Espanha

Cristina Lopez Lunell estuda Medicina e sente que a diferença entre o ensino secundário e universitário é muito grande. Por um lado, a exigência no ensino secundário não é suficientemente alta e, por outro, os professores deviam estar melhor preparados, uma vez que a nota de acesso ao curso de educação é muito baixa.

À semelhança de Portugal, Espanha atravessa uma crise económica e financeira e também tem sofrido muitos cortes no ensino, nomeadamente na atribuição de bolsas. Cristina acha que seria importante facilitar o acesso ao ensino aos alunos sem possibilidades financeiras, mas que revelem um bom rendimento escolar.

Educação em números: Sul da Europa

Segundo o The Guardian, Espanha e Itália partilham o mesmo número de universidades: 79. Também em termos de estudantes, os dois países apresentam números semelhantes: cerca de 1,8 milhões de estudantes. Por ano, as propinas em Espanha rondam os mil euros; já em Itália, os números estão entre os 1.500 euros e os três mil euros.

Itália

Eleonora Bottari vive em Pisa e está a frequentar o curso de Sociologia e Políticas Sociais. Como muitos estudantes da sua universidade, no Dia dos Cem, Eleonora dirigiu-se até à Piazza dei Miracoli para tocar numa estátua de um lagarto e assim receber boa sorte para os exames.

O trabalho que teve foi muito, mas foi bem-vindo, pois sente que desta forma está melhor preparada para o futuro. Eleonora acredita que, em Itália, os professores universitários “se esforçam para tentar ultrapassar as restrições impostas pela crise financeira e preparar os seus alunos para o mercado de trabalho”.

Grécia

Panos Prasiadis estuda Engenharia Química. Panos acredita que, no seu país, o grau de exigência do ensino secundário não se adequa ao nível de dificuldade das provas de ingresso ao ensino superior.

O estudante conta que, para entrar no curso de Arquitetura ou de Design, os alunos são “testados nos exames, mas não ensinam as bases”. Para além de não ser fácil obter apoio estatal, o sistema de ensino grego tem vindo a sofrer alterações de forma a que o país se adapte às normas internacionais.

Inglaterra

Nem o Dia do Estudante nem as tradições estudantis têm lugar na Inglaterra. O ano escolar prolonga-se de setembro a julho e a organização do horário escolar compete a cada instituição de ensino. “Os professores são muito acessíveis e podem ser contactados por e-mail fora do horário de atendimento”, referem Oleg Isaev e David Cheung, estudantes de Geografia e Economia, respetivamente, na Universidade de Southampton.

Apesar do aumento da carga de trabalho, ambos dispõem de tempo para atividades extracurriculares oferecidas pela universidade. O Reino Unido oferece empréstimos a estudantes para que possam prosseguir os estudos.

Alemanha

Kathrin Weiler está a tirar um curso profissional de maquinista de comboios, mas, além das aulas práticas, também aprende política, holandês e tecnologia. A Alemanha é um dos países que apoia os estudantes financeiramente, oferece os livros e o material necessário para as aulas práticas.

A única tradição na escola de Kathrin é um torneio de futebol organizado para alunos e professores participarem juntos. Como está a frequentar um curso profissional, Katrin usa o tempo que lhe resta a trabalhar numa empresa para poder pôr em prática o que aprende durante o curso.

Educação em números: Alemanha e Polónia

Depois do Reino Unido, a Alemanha é o país europeu com mais universidades (108), de acordo com dados do jornal britânico. A Polónia tem apenas menos dez estabelecimentos de ensino. Os alemães também vencem em número de alunos: têm 2,4 milhões de estudantes contra os 1,8 milhões da Polónia. O que distingue a Alemanha dos restantes países é o facto de a educação ser praticamente gratuita.

Polónia

Este é o país que provavelmente tem mais tradições relacionadas com os estudantes. Dorota Werkowska, a frequentar o curso de Silvicultura, descreveu alguns desses dias comemorativos. No “Grande Churrasco”, os estudantes juntam-se com amigos e familiares para fazer grelhados; na “Agrolania” e “Juwenalia” há atrações como concertos ou competições de tiro.

Dorota explica que todas as disciplinas têm a parte teórica e prática e que é constantemente testada pelos professores acerca dos conhecimentos adquiridos, quer em exames, quer em trabalho de campo. As exigências começam logo no ensino secundário, pois o ministro da Ciência acha que devem ter conhecimentos em todas as áreas.

Eslováquia

No final do ensino secundário realiza-se a prova de acesso – “maturita” – ao ensino superior. Aos alunos é dada a possibilidade de escolher o nível de dificuldade da mesma, isto é, nível A, B ou C. Os níveis de estudos obtidos no final dos cursos correspondem a bacharelato, mestrado e doutoramento.

Gabika Gresová frequenta o curso de Ciências Políticas, na Universidade de Presov, e está satisfeita com o método de ensino primário e secundário: os professores eram exigentes e os trabalhos de casa eram muitos, mas adquiriu conhecimentos.

Letónia

Baiba Aunina já é mãe, mas terminou há pouco tempo o seu curso de Turismo na Universidade de Vidzeme. Baiba acredita que, na Letónia, as universidades estão muito bem organizadas e que o nível de exigência é bastante elevado, porque quem nelas estuda e acaba por ir estudar para outros países não sente grandes dificuldades.

As aulas não se baseavam apenas na teoria e costumavam ter palestras muito interativas, com profissionais especializados na sua área de ensino. Baiba acredita que “o que falta nas universidades é que algumas delas não dão a oportunidade de organizar palestras com estes profissionais, para que demonstrem aos alunos como são as coisas na vida real”.

Sistema educacional russo

Na Rússia, existem 1.090 instituições de ensino superior das quais 721 são estatais. No total, 338 instituições de ensino são financiadas pela Agência Federal para a Educação e as restantes por outros ministérios ou autoridades locais.

Rússia

O Dia do Estudante comemora-se a 25 de janeiro com ações e iniciativas para estudantes e o público em geral. Mas a cultura estudantil também se faz sentir ao longo do ano, através de tradições como a praxe académica e o “equador”. “Se um curso é de cinco anos, então dois anos e meio após o início celebra-se o ‘equador'”, conta Ilya Kukaev, estudante de pós-graduação em Universidade Estatal de Udmurt.

O tempo letivo semanal dos estudantes russos assemelha-se ao dos portugueses e cabe ao professor a gestão do mesmo. A avaliação é contínua, exceto no 11.º ano, quando se realiza o Unified State Exam. Assim, se a nota do exame for superior à média obtida, então a nota do exame será também a nota final.

Turquia

Kayra Kizilay vive em Ancara e é uma das jovens que está particularmente descontente com o sistema de ensino turco. Na Turquia, o ensino baseia-se na memorização e não na aprendizagem. “O lema é memorizar e não compreender”. O sistema “parece querer formatar todas as pessoas para serem iguais” e isto aplica-se tanto a alunos como a professores. “Não pensem. Não ensinem. Não produzam”.

Kayra pode, porém, dar-se por feliz na Universidade onde estuda Turismo. A Universidade Kusadasi tem uma oferta educativa muito grande.