Portugal regista, esta sexta-feira (24), 854 mortes devido ao novo coronavírus, mais 34 face ao dia anterior – um aumento de 4,1%.
Segundo os dados revelados no boletim epidemiológico diário da Direção-Geral da Saúde (DGS), os casos subiram em cerca de 2% nas últimas 24 horas, com mais 444 infetados. O número total de infeções é agora de 22.797.
O número de recuperados também subiu: mais 27 pessoas, desde a última atualização. O total de recuperações encontra-se agora nos 1.228.
Nas últimas 24 horas, o número de internados diminuiu: encontram-se nos hospitais 1.068 doentes por COVID-19, menos 27 do que ontem. Destes, 188 estão em unidades de cuidados intensivos (menos 16 face ao dia anterior).
O boletim epidemiológico desta sexta-feira regista ainda que 4.377 pessoas aguardam resultados de testes laboratoriais, número que aumentou desde ontem. Segundo a DGS, há 29.621 pessoas sob vigilância das autoridades de saúde.
A taxa de letalidade global é de 3,7%, sendo a taxa de letalidade das pessoas com mais de 70 anos, de 13,5%.
A região Norte mantém-se a mais afetada em todo o país, tendo o maior número de casos globais (13.707) e de mortes (491). Segue-se Lisboa e Vale do Tejo (5.277 infetados e 160 mortos), a região Centro (3.116 infetados e 183 mortos), o Algarve (320 infetados e 11 mortos) e, por fim, o Alentejo (183 infetados e 1 morto). Os Açores e a Madeira têm 109 e 85 casos, respetivamente; nos arquipélagos, apenas os Açores registam vítimas mortais (8).
Por concelho, Lisboa continua à frente, com 1.271 infetados, mas é agora seguida por Vila Nova de Gaia que regista 1.163 casos. Segue-se o Porto, com 1.103, Matosinhos com 934, Gondomar com 894, Maia com 763 e Valongo com 655.
Portugal está a realizar 31 mil testes por milhão de habitantes
António Lacerda Sales, revelou na conferência de imprensa desta sexta-feira que Portugal está a realizar “cerca de 31 mil testes por milhão de habitantes, o que nos parece significativo”.
O secretário de Estado da Saúde afirmou que, desde o dia 1 de março, já foram realizados 317 mil testes de diagnóstico ao novo coronavírus. A última terça-feira (21) foi o dia em que foram realizados mais testes – foram recolhidas 14.769 amostras.
“Diria que [Portugal] é dos países que mais está a testar. Estamos a testar mais do que a Itália, Alemanha, Áustria”, afirmou ainda António Lacerda Sales.
Questionado sobre o facto de Portugal ter ou não capacidade para testar os utentes e funcionários dos lares, o secretário de Estado garantiu que a capacidade de testagem no país “é muito reforçada” e que tem “tendência para vir a ser mais reforçada”, portanto, concluiu: “teremos capacidade para testar”.
“Conseguimos ter uma curva da doença controlada”
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que “em Portugal, conseguimos ter uma curva da doença controlada”. Contudo, alerta para que a população se mantenha cuidadosa, pois os números “ainda nem tendem para o zero”.
Graça Freitas realçou que o SNS “tem tido capacidade para dar resposta aos cidadãos que precisam”, devido ao facto de o número de casos não ter “explodido”.
“Isso conseguiu-se com milhões de pessoas que adquiriram uma nova forma de estar na vida e nós não podemos perder esse capital que conseguimos. Quando terminar o estado de emergência e retomarmos as nossas atividades e a nossa vida, temos de o fazer de forma diferente, mantendo muitas regras que aprendemos e que aplicámos nestas últimas três semanas”, sublinhou a diretora-geral.
Assim sendo, os portugueses devem continuar o distanciamento social, convivendo apenas em pequenos núcleos familiares e de amigos. Graça Freitas acrescenta também que a população tem que continuar a reforçar a “higiene pessoal e das superfícies e ter etiqueta respiratória”. “Porque se não o continuarmos a fazer, a nossa curva vai subir, porque o vírus continua a circular em Portugal, na europa e no mundo, e o sistema de saúde vai ser submetido a uma grande pressão”, concluiu.
Linha de apoio a pessoas toxicodependentes reforçada
O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, que participou esta sexta-feira na conferência de imprensa, afirmou que a Linha Vida (1414) foi reforçada com meios humanos e com um alargamento de horário, permitindo acorrer aos pedidos de pessoas com dependência.
João Goulão elogiou ainda o trabalho que tem vindo a ser feito pelas autarquias e pelas ONG, além das entidades do Estado. “Todas as ONG [organizações não-governamentais] têm conseguido ser inovadoras e aceder às necessidades. Na área dos migrantes foram necessárias para intervir na primeira linha”, disse o diretor-geral do SICAD.
A Linha Vida tem quatro profissionais a trabalhar, tendo algumas dezenas de chamadas por dia.
Mães infetadas podem dar leite materno aos bebés
A diretora-geral da Saúde explicou que, até à data, tudo indica que as mães infetadas podem continuar a dar leite materno aos bebés.
“Os benefícios do aleitamento materno serão superiores aos riscos eventuais de transmissão, que não está comprovada. O que não quer dizer que não sejam tomadas algumas medidas, nomeadamente poder ser retirado o leite e ser dado sem ser diretamente através da mama, para evitar contacto, ou se a mãe o fizer diretamente usar uma máscara”, salientou Graça Freitas.
Testes serológicos: “as notícias não são muito animadoras”
Questionada sobre a realização de testes serológicos, a dretora-geral da Saúde afirmou que a possibilidade “está a ser estudada e avaliada em todo o mundo”, mas “as notícias não são muito animadoras”.
“Vamos ter que ter muita cautela na interpretação destes testes. Não quer dizer que não os façamos. O Instituto Ricardo Jorge tem programado um estudo-piloto para ver como é o comportamento serológico nalgumas populações e há outros estudos internacionais que nos ajudam a perceber esta questão da serologia. Mas não vamos pensar que isto é resposta a todos os nossos anseios, é apenas mais uma pista da ciência para perceber o grau de imunidade da população”, concluiu.
Artigo editado por Filipa Silva