O Palácio da Artes recebeu, neste sábado, “cerca de 700 pessoas” para inaugurar a exposição “Raízes”, no Dia Nacional dos Centros Históricos. Esta que é a primeira grande mostra de cinco jovens artistas – três portugueses, um brasileiro e uma alemã – “é um trabalho que foi construído em paralelo e exibido em conjunto”, como explicou ao JPN Gonçalo Bettencourt, curador da exposição.

Uma das intenções principais era de que “as pessoas vissem este espaço a ser usado de uma maneira pensada e com pessoas novas”. O cheiro a incenso tornou-se quase que um fio condutor capaz de guiar os visitantes pelas salas da exposição, todas carregadas de cores, texturas e significados muito diferentes.

[gone]

O [gone] Mexico – a primeira parte do [gone] Project – é um conjunto de fotografias captadas no México, em 2014, por Carolina Pimenta e Anastasia Fugger. O [gone] foi exibido pela primeira vez em Nova Iorque, no ano passado, e, depois do Porto, segue viagem para Munique, Lisboa e Londres.

Para as artistas, as fotografias são uma tentativa de mostrar “um lado incrível do México que existe, mas muitas vezes é ignorado”, especialmente nos Estados Unidos da América, “onde há muitos preconceitos ligados ao país, que é visto sobretudo pelas partes negativas”, referiu Carolina.

Antes de percorrerem o México de Yucatan até Oaxaca, Carolina e Anastasia viveram em Nova Iorque e, antes disso, Carolina estudou artes em Leeds, no Reino Unido, enquanto Anastasia estudou Biologia Comportamental na Escócia, fotografia em Paris e fez mestrado em Jornalismo Científico em Londres.

Outras atrações e nova exposição

– Neste sábado, para além da performance de inauguração da exposição, que “consiste em levar as raízes – feitas em tecido por Janis Dellarte – que vão chegar a cada sala e explorar estes trabalhos da linha de cada artista, para tentar juntar este coletivo de uma forma física”, detalhou Rezm Orah, também foi possível ouvir o músico PZ, que trouxe alguns dos seus êxitos no “bolso do pijama”, entre eles “O que me vale és tu”, “Autarquias”, “Mundo” e “Croquetes”;

– A exposição “Raízes” pode ser visitada até 25 de abril, gratuitamente, e todos os sábados terá performances diferentes;

– A 1 de maio inaugura a exposição (Con)junto, a segunda vencedora do concurso “Artes e Talentos 2015”.

Janis Dellarte

Janis Dellarte tem 26 anos e acabou de regressar a Portugal. Até então, estudou Belas Artes em Madrid e os últimos sete anos foram passados em Londres a estudar Design Têxtil. O interesse pelas técnicas têxteis em vias de extinção pelo mundo levaram-na a Viana do Castelo, ao México e ao Nepal, para fazer “uma troca de experiências”: no Nepal, por exemplo, aprendeu a fazer xailes típicos e ensinou algumas das técnicas portuguesas de tricô.

Com os trabalhos expostos, mistura de cores vibrantes e texturas quase psicadélicas, Janis tem o intuito de preservar as tradições “quase perdidas” para as máquinas industriais. Esta lisboeta é responsável pelas “raízes”, um cordão de tricô que liga os trabalhos dos artistas.

Rezm Orah

Rezm Orah é um jovem artista brasileiro muito ligado às artes performativas e, por isso, fez da “caixa forte” do Palácio das Artes “um espaço versátil” capaz de abrigar performances e outros eventos. As suas peças “foram feitas a partir de coisas do próprio Porto”, sendo reminescentes da alma viajante do artista, que diz ser possível “criar a partir do nada, daquilo que está ao dispôr”. Orah brinca com os conceitos “de existência e não existência” a partir da leveza das linhas que conectam o seu trabalho que, caso o visitante não esteja atento, “pode passar despercebido, por ser tão subtil”.

David Gonçalves

Para David Gonçalves, jovem portuense, “o trabalho está ligado ao pensamento do andar, da estrada”, e algumas das suas inspirações para os desenhos advêm da cartografia e dos mapas antigos.

Objetivo cumprido

Maura Marvão, 44 anos, faz parte do Conselho de Administração da Fundação da Juventude e foi jurada do concurso “Artes e Talentos 2015”. A responsável disse que a ideia deste concurso de novos talentos “não consiste na simples apresentação de portfólios de artistas, mas um projeto de exposição para o Palácio, que envolvesse uma imagem, um projeto de comunicação, a dinamização do espaço e uma ideia de o que e como expôr”, ou seja, “passar para a realidade uma exposição”.

Para Maura Marvão, a mostra “Raízes” soube projetar estes conceitos, através da criação do site e da presença nas redes sociais, e reflete as vontades da Fundação da Juventude, “não apresentar um projeto simplista, mas uma ideia de exposição completa”. Daqui em diante, a Fundação da Juventude quer continuar a ter “pelo menos dois meses por ano dedicados a talentos jovens (artísticos)”.

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