiros concertos no país. Dois anos mais tarde, foi a vez de “Sometimes“, um single que elevou a notoriedade da banda. Agora, o grupo está a apresentar o mais recente trabalho, “Sinuosity“, lançado em outubro de 2012.
O nome, Hot Pink Abuse, “não tem um significado especial” nem um “grande conceito por trás”. “Pensamos que não nos limitaria ou associaria a algo em termos de sonoridade. Não é demasiado pop ou rock e enquadra-se perfeitamente na eletrónica”, contam ao JPN. Aliás, a música que fazem é o que, realmente, “define o conceito do nome da banda“.
Uma das grandes marcas da música é a “transversalidade com as outras artes”. Todos os elementos dos Hot Pink Abuse encontram-se ligados às artes, o que se reflete numa diversidade de percursos e características individuais. Esta particularidade é fundamental na construção de uma identidade musical que articula música eletrónica, pop e rock.
“Temos trabalhado para sermos valorizados pelo trabalho que desenvolvemos”
A inspiração para compor surge “das vivências e interação com o mundo”. A banda afirma que tenta transmitir o próprio universo enquanto pessoas e artistas. “Tentamos, também, proporcionar às pessoas uma oportunidade de explorarem sentimentos e novos imaginários através da nossa música”, sublinham.
Os Hot Pink Abuse consideram-se “uma banda diferente das outras em muitos aspetos e igual, possivelmente, em tantos outros”. Esta diferença “pode funcionar bem” para se destacarem mais facilmente do panorama musical geral”.
A nível musical e criativo, o grupo trabalha para ter e manter a própria identidade, “uma sonoridade” que os caracteriza e que os distingue das restantes bandas. Os músicos afirmam que “não existem muitas bandas em Portugal a trabalhar dentro do mesmo género” e, como tal, há desafios e dificuldades a contornar.
“Fazemos a música que gostamos, que queremos fazer e que gostaríamos de ouvir”
No entanto, o grupo não baixa os braços e continua a fazer os possíveis para que a música “chegue ao maior número possível de pessoas, a nível nacional e internacional”, e para dar “concertos com boas condições e de forma justa”. Tudo para que seja possível continuarem a fazer o que gostam.
Para já, o feedback do público tem sido “bastante positivo”. “Sentimos isso nos concertos, no contacto direto com as pessoas e através das nossas plataformas digitais”, contam. No entanto, a banda diz que, atualmente, tem mais audições em países estrangeiros do que em Portugal, que representa “apenas uma pequena percentagem”.
A banda tenta que a música seja o mais abrangente possível e, desse modo, os Hot Pink apostam “na comunicação, divulgação e diversificação do material audiovisual, sempre com uma estética cuidada”.
No entanto, na divulgação e produção de registos discográficos, os músicos trabalharam sempre “com limites” que tentam, constantemente, “transpor ou quebrar”. “Limitações de caráter financeiro são sempre um problema que se reflete num ‘real possível’ e não no ‘ideal desejável'”, pois “tudo custa dinheiro”, afirmam.
“Em pleno século XXI, ser músico continua a não ser considerado profissão”
Atualmente, “Portugal está longe de oferecer o contexto e as condições necessárias para quem faz música”. Mesmo depois de todas as mudanças culturais, ser músico ainda não é considerado uma profissão e, como tal, os artistas não são valorizados ou reconhecidos pelo trabalho que fazem. “Toda a gente quer música mas ninguém quer pagar. Não existem apoios ou facilidades para quem quer fazer música”, dizem.
Os concertos representam, igualmente, um entrave para as bandas, na medida em que “o pagamento à porta” torna-se, muitas vezes, “insustentável” para bandas que queiram dar concertos pelo país. “Constatamos que existem pessoas que pagam facilmente o dobro por uma bebida branca do que são capazes de pagar por um concerto com oferta de CD”, garantem. Assim, só continua a fazer música quem realmente gosta do que faz “e se sente realizado” com muita força de vontade “para não desistir”.
“Se quiserem realmente fazer música têm que ser persistentes. Insistam, insistam!”
Os Hot Pink Abuse contam com apoios fora do país, o que lhes permite “fazer música para todo o mundo”. A banda trabalha com uma distribuidora norte-americana que disponibiliza, de forma acessível, todo o trabalho do grupo. “Já tínhamos dois álbuns disponíveis no Spotify muito antes de este ter chegado a Portugal”, sublinham.
Para as recentes bandas, os Hot Pink Abuse aconselham a trabalharem “de forma séria, com rigor e exigência”. É importante, para os músicos, serem “autónomos nos processos criativos” e investirem no desenvolvimento da formação musical. As redes sociais são imprescindíveis na divulgação de qualquer trabalho e, como tal, deve-se tirar “o máximo partido das ferramentas da web 2.0 para estabelecer contactos, promover e disseminar” o que fazem.