O número de autores quase duplicou desde a semana anterior: cerca de 20 escritores juntaram-se, este fim-de-semana, na segunda parte do “Não há feira, mas há escritores”, marcado pela tertúlia, venda de livros, leitura de textos, sessões de autógrafos e afixação de mensagens simbólicas. Durante cinco minutos, nomes como Valter Hugo Mãe, Ana Saldanha e Marco Mendes falaram em tom de protesto.
Miguel Miranda, organizador do movimento, pretende que “este apelo relembre a quem tem de decidir” que “os livros e a cultura são fundamentais para que as pessoas possam aprender a pensar”, pois acredita que “se queremos ter um país melhor, temos de investir na cultura”.
“Abater o mundo dos livros é abatermo-nos a nós próprios”
Nem a falta de orçamento impediu que alguns autores se deslocassem até ao local e, para o escritor Manuel Jorge Marmelo, “foi muito gratificante ver que o esforço foi correspondido pelas pessoas que estiveram presentes”. Este espaço de encontro foi pensado para “fazer continuar aquilo que foi feito até hoje”, e espera voltar para o ano, “mas com a Feira do Livro”.
A iniciativa promovida por Miguel Miranda, Manuel Jorge Marmelo e Valter Hugo Mãe juntou cerca de duas centenas de pessoas nas duas edições e contou, este fim-de-semana, com a presença de José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores.
Apesar do “calor que convida a ir para a praia”, Miguel Miranda está satisfeito e reconhece que o movimento “superou as expectativas” e contou com uma “participação e mobilização extraordinárias”. O mote é “querer a Feira do Livro de volta” e o “Acorda Porto!” veio sublinhar aquilo Valter Hugo Mãe defendeu no seu discurso: “Abater o mundo dos livros é abatermo-nos a nós próprios”.
A Feira do Livro do Porto assinalava, este ano, a sua 83.ª edição, mas, pela primeira vez, o desentendimento entre a Câmara do Porto e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) levou à não realização do evento.