Foram inauguradas este sábado duas novas exposições no Centro Português de Fotografia (CPF): “O Porto à Janela” de Pedro Mesquita, e “Do outro lado do mar: Porto – Nagasáqui” de João Garcia. As exposições vão estar no CPF até dia 1 de junho e a entrada é livre.

O Porto à Janela“, de Pedro Mesquita, repórter da Renascença, é um conjunto de fotografias, a preto e branco, da vista para o Porto de diferentes janelas. O objetivo do fotógrafo foi “guardar o Porto” que se vê das janelas dos seus moradores. “Não se trata de um conjunto de postais da cidade, mas de olhares procurando o sentimento de quem a habita. É o Porto que se senta à janela”, explica o fotógrafo na sinopse da exposição.

De jornalista a fotógrafo

Como é que nasceu esta paixão pela fotografia?

Esta paixão surgiu mais ou menos de uma forma natural. Eu sempre gostei de tirar fotografias e a dada altura comecei a perceber que, quando mostrava uma fotografia a alguém, as pessoas diziam que eu as tirava com algum sentimento. E fui fotografando, cada vez mais. E tornou-se um vício.

Sente falta do poder da imagem enquanto jornalista de rádio?

Para mim a rádio é muito imagem. Quando vou fazer uma reportagem, a melhor forma que eu tenho de fazer uma boa reportagem é ser muito descritivo. Portanto, eu estou muito habituado a olhar, para poder descrever, e isso talvez me ajude um pouco na fotografia. Quando vou fotografar o meu olho já está treinado para isso.

Entrar em casa das pessoas, abrir a janela e experienciar o olhar que têm sobre a cidade foi o exercício feito pelo fotógrafo. “Quando começei a abraçar este projeto, no início, comecei a andar na rua e a reparar em janelas de onde eu gostaria de fotografar. Imaginar o que se poderia ver de lá ou que tipo de pessoa lá moraria”, conta Pedro Mesquita.

Antes de mais, o fotógrafo teve que bater a muitas portas. Pedro Mesquita conta que os portuenses, em geral, foram muito hospitaleiros e foi raro negarem-lhe a entrada. “Foi fácil as pessoas abrirem-me a porta, levarem-me aquela janela e até mostrarem-me outras. Conheci dezenas e dezenas de pessoas e percebi o olhar que essas pessoas têm da cidade do Porto”, recorda.

As cidades gémeas

A exposição “Do outro lado do mar: Porto – Nagasáqui” mostra o dia-a-dia de duas cidades, separadas por um oceano de distância, que afinal têm uma história em comum.

Nagasáqui foi fundada no século XVI por portugueses que partiram do Porto para fundar um “entreposto de comércio”. Em 1978, Porto e Nagasáqui tornaram-se oficialmente cidades geminadas. Esta designação caracteriza as cidades ligadas por laços culturais e económicos, e visa promover o intercâmbio mútuo.

O fotógrafo contou ao JPN que o projeto nasceu, antes de mais, da sua vontade de viajar. “Tive a oportunidade de ir [ao Japão]. Quis lá voltar e procurei um projeto me implicasse, com o Japão e com Portugal. E descobri esta relação entre o Porto e Nagasáqui. A relação entre as duas cidades, que são geminadas, mas também a relação histórica. E isto pareceu-me interessante. Queria viajar, deambular pelo Porto e por Nagasáqui”, explica João Garcia.

A exposição já esteve do outro lado do mar. As fotografias foram expostas no Museu Dejima, em Nagasáqui. João Garcia diz que a reação do público japonês foi muito interessante. “A maioria das pessoas lá – como aqui, imagino eu – não sabem que existe esta relação. Descobriram graças à exposição. E gostaram imenso das fotografias do Porto. São fotografias normais, de cenas quotidianas. E para eles as imagens do Japão são muito quotidianas mas as do Porto, para eles, são completamente exóticas” afirmou.