O Instituto Politécnico do Porto (IPP) apresentou esta quinta-feira o projeto de ampliação e requalificação das suas mais recentes unidades orgânicas, a Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT) e a Escola Superior de Media, Artes e Design (ESMAD). O investimento do IPP nas instalações, situadas no Campus 2 da Póvoa do Varzim/Vila do Conde, ascende a um milhão e 900 mil euros. A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior marcou presença na sessão.
A presidente do Politécnico do Porto, Rosário Gambôa, começou por agradecer a presença da governante e por destacar a importância da obra. “É um grande investimento, de cerca de dois milhões de euros, para requalificar e realojar a ESHT e a ESMAD”, explica, justificando a localização do campus na fronteira entre Vila do Conde e Póvoa de Varzim devido à “interação com a comunidade e com o tecido empresarial” da região.
Está previsto que as obras terminem no fim de 2017, faltando ainda concluir alguns espaços. Há ainda que finalizar, por exemplo, a cozinha e bar didáticos para a ESTH e, no caso dos cursos de Media, Artes e Design, aguarda-se a conclusão do estúdio de televisão e da ‘black box’, uma sala polivalente que vai albergar ensaios e produções experimentais. “Temos os melhores alunos e a melhor empregabilidade”, continua a presidente, que acrescenta querer “dar aos estudantes as condições necessárias para uma aprendizagem em contexto real”, sublinha.
Rosário Gamboa deixou ainda um recado aos governantes, frisando que às escolas só falta mesmo “a estabilidade do corpo docente”. “Não por falta de empenho do senhor ministro”, continua a diretora, pedindo à secretária de Estado Maria Fernanda Rollo que a questão seja “resolvida em breve”. “É preciso que quem aqui trabalha tenha estabilidade”, reforça.
Escolas “cheias de oportunidades estimulantes”
Às intervenções dos presidentes das comissões instaladoras da ESMAD e ESHT, Olívia Silva e Flávio Ferreira, seguiu-se a intervenção de Aires Pereira, presidente da Câmara da Póvoa de Varzim. “Hoje parece que foi tudo fácil, mas não foi tudo fácil. Dois milhões de euros de investimento, nos tempos que correm, todos sabemos que não é fácil”, começou por referir o autarca. O edil destacou ainda que a ESMAD e a ESHT “estão a formar alunos que o mercado está ávido de receber”, reforçando a disponibilidade para ajudar com “aquilo que o município da Póvoa de Varzim possa fazer para a integração dos estudantes, o envolvimento com a comunidade local, e tudo o que seja promover a interação entre a escola e a comunidade”.
Dada a ausência de Elisa Ferraz, autarca de Vila do Conde, tomou a palavra Maria Fernanda Rollo. A secretária de Estado louvou o investimento próprio do IPP e a aposta no turismo. “Todos temos a noção do momento que o país está a atravessar”, referiu a governante destacando que, de entre as áreas em que Portugal deve apostar, “o turismo é, inequivocamente, uma delas, e [o país] precisa de trabalhar as suas vertentes, sendo a formação uma delas”.
“Estamos sequiosos de profissionais na área do digital, Portugal vai acolher em breve mais 1.500 a 2.000 postos de trabalho”, acrescentou Fernanda Rollo. “Temos aqui um caminho incrível, cheio de oportunidades estimulantes”, concluiu a autarca, enaltecendo a iniciativa do IPP.
Estudantes do Politécnico manifestam queixas
Após o discurso da secretária de Estado, um grupo de cerca de 10 estudantes desceu as escadas do auditório e, através de um porta-voz, pediu a palavra. Manuel Monteiro falou em nome de um conjunto de alunos do primeiro ano, das licenciaturas de Tecnologia da Comunicação Audiovisual e de Multimédia. “Há falta de material e de instalações adequadas”, apontou o estudante, dirigindo-se aos oradores, que permaneceram sentados em palco. Manuel Monteiro mencionou que “já houve uma reunião com o vice-presidente” do IPP, mas que os problemas “ainda persistem”. O grupo conseguiu ainda trocar breves palavras com a governante e com a presidente do Politécnico, quando abandonaram o auditório.À margem da sessão, os alunos explicaram os motivos das queixas. Patrícia Ribeiro destacou que “as aulas são em Vila do Conde durante metade da semana, e nos restantes dias, são no Porto”, referindo ao JPN também que há aspetos do programa do curso de Multimédia que “precisam de ser melhorados”. Acrescentou que “há software necessário para realizar os trabalhos exigidos que não está instalado nos computadores da escola, como por exemplo o [Adobe] Premiere”, um programa de edição de vídeo.
“É difícil e tem custos fazer deslocações para duas cidades diferentes, e alguns alunos até nem sabiam, no início do ano, que iam ter aulas em dois campus afastados”, reforça Manuel Monteiro.
As aulas no Campus 2 arrancaram no início do ano letivo 2016/2017 e, enquanto todas as salas não estiverem prontas, os estudantes frequentam certas disciplinas dos cursos no Campus 1, no Porto. O estúdio de televisão existente na Escola Superior de Educação, na Asprela, é um dos equipamentos ainda utilizados pelos alunos da ESMAD. Parte das aulas dos cursos de Turismo decorrem no ISCAP, o Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, escola em que tiveram origem.
Durante o Porto de Honra preparado e servido pelos alunos da área da Hotelaria, Rosário Gambôa teve oportunidade de esclarecer ao JPN os motivos dos protestos. “Os alunos foram informados no início do ano que iriam ter aulas em dois locais. É assegurado o transporte aos alunos deslocados”, garantiu a presidente. “Os alunos estão em fase de adaptação e, num investimento desta envergadura, há coisas que levam o seu tempo”, justificou a diretora.
A ESMAD e a ESHT têm cerca de 900 alunos inscritos, distribuídos por sete licenciaturas e cinco mestrados. Existem ainda, no conjunto das duas escolas, seis pós-graduações e sete cursos de especialização. Mais de 50% dos alunos inscritos nestes cursos elegeram-nos como primeira opção durante candidatura ao ensino superior. A percentagem ultrapassa os 70% se forem tidas em conta as três primeiras opções selecionadas.
Artigo editado por Filipa Silva