Quatro estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto desenvolveram uma aplicação, na qual é possível consultar as propostas levadas à Assembleia da República e a respetiva votação. Ao JPN, João Lourenço, um dos criadores, considera que a PoliTrack "ajuda a ter um voto mais informado".

Tomás Xavier, João Lourenço, Tiago Cruz e Isabel Moutinho, respetivamente, são os criadores da PoliTrack.

Tomás Xavier, João Lourenço, Tiago Cruz e Isabel Moutinho são os criadores da PoliTrack. Foto: DR

João Lourenço, Tiago Cruz, Tomás Xavier e Isabel Moutinho, alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), criaram a PoliTrack, uma aplicação que permite aos utilizadores manterem-se informados sobre as propostas votadas na Assembleia da República (AR).

Em declarações ao JPN, João Lourenço explicou que o objetivo da aplicação é funcionar como uma ferramenta informativa, na qual são exibidas as propostas e os respetivos resultados de votação, com indicação dos partidos que votaram a favor, contra, ou se abstiveram. “A aplicação funciona quase como uma rede social, porque é possível criar conta, dar like às propostas e comentá-las. É possível ver o perfil de outras pessoas e se quiserem pode-se ver a que propostas deram like ou deram dislike”, afirmou o aluno.

Para além destas propriedades, vão ser futuramente adicionados os perfis dos deputados e dos partidos à app . “Outra coisa que já está na base de dados é o perfil de cada deputado, com as suas competências e o partido a que estiveram associados em cada legislatura. Temos o perfil de cada partido, mas, neste momento, é basicamente uma maneira da pessoa filtrar as propostas. Se só quiser ver as propostas do Bloco de Esquerda (BE), vou ao perfil do BE. Futuramente, cada partido vai ter estatísticas. Por exemplo, o número de deputados, a percentagem do número de propostas, quantas foram aprovadas, quantas não foram”, contou o jovem.

A “PoliTrack” foi desenvolvida no âmbito da Unidade Curricular de Engenharia de Software, e está agora em fase de teste interno. Após validação, iniciam-se os “testes fechados” para ser lançada na Play Store e futuramente na App Store, de forma gratuita. A versão beta já está disponível no site da app. “Dá para instalar o APK no site, mas temos que passar por uma fase de duas semanas de teste na Play Store, com 20 pessoas a testarem”, referiu João Lourenço, acrescentando que os resultados dos testes internos têm sido “positivos”.

O estudante esclareceu que a versão lançada no “fim de março ou início de abril vai ser ainda muito primitiva pela necessidade de melhorar alguns aspetos, como a implementação de “filtros de comentários”. 

João Lourenço considera que a “PoliTrack” é útil”. “O processo político em Portugal é um bocado obscuro. É muito difícil para uma pessoa simplesmente abrir o site [da Assembleia da República] e ver as propostas. Elas estão lá, mas é difícil acompanhar. Então, vamos buscar a informação toda e mostramos de uma forma mais transparente”,  clarificou.

O jovem vê também a aplicação como uma ferramenta de combate à “iliteracia política” em Portugal. “Perguntas a uma pessoa e ela sabe que o PCP está à esquerda e sabe que o PSD está à direita. Essa é a extensão que a maior parte das pessoas sabe sobre política. Com uma aplicação em que conseguem ver as propostas que cada partido está a apresentar na Assembleia, conseguem pintar melhor uma imagem do que o partido realmente representa. Isso ajuda a ter um voto mais informado, que é o que queremos como sociedade”, disse João Lourenço.

Editado por Inês Pinto Pereira