Em setembro do ano passado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) garantia que a Linha de Crédito para Estudantes Universitários seria reativada este ano letivo (2016/2017), depois de ter estado indisponível no ano passado. No entanto, e quando o segundo semestre se aproxima do fim, o processo ainda não avançou e os estudantes continuam sem a opção.

A situação está a gerar descontentamento entre alguns estudantes. Bruno Freixo foi um dos vários alunos que se deslocou aos bancos envolvidos na linha de credito. Foi informado que esta ainda não tinha sido reativada, mas os motivos não são claros. Segundo o que as instituições bancárias lhe disseram, “o governo não libertou a verba destinada a esta linha”.

Este sistema permite aos estudantes financiar os seus estudos no Ensino Superior, beneficiando de uma garantia prestada pelo Estado, através do Sistema de Grantia Mútua (SGM), que não necessita da intervenção de terceiros, aplica uma taxa de juro mais baixa e tem um prazo alargado de reembolso.

Bruno admite que estava a contar com este apoio: “É complicado, pois fiquei recentemente desempregado”, afirma. Como consequência, tem alguns meses de propinas em atraso. O estudante tenta agora fazer alguns trabalhos como freelancer, enquanto não surge uma oportunidade de emprego. No final deste ano letivo, não sabe como vai ser.

Marco também tentou informar-se da situação no seu banco pessoal e saiu de lá com as mesmas dúvidas com que entrou. “Fui informado que a linha não se encontrava disponível e, inclusive, disseram que nem tinham a certeza se estaria este ano e que não tinham informações sobre isso”, revela ao JPN.

O estudante planeia ir de Erasmus no próximo ano e, para isso, iria utilizar a linha de crédito de garantia mútua do Estado para suportar os custos. No entanto, já pondera outras hipóteses: “Caso esta linha não fique disponível até finais de junho, terei de pedir aos meus pais para serem fiadores, algo que não queria fazer”, confessa.

O JPN contactou o MCTES, no sentido de saber se a linha já se encontrava ativa, mas continua sem obter uma resposta sobre a matéria.

Existem outras opções?

 Que produtos alternativos oferecem os bancos envolvidos na linha de crédito do Estado?

Apesar de a linha de crédito de garantia mútua do Estado não estar ativa, existem outras alternativas de créditos para formação. Estes créditos são empréstimos destinados a financiar a formação académica, em Portugal ou no estrangeiro, incluindo licenciaturas, pós-graduações, mestrados, doutoramentos, MBA (Master of Business Administration) ou Erasmus e outros programas de intercâmbio internacional.

Com o apoio da plataforma Compara.Já, um serviço online gratuito de comparação de produtos e serviços, o JPN procurou saber que alternativas têm os estudantes no capítulo do crédito especializado para formação em Portugal. Para isso, a plataforma preparou uma análise baseada em três situações-tipo, todas tendo por base a realidade da Universidade do Porto.

No caso das licenciaturas, a simulação é feita pensando em estudantes da Faculdade de Letras, mas a projeção é extensível a toda a universidade, uma vez que o valor da propina de licenciatura é igual em toda a UP: 999 euros. Para os cálculos, a Compara.Já usou, contudo, outras parcelas como a alimentação nas cantinas da universidade (almoço e jantar) e o alojamento nas residências estudantes. O gasto total para três anos é estimado em 9.829 euros. De acordo com a comparação, seria o BPI a oferecer uma prestação mais baixa e um custo final do empréstimo mais reduzido, muito embora as diferenças, sobretudo ao nível da prestação mensal, sejam ligeiras.

 

Para os estudantes que pretendam frequentar um mestrado integrado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), por exemplo, os custos serão maiores que na licenciatura, pois a formação tem cinco anos. Aqui os gastos estão estimados em 17.370 euros, também com despesas de alimentação, alojamento e propinas incluídas. Neste cenário, é o Montepio a oferecer condições mais favoráveis.


No caso dos que tencionem fazer um MBA na Porto Business School, o valor que serve de base à simulação é de 19.975 euros, com um prazo de pagamento mais curto que nos cenários anteriores, neste caso nos de 48 meses. Também aqui o Montepio apresenta a prestação mais baixa.

Para Sérgio Pereira, diretor-geral da plataforma, a procura de informação e a comparação das diferentes opções deste tipo de créditos no mercado pode fazer toda a diferença na escolha mais vantajosa: “Atualmente existe um grande leque de opções para quem pretende investir na formação, ao contrário das gerações nos anos 60 e 70, o que constitui uma oportunidade a baixo custo”.

O diretor acrescenta que estes créditos para formação são essenciais no processo de democratização do acesso à formação “a quem não dispõe de recursos suficientes para fazer face ao investimento necessário nesse momento específico”. 

Artigo editado por Filipa Silva