A época baixa do turismo – outubro a maio – traz, todos os anos, um dilema para quem trabalha na área: é mais rentável fechar e reabrir no verão, ou oferecer algo diferente, nos serviços ou no preço, para compensar a falta de bom tempo?

Luzia Moreira é dona do Oporto Sky Hostel, “um dos primeiros a abrir na cidade do Porto”. O Sky Hostel vai fechar no inverno, “para fazer umas obras. Já o ano passado foi a mesma coisa”, diz. Já a Tuktour vai continuar a trabalhar no inverno. Quem o diz é Sérgio Eusébio, que explica que a empresa tenta “combater essas dificuldades de diferentes maneiras”, nomeadamente através do comércio business-to-business. “No mercado empresarial, a época alta é agora, é durante o inverno, é quando as empresas fazem seminários, congressos, team-buildings, entre outras coisas”, explica.

Jorge Azevedo tem uma agência de viagens e confirma o que diz Luzia Moreira. “Na época baixa o negócio baixa, disso não há dúvidas”, refere. O truque, para Jorge, é “encontrar o negócio onde à primeira vista não há nenhum”. Nesse sentido, recorre a promoções e parcerias com companhias aéreas low cost, para apostar no segmento mais jovem. “Os jovens estudantes procuram sempre viagens mais baratas para as cidades europeias, principalmente onde se faz Erasmus”, conta (ver caixa).

Aproveitar o fator “Erasmus”

Na agência de viagens de Jorge Azevedo procura-se tirar dividendos da participação dos estudantes no programa Erasmus. “O que tento fazer é juntar essa procura a outros serviços. Se vão visitar colegas ou passar um fim-de-semana prolongado em Praga ou na Polónia, tento fazer pacotes específicos para isso, a preços convidativos”, acrescenta. Em época baixa o negócio “sofre um corte”, mas Jorge Azevedo garante: “Se não me mexer ou se fechar é pior”.

“O Porto é um destino que deve ser valorizado todo o ano”

A aposta nos descontos e ofertas especiais não é algo que agrade a Sérgio Eusébio. “Podemos tentar adaptar àquele preciso cliente uma coisa que se adapte a ele mediante as possibilidades dele”, reconhece, mas não fazem nenhum desconto para todos os clientes, já que não veem o Porto como um destino low-cost. “Nem gostamos de nos associar a essa ideia”, diz. “O Porto é um destino que deve ser valorizado todo o ano”, por isso não é feita distinção de época baixa e época alta no preço.

As opiniões dividem-se e, embora o Sky Hostel feche no inverno, Luzia Moreira não considera que fosse possível agir de outra maneira. “Podia fazer um karaoke, umas festas. Mas vou gastar mais do que o que vou receber”, explica. A época baixa é, para Luzia Moreira, um problema para o turismo local, “e quem disser o contrário está a mentir”.

Jorge Azevedo já fechou a agência, há “seis ou sete anos atrás”, durante a época baixa, mas arrependeu-se. “Compensa-me mais continuar aberto. O lucro é muito pouco, mas não dou despesa, e nos tempos que correm mais vale pouco do que nada”, afirma. A verdade é que quer se feche o negócio ou se procure oferecer condições diferentes, a época baixa existe e afeta o negócio do turismo na cidade do Porto.