O projeto começou como um passatempo, mas rapidamente se transformou numa plataforma de promoção do Campeonato de Portugal. Na página de Romão Afonso, Pedro Silva e Pedro Sousa, há espaço para a conversa e a discussão sobre aquela que é a maior competição futebolística de Portugal, onde marcam presença 93 equipas com realidades distintas.
A ideia de Romão, que na época trabalhava na comunicação do “seu” Mortágua, surgiu quando este participava num grupo de Facebook, onde eram publicados os resultados e diversas informações sobre a competição. “Na altura não havia divulgação nenhuma, não havia mesmo nada. Hoje em dia temos as páginas, a nossa e outras que existem, o Canal 11, há outros meios, mas na altura não havia nada. À segunda-feira, vinham os resultados nos jornais e pouco mais, ninguém conhecia os jogadores, ninguém conhecia absolutamente nada”, diz Romão Afonso em entrevista ao JPN.
“Aquilo que nos chamou mais à atenção foi que há seis anos a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) apostou muito neste campeonato, se calhar notou que era um campeonato que precisava de mais protagonismo. Na altura, apostaram mais no Campeonato, deram mais destaque no Facebook e nas redes sociais, e eles diziam que este era o campeonato das oportunidades, que havia muitos jogadores com qualidade. Não sei se foi uma estratégia da FPF que eles têm todos os anos para tentar alavancar competições diferentes, mas no ano seguinte essa aposta recaiu na Primeira Liga Feminina e já se esqueceram outra vez um bocado do Campeonato de Portugal e de tudo o resto”, afirma.
Os três responsáveis pela página têm diferentes ocupações, pelo que a gestão do tempo que cada um faz é diferente: “eu consigo ter mais tempo, porque, para além de trabalhar com o Anadia, tenho um negócio meu, em que faço a minha gestão do tempo, e consigo estar ’24 horas disponível’ para a página. O Pedro Silva só tem disponibilidade ao fim do dia, porque trabalha numa fábrica, oito horas por dia. Depois temos o Pedro Sousa, que é estudante, o que facilita, porque tem mais flexibilidade de horários”. A delineação e atribuição de tarefas para cada semana é feita de modo a que nenhum dos elementos da equipa esteja dependente dos outros.
Feedback positivo e conteúdos de qualidade
A página, que “foi crescendo aos poucos”, conta com cerca de 56 mil “likes” no Facebook. Há ano e meio, o projeto chegou também ao Instagram, onde alcançou quase metade dos seguidores (cerca de 25 mil): “embora tenha quatro anos a menos, já tem um impacto muito maior que a do Facebook”, afirma Romão, acrescentando que a equipa nunca teve a ambição de chegar tão longe: “sempre quisemos promover o campeonato da forma como sabíamos e nunca ligamos muito a se tínhamos muitos ou poucos seguidores”.
Relativamente aos conteúdos da página, o feedback que recebem é positivo, destacando-se a realização do programa “Segunda Desportiva”, em direto no Facebook, onde conversam com vários intervenientes da competição, nomeadamente treinadores e jogadores. Romão Afonso revela que muitas pessoas defendem que o programa deveria ser transmitido pelo Canal 11 e que a qualidade dos conteúdos do projeto supera a dos conteúdos do canal televisivo.
A dimensão que o projeto atingiu
A evolução atingida pelo projeto ao longo de cinco anos não se reflete apenas no número de seguidores e no feedback de quem o acompanha, mas também na credibilidade que os responsáveis da página adquiriram enquanto “promotores” da competição. No início de 2020, a FPF convidou Romão Afonso, Pedro Silva e Pedro Sousa a partilharem as suas opiniões sobre a competição: “estivemos na Cidade do Futebol, foi um dia agradável a falar sobre o Campeonato de Portugal e as nossas opiniões, isto antes da pandemia”, conta ao JPN.
O trabalho que os três adeptos têm desenvolvido tornou possível a realização de diversas parcerias, sendo as principais e mais visíveis as que mantêm com a plataforma Zerozero, um site de apostas online e uma marca de equipamento desportivo. O balanço que fazem destas parcerias é positivo.
Romão acha que se o seu projeto nunca tivesse sido concretizado, o Campeonato de Portugal não teria a visibilidade que tem atualmente, e afirma que a página já deixou a sua marca no panorama da competição e que continua a fazê-lo. “Acho que temos um grande impacto”, afirma, dando o exemplo de publicações recentes sobre o Vitória de Setúbal e sobre o Sacavenense que desencadeou reações oficiais e notícias nos órgãos de comunicação desportivos nacionais.
O surgimento do Canal 11, que “tem uma maior amplitude e chega a mais gente”, e o trabalho que os clubes desenvolvem nas redes sociais, que inclui a transmissão de jogos em direto através de plataformas digitais, tem também contribuído fortemente, refere, para a notoriedade da competição que vai voltar a mudar em…
Na opinião de Romão Afonso, o campeonato “ganhou visibilidade por ele próprio”. “Nós fomos mais uns para ajudar, e acredito que cada vez mais gente olhe e goste deste campeonato”, até porque as novas gerações já não partilham a ideia de que só se pode “gostar de três clubes” e “o resto era paisagem”, remata.
Artigo editado por Filipa Silva
Este artigo foi realizado no âmbito da disciplina TEJ II – Online