Joana Vasconcelos é uma das artistas que vai estar presente nas comemorações do quinquagésimo aniversário da Revolução dos Cravos da Universidade do Porto. O JPN falou com a vice-reitora da instituição que explica que, para além de celebrar o 25 de Abril, o programa procura "fomentar a consciência histórica e cívica dos estudantes".

Programação arrancou esta quarta-feira. Foto: Chay Tessari/Unsplash

A Universidade do Porto (UP), em colaboração com a Casa Comum, vai comemorar os 50 anos do 25 de Abril com um programa especial, denominado “Estamos em festa, pá!”. Ao JPN, a vice-reitora da UP, Fátima Vieira referiu que “o 25 de Abril também se fez na Universidade do Porto“.

Para Fátima Vieira, a Revolução dos Cravos abriu a porta “à liberdade de expressão e à liberdade académica”, bem como a um “sistema de ensino democrático, abrangendo a todos o acesso ao conhecimento“. São estas conquistas que a UP vai celebrar nesta comemoração. “Teremos cinema, teatro, música, palavra escrita e debates, cobrindo temas desde a habitação e a justiça social à construção de uma escola democrática”, explicou Fátima Vieira.

A comemoração arrancou esta quarta-feira (3) com a oficina de escrita “Vem dizer o 25 de Abril, pá”, que vai realizar-se todas as quartas-feiras, durante o mês de abril, pelas 18h00. A iniciativa vai contemplar exercícios de criação textual sobre o 25 de Abril, bem como leituras de algumas obras relacionada com o tema.

Semanalmente, vão acontecer também sessões de cinema – “Cidade, Habitação e Justiça Social“. À sexta-feira, durante duas horas, vão ser exibidos documentários, reportagens e filmes na Reitoria da Universidade do Porto sobre o direito à habitação e a cidade, revisitando o 25 de Abril nas questões da justiça e da democracia.

Para o dia 13 de abril, está agendado um workshop, denominado “Cravos de Abril em Crochet”. “Queríamos muito que, quando desfilassem no 25 de Abril, os estudantes ostentassem símbolos produzidos nas nossas oficinas“, disse a vice-reitora. Estão previstas duas sessões – uma destinada a iniciados, outra a avançados -, na qual os interessados vão criar uma representação do cravo com apenas duas linhas e uma agulha.

No mesmo dia, às 21h00, vai realizar-se uma tertúlia e um concerto na Casa Comum. Durante a sessão, Carlos Magno, Jorge Fiel, Fernando Teixeira dos Santos e uma quarta pessoa, ainda por confirmar, vão partilhar os seus testemunhos sobre os acontecimentos de Abril. O encerramento do evento vai ficar a cargo do grupo de jazz de alumni da Universidade do Porto “6 às 7”, com uma performance dedicada a músicas da revolução.

Em declarações ao JPN, a vice-reitora destacou também o dia 16, para o qual estão previstas uma exposição e uma conversa, que vai contar com a participação da artista Joana Vasconcelos. Serão ainda reveladas mais informações sobre este evento, organizado em parceria com o Forum Demos.

No dia 18 de abril, pelas 18h30, vai realizar mais um debate do ciclo U.Porto Argumenta, o “Especial 50 anos do 25 de Abril”. A Casa Comum recebe a Sociedade de Debates (SdDUP) numa edição especial, que pretende relembrar a importância deste dia para a democracia. Como nas edições anteriores, espera-se a presença de um convidado especial, ainda a ser anunciado.

A agenda contempla também o workshop – “Escrever e Ilustrar Abril na Rua” – dedicado à escrita criativa e à elaboração de cartazes. Durante a tarde do dia 20 de abril, a Casa Comum vai ter oficinas de escrita, onde vão ser criados um “Manifesto de Abril” e um “Diário de Significados“, no qual os interessados vão ser desafiados a escrever sobre o significado de liberdade. Já nos workshops de expressão plástica vão ser criados cartazes para celebrar o cinquentenário do 25 de Abril. A inscrição no evento é obrigatória. A vice-reitora destacou a atividade, referindo que vai fazer com que “os participantes desfilem, no dia 25 de Abril, com cravos de croché e cartazes concebidos e produzidos na Casa Comum“.

O Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e o Instituto de Filosofia prepararam para os dias 22 e 24 de abril conversas – “…Dia Inicial, Inteiro e Limpo: 25 de Abril, 50 Anos Depois” – sobre as novas orientações e cânones do pensamento pós-ditadura.

No dia 23 de abril, vai realizar-se a palestra “Abril 30+20, Democracia e Transformação Urbana”. O livro “Cidade e Democracia, 30 anos de transformação urbana em Portugal”, de Álvaro Domingues, é o ponto de partida para a reflexão sobre o que mudou nos últimos 20 anos. O evento, que acontece na Casa Comum, pelas 18h00, vai contar com a participação do autor.

Quatro dias depois, o Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto recebe “Travessia – Maio a Nascer”, um espetáculo de música, dança e poesia do Núcleo de Etnografia e Folclore da instituição. Na base da construção do espetáculo, estiveram entrevistas a membros da associação sobre as “travessias” que caracterizaram o período da ditadura à democracia, entre as quais o salto a monte, o exílio e a emigração.

Para o dia 29, está previsto um fórum sobre as utopias do 25 de Abril, sobre o qual ainda vão ser reveladas mais informações.

As atividades de celebração dos 50 anos do 25 de Abril terminam a 30 de abril com o debate “Democracia e Liberdade: Que caminho para a igualdade de género?”. O evento, organizado pelo projeto RESET – Redesigning Equality and Scientific Excellence Together, em parceria com a APEM e a UMAR e com o apoio da Casa Comum, pretende trazer para o programa a temática dos direitos da mulher e a sua evolução nos últimos 50 anos. Para Fátima Vieira, a abordagem do tema “não podia ser mais pertinente”, uma vez que “Abril abriu também caminhos para as mulheres“. Ao JPN, disse ainda que este debate é “importante, porque nos lembrará de tudo o que nos falta ainda conquistar na academia“.

Segundo Fátima Vieira, esta celebração tem como propósito “fomentar a consciência histórica e cívica dos estudantes” e lembrar os estudantes do seu papel “na manutenção e ampliação dos direitos conquistados” no 25 de Abril. A vice-reitora espera que a adesão seja grande e revela que o programa comemorativo da instituição “tem contado com uma forte participação das Associações de Estudantes” e que só com o envolvimento dos estudantes foi possível construírem “um programa como este”.

As várias unidades orgânicas da Universidade do Porto têm também previstas atividades paralelas à programação da Casa Comum. A comunidade académica vai assinalar o quinquagésimo aniversário do 25 de Abril até setembro, com debates, palestras, oficinas, conversas, exposições, sessões de cinema, momentos musicais, peças de teatro e sessões de poesia.

Editado por Inês Pinto Pereira