O Dia Nacional do Estudante celebra-se esta sexta-feira. É um dia que é comemorado desde 1987, sendo também um dia em que os movimentos estudantis nacionais comemoram as lutas dos estudantes que ocorreram durante a ditadura do Estado Novo.
De forma a celebrar o dia, o JPN esteve à conversa com dois professores de gerações diferentes onde foram abordados vários assuntos: as diferenças entre as faixas etárias do passado e do presente e os conselhos mais necessários aos atuais estudantes estiveram em destaque.
Adélio Mendes, professor catedrático na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com 52 anos, aponta como principal fator diferenciador o facto de antes existir “mais capacidade de pensar”. “Agora vejo os meus estudantes focados em saber responder do que em saber perguntar”, reconhece.
Já Pedro Amorim, um dos docentes mais novos da Universidade do Porto que também dá aulas na FEUP, com 31 anos, refere que a principal diferença se situa “na flexibilidade dos estudantes, ou seja, na capacidade de ir buscar soluções mais rapidamente”.
“Os alunos [atualmente] são mais destemidos do que há sensivelmente dez anos”, refere o professor de Engenharia e Gestão Industrial.
Questionados sobre a importância de os estudantes terem espírito de iniciativa ou não, ambos concordam que é fulcral que os estudantes queiram inovar. Pedro Amorim defende que “ter espírito de iniciativa é claramente valorizado desde a academia até entrar no mundo profissional”. É uma posição apoiada pelas palavras de Adélio Mendes, que afirma que “se [os alunos] não tiverem [espírito de inovação], se estiverem domesticados, não chegam a sítio nenhum”.
Em relação aos conselhos que podem dar aos alunos que ingressaram há pouco tempo na Universidade do Porto, o professor catedrático da FEUP diz que não os dá aos alunos, prefere provocar “esperando que eles depois respondam positivamente e que sigam uma estratégia de saber compreender e não saber responder.”
Pedro Amorim vai por um rumo diferente, preferindo mencionar a capacidade que os alunos têm de conciliar diferentes atividades, uma vez que os alunos devem olhar “para o currículo académico e para as atividades extracurriculares como algo a desenvolver”. “Eu acho que isso está bem cimentado, mas, no entanto, tem se de ter muito cuidado, ou seja, escolher com critério”, contrapõe.
“Parece-me que a escolha é de tal forma vasta, que é fácil um estudante saber aquilo que deve ou não fazer”, diz Pedro Amorim.
Apesar da diferença de idades, as opiniões partilhadas pelos dois professores mostra a similaridade dos conselhos transmitidos às fornadas de alunos, que fazem o seu percurso na Faculdade Engenharia da Universidade do Porto. No Dia Nacional do Estudante, as experiências e as memórias servem de espelho ao que é necessário preservar nas cadeiras e corredores das faculdades.
Artigo editado por Rita Neves Costa