No âmbito do projeto "Votar Claro", os alunos de 16 e 17 anos das escolas secundárias de Gondomar foram votar, num projeto que tem como objetivo "sensibilizar os jovens a votar no seu futuro".

Urna do projeto Votar Claro

Terça-feira, os estudantes puderam simular o ato eleitoral, em cinco escolas secundárias de Gondomar. Foto: Marta Magalhães/JPN

No âmbito do projeto “Votar Claro”, na terça-feira (5), os alunos com 16 e 17 anos das escolas secundárias de Gondomar tiveram a oportunidade de simular o dia das eleições legislativas, depois de terem promovido debates entre os partidos nas escolas. O JPN foi à Escola Secundária de Gondomar perceber como foi realizado o simulacro.

O projeto começou em 2021, no Agrupamento de Escolas de Rio Tinto n.º 3, com o objetivo de promover a formação e participação políticas dos alunos. Alargou-se este ano para outras escolas do concelho como a Escola Secundária de Gondomar, como explicou David Freitas, um dos professores responsáveis: “O projeto acabou por passar pela Direção-Geral da Educação e a nossa escola foi então convidada a participar e aceitamos esse desafio”.

“O projeto Votar Claro é um projeto que sensibiliza os jovens a votar no seu futuro. É um projeto, na minha opinião, bastante enriquecedor para todos nós, principalmente os debates, que mostram-nos o que é a política e todos os géneros de partidos que existem”, comenta ao JPN Diana Castro, uma das alunas responsáveis pela mesa de votos.

Tal como acontece nas eleições, os alunos tinham que se dirigir à mesa de voto respetiva, de acordo com a primeira letra do seu nome. Ao chegar lá, indicavam o nome completo e apresentavam o cartão de estudante (numa situação real, seria o cartão de cidadão). Entretanto, o responsável pela mesa confirmava a identidade e depois de confirmada a identidade do aluno, entregava-lhe o boletim de voto, o estudante ia votar e no fim dobrava o papel em quatro e colocava-o na urna.

Jovem a votar no âmbito do projeto votar claro

Tal como nas votações legislativas, os alunos tinham votar no boletim de votos que inclui todos os partidos candidatos nas eleições de 10 de março. Foto: Marta Magalhães/JPN Foto: Marta Magalhães/JPN

A eleições para os mais jovens

Uma estudante, que não quis ser identificada, comentou que este projeto é importante: “Cada vez mais, a nossa geração distancia-se da política em si, querendo ou não” e o projeto é “uma maneira de nos aproximarmos mais deste tema”, afirmou. Relembrando que “daqui a um ano, um ano e pouco”, alguns destes jovens já vão ter “o direito legal de votar”, “é importante ter contacto com a política antes disso”, concluiu.

Quem partilha da opinião é Pedro Araújo, de 16 anos. O jovem diz que os debates foram esclarecedores, pois admite que não “acompanha muito bem as políticas”, além dos debates terem incentivado os alunos da escola a votar.

Para o professor, o que mais o surpreendeu foi a adesão dos estudantes aos debates: “Os alunos mostraram-se muito interessados em participar, em fazer questões. De todo o projeto, foi a parte que me surpreendeu mais”. Os estudantes encheram os 150 lugares do auditório nos dois dias reservados aos debates e, por isso, algumas turmas ficaram de fora.

César Silva, de 16 anos, foi um dos que teve e ficar de fora. De todo o modo, relembra que “sensibilizar os jovens para votar, é algo muito importante no nosso país”, e esta mensagem é transmitida por “muitos políticos que a já referiram nos debates na própria televisão”.

Já sobre a simulação do ato eleitoral que decorreu na terça-feira, e que era voluntário, a maioria (55%) não foi às urnas. Dos 1694 estudantes inscritos, votaram 761. “É um reflexo também da nossa sociedade, cada vez mais. A quantidade de pessoas que não vão votar é maior. É aquela coisa, não sabem de política, não têm contacto com a política, então, abstêm-se de votar”, comentava a propósito a aluna que pediu para não ser identificada

O projeto “Votar Claro” este ano teve a participação das escolas secundárias de Rio Tinto, de Valbom, de Gondomar, de São Pedro da Cova e À Beira Douro.

Somados os votos, o partido vencedor foi o Chega, com 22% dos votos, seguido do PS e da AD.

 

A importância da literacia política

Além dos debates e da simulação das eleições, o projeto “Votar Claro” também promove atividades de formação de alunos para a participação democrática, criando parcerias com entidades da sociedade civil e da sociedade política.

Na Secundária de Gondomar, foi a Academia de Política Apartidária (APA) a dar uma formação em literacia política. David Freitas explicou que a escolha recaiu sobre esta associação dado o caráter apartidário da entidade: “ou seja, mostra de certa forma o que é que é a esquerda, o que é que é a direita, o que é que é um partido mais liberal, o que é um partidos mais autoritário”, para além de a associação também ter dinamizado alguns debates “sobre questões que são divisores na nossa sociedade“.

Tanto os alunos como o professor concordam com ideia do projeto “Votar Claro” ser alargado a todas escolas do país. Rodrigo Oliveira, de 17 anos, referiu, em jeito de conclusão, que “é uma boa iniciativa” para preparar os jovens “para quando for a sério”.

Editado por Filipa Silva