De que falamos quando falamos em criatividade? Como é que a criatividade influencia a técnica e vice-versa? Onde começa uma e termina a outra? Estas são algumas questões que vão estar em debate no ciclo de conferências Creativity Talks, que arranca esta quinta-feira. O evento nasceu no seio do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

O projeto tem como objetivo “criar estudantes mais pró-ativos que desencadeiem pensamentos criativos” e perceber que técnicas é que professores e investigadores podem usar, explica o professor da FEUP, Gilberto Bernardes, em entrevista ao JPN.

As Creativity Talks são dirigidas a toda a comunidade académica, instituições de investigação, organizações públicas, empresas e à sociedade em geral. “Rapidamente percebemos que isto tinha que ser aberto à comunidade em geral, porque de facto são assuntos muito importantes, que estão na ordem do dia”, afirma a professora da Faculdade de Economia do Porto (FEP), Fátima São Simão, ao JPN.

O evento que “arranca numa situação muito particular” devido à pandemia da Covid-19 está organizado em ciclos anuais de quatro palestras. Gilberto Bernardes explica ao JPN que o objetivo é existirem quatro sessões por ano, a cada dois meses. “Poderão não ser completamente estanques, mas terá uma periodicidade a cada dois meses”, detalha o professor da FEUP. “A ideia é que seja um ciclo continuado. O próprio conceito em si está em constante reformulação. Isto podia ser eterno e nunca teria uma conclusão ou uma evidência completamente fechada”, refere Gilberto Bernardes.

A situação pandémica alterou os vários formatos das apresentações, programas ou eventos. “Eu acho que uma das consequências claras, que nós estamos a pensar que vai manter-se pós-pandemia, é este formato híbrido”, explica Gilberto Bernardes, ao JPN. Ainda assim, um dos objetivos das Creativity Talks é aumentar a interação no decorrer do evento. Inicialmente as sessões vão decorrer à distância, mas o objetivo é que no futuro passem a ser em espaços emblemáticos da cidade do Porto. “Nós claramente vamos querer mudarmos para situações presenciais em que aumentamos a interação”, destaca Gilberto Bernardes. 

Este tipo de eventos auxilia também na criação de redes e de networking. Ligações e encontros que resultam maioritariamente de forma presencial, quando se fala numa grande comunidade. “Como nós estamos a angariar um tecido nacional e internacional, acho que naturalmente isto vai crescer para um formato híbrido, em que existe presencialmente, mas eventualmente poderá ser difundido num canal online”, sustenta Gilberto Bernardes. 

A primeira sessão, que arranca esta quinta-feira, às 17h00, tem como tema “O estudo científico e computacional da criatividade”, conta com a participação de Geraint Wiggins e vai ser transmitida pelo YouTube.

Processos criativos durante a pandemia

A discussão sobre processos criativos é sempre importante, segundo Fátima São Simão. O questionamento constante faz parte dos próprios processos criativos.

A iniciativa é pioneira, ainda que a FEUP já tenha realizado algumas tentativas de projetos semelhantes. As Creativity Talks baseiam-se na “multidisciplinaridade” e na tentativa de “tentar fomentar esta ideia do design colaborativo e do design crítico”, declara Gilberto Bernardes. O projeto foi criado pela Faculdade de Engenharia e conta com a participação das faculdades de Belas Artes, Psicologia e Ciências da Educação e Letras em parceria com a UPTEC e a Reitoria da Universidade do Porto.

“Para já estamos muito entusiasmados com a quantidade de respostas e de convidados. Vamos pensar o impossível e a verdade é que o impossível tem dito que sim.”, conclui Fátima São Simão.

Artigo editado por Filipa Silva