Donald Trump está cada vez mais perto de ser o candidato republicano das eleições americanas. O resultado das primárias no Indiana voltou a reforçar a posição do magnata, forçando Ted Cruz a pôr-se à margem da corrida à Casa Branca. No que diz respeito ao Partido Democrata, e repetindo o sucedido em Rhode Island há uma semana, Clinton perdeu para Sanders.

As percentagens são claras. Donald Trump recolheu 53,3% dos votos, ao passo que Ted Cruz ficou-se pelos 36,6%. Foi a “gota de água”, que levou a que o candidato desistisse.  Num discurso dirigido aos seus apoiantes, Cruz lamenta o abandono da corrida, alegando que sem um “caminho viável para a vitória”, não encontra condições para continuar.

Trump, ainda assim, elogiou o seu opositor, dizendo que este foi “um adversário duro” e que “tem um futuro incrível pela frente”.

Cruz sublinhou a certeza na sua decisão, e declarou terminado o seu percurso nas eleições: “Demos tudo o que tínhamos para dar. Mas os eleitores escolheram outro caminho”.

Germano Almeida, jornalista de formação, acompanha há vários anos a política da Casa Branca, e concorda que Trump tem o seu lugar assegurado. Em entrevista ao JPN, afirmou que esta “foi a última demonstração de que não há outro caminho que não seja a nomeação de Donald Trump”.

“Se há uns meses disséssemos isto, ninguém acreditava. Se a uma determinada altura parecia que Trump não ia lá chegar, estas últimas vitórias dele, e esta agora no Indiana, tiraram as últimas dúvidas, portanto, vai mesmo ser ele o nomeado”, acredita Germano Almeida.

Trump tem agora 1.047 delegados assegurados, dos 1.237 que precisa para ser o candidato republicano. Apesar disso, o autor do blogue “Casa Branca”, acrescenta que ainda vai haver um momento-chave para o republicano, que é a convenção, em junho: “Mesmo com esta situação, em que já é certo que o Trump ganha as primárias, há muita gente ainda no Partido Republicano que se recusa a aceitá-lo como nomeado e, portanto, o que acontece aqui é que a ‘votação’ já terminou no lado republicano, mas falta saber em termos políticos e de ambiente no partido, como é que a coisa se vai passar”, reflete o escritor.

Na corrida, mas sem qualquer hipótese de vitória, continua também John Kasich, depois da desistência de Ted Cruz se ter juntado à de um alargado número de candidatos. Desde 1 de fevereiro, data do arranque das primárias no Iowa, já desistiram do lado republicano Marco Rubio, Ben Carson, Rand Paul, Jeb Bush, Rick Santorum, Carly Fiorina, Chris Christie, Jim Gilmore e Mike Huckabee.

Sanders venceu no Indiana, mas Clinton continua na frente

Apesar de Clinton estar na frente da corrida, no Indiana foi Bernie Sanders quem venceu, com 52,5% dos votos, pouco mais que Hillary, que conseguiu 47,5%.

Sanders não se dá por vencido e assume “uma grande vitória no Indiana”. O candidato afirmou ainda que percebe “que Hillary Clinton ache que esta corrida acabou”, mas fez questão de lembrar, e com esperança, que ainda vão acontecer as corridas na West Virginia, onde julga ter “uma grande hipótese de vencer”, no Kentucky e no estado de Oregon.

Germano Almeida considera que “não está em causa a nomeação de Clinton”, mas não deixa de sublinhar o “percurso notável” que Sanders tem feito, porque “quando esta corrida começou, a Hillary tinha um avanço de 50 pontos nas sondagens e quase ninguém acreditava que Bernie Sanders pudesse ganhar mais que um ou outro estado”.

O comentador acha que “se isto fosse apenas por votação, estava tudo em aberto”, mas é necessário entender que o processo de escolha de nomeação democrata não é só feita por votação dos estados, é também pelos super-delegados, ou seja, delegados por inerência apontados pelo partido. Nesta questão, Hillary Clinton tem uma grande vantagem para Sanders, sendo que a candidata tem 520 super-delegados, e Sanders tem apenas 39. Para Germano Almeida, esta diferença “dá a Hillary a garantia de que vai ser nomeada”.

Neste momento de Primárias, Bernie Sanders já ganhou cerca de 20 estados, mas ao nível do número de delegados eleitos, a vantagem de Hillary Clinton para Sanders é de 290 delegados, sendo que a candidata tem 1.700 e Bernie 1.410.

Para Germano Almeida vai ainda haver um momento decisivo para o partido democrata que é, “claramente, a Califórnia”. Há cerca de 540 delegados democratas em jogo na Califórnia, e “se Hillary conseguir confirmar a vitória que tem nas sondagens, e ganhar a Califórnia com um grande avanço, então, chegará à convenção com delegados mais que suficientes para já estar nomeada” mas, se isso não acontecer, então, ainda há esperança para Bernie Sanders.

“Podemos chegar a uma situação em que Hillary, embora com mais delegados, chegue à convenção sem o ‘número mágico’ que lhe garanta automaticamente a mesma”, justifica Germano Almeida. Nesse caso, haverá uma convenção aberta, e será “a última esperança para Sanders”.

Nesta corrida à Casa Branca segue-se o “caucus” democrata no Guam, dia 7 de maio. As Primárias Republicanas no Nebraska e também na West Virginia são a 10 de maio.

 

Artigo editado por Filipa Silva