Umas vezes acontece, noutras é planeado… Mas será que há uma idade certa para ser pai?

Para José Pedro Meireles, a paternidade chegou cedo demais. Aos 17 anos, ainda a estudar, a decisão de se tornar pai de Leonor foi “muito difícil”. Ao ver a sua vida mudar completamente, contar à família não foi fácil, “porque, por mais ligação e abertura que se tenha”, nunca se sabe como irá reagir. “No meu caso e no da mãe da minha filha não foi exceção”, conta José Pedro.

Uma das suas maiores preocupações foi a responsabilidade que teve de assumir: “Ser pai na idade em que eu fui não é nada fácil, porque não temos a nossa autonomia, a nível monetário, e somos dependentes dos nossos pais e família para sustentar os nossos filhos”, confessa.

Mesmo não se sentindo preparado para esta nova etapa, José Pedro descreve o momento em que viu Leonor pela primeira vez como o mais marcante da sua vida. “Aí vemos que a natureza é perfeita, que está ali alguém que é parte de nós e que vamos proteger para sempre, até com a nossa vida, se necessário. É uma ligação instantânea”.

Leonor, agora com quatro anos, conta com o pai para tudo, que faz questão de estar presente. “Perdi muito da minha vida social e continuo a perder, como sair à noite ou tempo para estar com os amigos. Os nossos objetivos mudam, a nossa vida muda. Ser pai é isto, é abdicar de tudo para estarmos com eles e podermos dar-lhes tudo”, conta.

José Pedro acredita que a sua idade lhe dá paciência e vivacidade, mesmo quando as coisas possam estar complicadas. “Com um simples sorriso dela esquece-se tudo o resto, o que importa é sermos felizes”, acrescenta.

Ser pai aos 55 anos

“Mais vale tarde do que nunca”. É assim que Aquiles Barros vê o facto de ter sido pai quando já não estava à espera. Com 55 anos nasceu Henrique e, três anos depois, Lia. Para Aquiles, a paternidade “mudou muita coisa”. “Mudou a minha visão do mundo”, admite. Além disso, confessa que agora tem energia para atividades que não considera normais aos 64 anos. Henrique, de oito anos, é muito ativo: “Felizmente, ainda não tenho grandes mazelas, mas, enfim, não é a mesma coisa que ter 30 anos ou 40… Vou fazendo o que posso”.

Este pai acredita que, se fosse mais jovem, talvez tivesse mais paciência, ainda assim, garante que os problemas são os mesmos, seja qual for a idade. “Eu vejo pais mais novos, com quem convivo, e os problemas que eu tenho com os meus filhos os mais novos também os têm e também têm dificuldade em gerir algumas situações”, explica.

Apesar de pouco habitual numa relação de parentesco deste tipo, a idade de Aquiles não incomoda Lia e Henrique, mesmo que, na escola, seja muitas vezes confundido com o avô das crianças. “Acho que nunca se sentiram mal por causa disso”, confessa.

Estes são apenas dois dos casos cada vez mais frequentes de idades menos usuais para se ser pai. José Pedro e Aquiles provam que é possível superar este desafio, independentemente da idade.