Entre a luz e as sombras, o cenário de mistério e abandono do Antigo Matadouro Industrial do Porto, em Campanhã, ganhou vida esta quinta-feira à noite com a chegada dos modelos que vestiram a nova coleção de Marques’Almeida, marca da dupla formada por Marta Marques e Paulo Almeida.
Apresentada ao terceiro dia de Portugal Fashion, “Roots Porto” trouxe à cidade uma multiplicidade de estampados, tecidos metalizados e de cetim, penas coloridas e peças de denim reciclado.
A mostra da coleção para a estação primavera-verão 2022 assinala dez anos de criações do casal Marques’Almeida e contou também com a apresentação de peças de seis jovens artistas e designers do Porto, convidados pelos criadores.
Um desfile com todas as formas e feitios
A marca, com sede em Londres, volta a Portugal com outros olhos e com vontade de incluir novos talentos nas suas criações. A diversidade não foi só expressa nas peças da coleção, mas também nos modelos que as vestiram.
Marques’Almeida apostou num casting aberto ao público, em que qualquer pessoa se podia candidatar, independentemente da idade, género ou experiência profissional na área.
Esta seleção inovadora resultou num desfile com uma grande diversidade cultural e geracional. Ao JPN, a dupla mencionou que dá importância a um “casting realista que não segue as regras do que é tido como um modelo”. Os designers pretendem reforçar a diversidade e inclusividade na indústria da moda, algo que consideram estar em falta há muitos anos.
Imortalização das origens
Neste regresso às origens, Marta Marques e Paulo Almeida trazem vontade de dar voz aos artistas portuenses e avivar a cultura local. A escolha da zona industrial para a revelação de “Roots” – coleção que se insere no âmbito do Manifesto de Responsabilidade Ambiental Social da marca – prendeu-se com o impacto social passado e, espera-se, que futuro, daquele lugar.
Em conversa no final do desfile, Marta Marques aponta ao JPN que a escolha partiu do desejo de “imortalizar o espaço” e garantiu que a dupla de criadores vai manter um olhar atento sobre o projeto de reabilitação planeado para o local com o objetivo de beneficiar a comunidade em volta.
Os designers referiram que alguns dos artistas que colaboraram no desfile são naturais dessa zona da cidade, outra das razões para terem escolhido o local.
Artigo editado por Filipa Silva