A campanha “Somos Todos Ucrânia” enviou até este sábado 90 toneladas de donativos para a fronteira entre a Polónia e a Ucrânia. Para esta semana, está prevista a partida de mais seis camiões, a partir do Porto e de Gaia.

Autarquias do Porto, Gaia e Matosinhos lançaram campanha conjunta de apoio a refugiados ucranianos. Foto: Miguel Nogueira/Câmara Municipal do Porto

Em 14 dias, a campanha “Somos Todos Ucrânia” conseguiu completar o envio de 90 toneladas de donativos para apoiar quem foge da guerra, anunciou a autarquia do Porto no sábado (dia 19). Para os refugiados que cheguem a Portugal, estão ainda previstos vários apoios a nível de alojamento e de serviços.

Até ao último sábado (dia 19), o site da campanha tinha recebido 1.104 ofertas de alojamento e 370 ofertas para bolsas de serviço. Os 1.104 quartos oferecidos encontram-se distribuídos entre 242 casas, apartamentos ou associações no Porto; 101 em Gaia; 63 em Matosinhos e 62 noutros municípios.

Entre as 370 bolsas de serviços, o destaque vai para os cuidados médicos (90), o apoio psicológico (56) e serviços de tradução (38) e de restauração (14). As restantes 172 ofertas dizem respeito a uma variedade de áreas, como apoio jurídico, logístico e operacional.

Apesar da transversalidade das ofertas, não há planos para que o projeto seja alargado a outras câmaras municipais – várias outras autarquias do país lançaram os seus próprios projetos de apoio a refugiados ucranianos –, ficando-se pela Frente Atlântica (Porto, Gaia e Matosinhos), confirmou a Câmara Municipal do Porto (CMP) ao JPN. No total, foram já recebidas mais de 1100 chamadas através da linha telefónica criada pelas autarquias, maioritariamente para recolha de bens e oferta de alojamento, em toda a região Norte.

Até ao último sábado, tinham sido enviadas mais de 90 toneladas de donativos para a fronteira polaca, com um foco especial em produtos alimentares, vestuário, artigos de higiene, material de campanha, medicamentos e outro material médico.

Entretanto, a campanha excluiu artigos de vestuário e bens perecíveis, como bebidas alcoólicas, água, leite, congelados, fruta e legumes, das suas necessidades. Neste momento, os pedidos abrangem artigos de campanha (como cobertores, mantas e almofadas), bens alimentares não-perecíveis, produtos de higiene pessoal, medicamentos e artigos sanitários bem como outro material diverso (como pratos e copos descartáveis, utensílios de cozinha, aquecedores, lanternas, entre outros).

Durante esta semana, vão partir do Porto quatro camiões TIR (Transporte Internacional Rodoviário) a partir do quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto. De Gaia, partem outros dois, com 48 toneladas de bens, que se encontram armazenados pelas Águas de Gaia, pelos CTT e pela empresa de transportes e logística Luís Simões.

Um projeto que junta a sociedade civil por uma causa solidária

O projeto conta com a colaboração de várias empresas, a qual os municípios envolvidos descrevem como “indispensável”. O apoio passa pela operação logística, pela recolha de donativos e de fundos e ainda pela confeção de refeições.

Para além disso, a Ordem dos Psicólogos Portugueses e o Conselho Regional do Porto – Ordem dos Advogados têm ativos protocolos para apoio a refugiados ucranianos no Porto, em Gaia e em Matosinhos. Todas as ofertas de emprego dirigidas ao site da campanha são redirecionadas para o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

A CMP chama também a atenção para a necessidade de legalizar os animais de estimação vindos da Ucrânia. Para isso, encontra-se a oferecer os seus serviços veterinários de forma a facilitar o processo de legalização.

O projeto pode ser consultado no site oficial, que conta com uma linha telefónica de apoio (222 090 420) e formulários a preencher por quem quiser ajudar. Em resposta ao JPN, a Câmara do Porto assegura que tem intenções de “manter o projeto ativo enquanto ele se afigurar necessário”.

Artigo editado por Filipa Silva