Sites ou apps são algumas ferramentas usadas pelos estudantes para apoiar o estudo. Na maioria, são criadas por empresas de software com uma finalidade muito específica: ajudar os alunos a melhorarem as notas ou a desenvolverem rotinas de estudo. Mas, para lá das empresas, também existem estudantes que apostam no desenvolvimento destes instrumentos, até porque sabem melhor do que ninguém o que precisam.

Foi o caso da Hollow, uma plataforma criada em dezembro do ano passado com o objetivo de ajudar os estudantes da Faculdade de Economia do Porto (FEP) na melhoria das médias e na conclusão da licenciatura, em tempos de pandemia e de aulas online.

A ideia, que começou a ser desenhada em maio de 2020, surgiu da cabeça de um grupo de cinco estudantes brasileiros das licenciaturas de Gestão e de Economia da Faculdade de Economia do Porto (FEP) e de duas universidades de São Paulo, no Brasil.  Victor Hugo, Gabriel, Gustavo, João e Guilherme depressa se aperceberam das dificuldades de alunos e professores portugueses que viram as aulas presenciais serem substituídas.

“Vimos que os alunos não tinham tanto apoio externo fora da faculdade. Se quisessem procurar alguma coisa na Internet, no Youtube, era muito difícil de encontrar. Acabavam por encontrar muitos conteúdos que vêm do Brasil”, começa por explicar ao JPN Victor Hugo Ribeiro, um dos fundadores do projeto. “Percebemos que não era igual. Víamos a aula do Brasil e não tinha nada específico aqui para Portugal e, então, decidimos fazer essa plataforma”, completa.

São várias as disciplinas focadas pelos conteúdos da plataforma. Hollow

Na Hollow, que se assume como a primeira do género a desenvolver conteúdos específicos para os alunos da FEP, o acesso é pago mediante uma subscrição mensal de 14,99 euros. O plano dá acesso a videoaulas de sete a 10 minutos, lecionadas, segundo os fundadores da plataforma, pelos melhores alunos da licenciatura e do mestrado; exercícios com probabilidade de sair nos exames; provas corrigidas e ainda diretos para esclarecimento de dúvidas nas vésperas das frequências.

“Queremos que o conteúdo seja 100% português de Portugal desenvolvido por pessoas portuguesas e para as faculdades de Portugal”, explica. A pensar em quem ainda não é assinante, o site disponibiliza um conjunto de aulas livres nas épocas de exames. Apesar dos conteúdos serem vocacionados para estudantes da FEP, o plano de subscrição é aberto a qualquer interessado.

Estatística, Matemática, Microeconomia, Macroeconomia e Contabilidade são, por enquanto, as cadeiras disponíveis e são também as que têm “maiores taxas de reprovação não só na FEP, mas nas faculdades em geral, aqui em Portugal”, afirma o estudante de 21 anos.  A este fator junta-se a diferença entre o ensino português e o estrangeiro, aspeto que dificulta a aprendizagem dos estudantes internacionais.

Para além de querer facilitar a vida aos estudantes na hora de realizarem exames, a Hollow também tem como objetivo criar “um espaço comunitário” que ajude os alunos durante o ensino superior e na transição para o mercado de trabalho.

Em cima Victor Hugo Ribeiro, Guilherme Calassi e Gustavo Borrelli. Em baixo João Almeida e Gabriel Albuquerque. Hollow

É por isso que os atuais 230 utilizadores vão poder encontrar, no próximo semestre, vários workshops sobre o mercado de trabalho e entrevistas de emprego, assim como novos cursos.

Para já, podem contactar os fundadores através do site e pedir novos conteúdos que gostassem de ver tratados. “Recebemos uma mensagem de uma assinante dizendo que o professor dela deu matéria que ainda não tinha no site. Colocámos isso no site dois dias depois. A ideia é: ‘está precisando disso, então, vamos fazer isso’”, conta.

As novidades que estão a ser preparadas para o próximo semestre não ficam por aqui. Para além das aulas de iniciação exclusivas para alunos internacionais, junta-se uma nova tecnologia, com exercícios adaptados ao nível de cada utilizador. Expandir o leque de conteúdos para outros cursos e faculdades também está nos planos. A próxima será a licenciatura em Engenharia.

Uma mensagem que os criadores da plataforma querem vincar, é que ela não se destina a quem precisa de explicações: “Queremos tirar a ideia de que a Hollow é para quem está a ter dificuldades na faculdade. A Hollow é para todo o tipo de estudantes, independentemente do objetivo deles.”

Artigo editado por Filipa Silva