Ao segundo dia do maior evento de moda português, foi altura de mostrar o trabalho de novos criadores que estão a surgir com força no panorama nacional e internacional. Apesar de a maior parte dos designers presentes serem portugueses, o Portugal Fashion (PF) abriu as portas, este ano, a 20 designers africanos, uma parceria ao abrigo do Programa Nexus Creative Africa (CANEX) do Afreximbank.
Esta quarta-feira (13), a Alfândega do Porto abriu a “passarela” com as coleções de três designers africanas do CANEX – Anissa Meddeb, da Tunísia, com a marca Anissa Aida; Doreen Mashika, da Tanzânia e Mafi Mafi, da Etiópia – integradas na plataforma que o certame dedica aos jovens criadores, a Bloom.
Dar palco ao talento de designers africanos tem como objetivo criar pontes de investimento ao nível do design e da indústria têxtil entre as duas geografias. A troca, que se pretende recíproca, entre o continente africano e Portugal visa uma relação win-win: dar a oportunidade aos designers africanos de produzirem as suas criações em Portugal e possibilitar às empresas portuguesas a partilha do seu conhecimento, investir além-fronteiras, ganhar compradores e, posteriormente, financiamento.
Doreen Mashika, criadora da marca com o mesmo nome, considera que esta ligação entre África e Portugal tem existido desde sempre e que esta parceria se trata apenas de “um lembrete de que precisamos de continuar juntos e de trabalhar juntos a um nível diferente”. Ao JPN, a tanzaniana acredita que a cultura africana tem estado sempre presente em Portugal e que o país possui uma história que “precisa de ser continuada e retratada de uma forma bonita, como no dia de hoje”.
O benefício de estar em Portugal parece ser óbvio: os materiais e a manufatura são dos pontos mais fortes que os designers internacionais destacam. “Acho que uma grande vantagem é a manufatura, o tecido, o know-how, definitivamente é [algo] que África poderia trabalhar e os dois podem lucrar um com o outro”, afirma Doreen Mashika.
Anissa Meddeb, criadora da marca Anissa Aida, disse ao JPN estar muito entusiasmada “por fazer parte da CANEX com todos estes talentosos designers africanos” e “estar incluída no evento no mesmo calendário que os designers portugueses”.
Para a tunisina, Portugal oferece diversas vantagens no mundo da moda. O país apresenta várias oportunidades para a produção das suas criações devido ao “excelente trabalho de couro tradicional e produção de sapatos”. “Faz parte da Europa, mas é muito diferente de Paris, concentra-se num estilo mais mediterrâneo”, afirma Anissa, mostrando interesse em conhecer os profissionais das indústrias nacionais e encontrar fábricas de produção.
O alinhamento deste segundo dia de PF também contou com Vítor Dias, vencedor do concurso de Eco Design organizado pelo Famalicão Cidade Têxtil. No Bloom Upload, desfilaram as criações dos talentos emergentes – Huarte, Rita IBS e Ahcor; e houve também espaço para os coordenados de Maria Carlos Baptista e Marcelo Almiscarado, vencedores do último Bloom. O dia foi fechado com a apresentação de Ariev.
Esta quinta-feira, Inês Torcato, Unflower e outros criadores africanos vão desfilar na Alfândega. Ao final do dia, será a dupla Marques’Almeida a apresentar a coleção Primavera/Verão no Antigo Matadouro Municipal do Porto.
Artigo editado por Filipa Silva