Os números devem aumentar à medida que as autoridades chegam às localidades remotas nas montanhas, adianta o Ministério do Interior. Este é o terceiro sismo sentido no país este ano.

Ajudas humanitárias foram mobilizadas ao local. Foto: Zabihullah Habibi/Unsplash.

Um sismo no leste do Afeganistão foi reportado esta quarta-feira (22) à 1h30 da manhã (5h30 hora de Lisboa), na zona da fronteira com o Paquistão. O fenómeno teve uma magnitude de 5.9 na escala de Ritcher, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla inglesa). As autoridades adiantam mais de mil mortos e 1.600 feridos. A província afegã de Paktika foi particularmente afetada.

O epicentro do sismo localizou-se a 44 quilómetros de Khost, cidade no sudeste do Afeganistão. De acordo com o Centro Sismológico Euromediterrânico (CSEM), o terramoto foi sentido também no Paquistão e na Índia, mas só causou danos em áreas afegãs. Os diretores de informação e cultura das duas províncias mais afetadas, Raees Hozaifa e Shabir Ahmad Osmani, reportaram ao “The New York Times” pelo menos mil mortos e 1.500 feridos na província de Paktika, e 40 mortos e 100 feridos na província de Khost.

Mapa do local de origem do sismo. Foto: USGS

O ministro do Interior, Slahuddin Ayubi, informou que diversos helicópteros estão a ser empregues para levar equipamento médico e comida aos lugares afetados, e para transladar vítimas até aos hospitais de outras províncias.

O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla inglesa) informou que o Afeganistão pediu ajuda às diversas agências humanitárias nas tentativas de resgate. Um representante do governo dos talibãs, Bilal Karimi, comunicou no Twitter que o país “apela a todas as equipas de salvamento a que se dirijam imediatamente para a área para evitar outro desastre”.

O pedido de ajuda do Afeganistão surge num momento de grande tensão com a comunidade internacional, especialmente considerando as sanções impostas por diversos governos após a tomada do país pelos talibãs, em agosto de 2021. Ainda assim, a Organização Mundial da Saúde já forneceu ajuda às equipas médicas no local.

Durante a noite, fortes chuvas dificultaram as tentativas de resgate; a inundação das ruas impediu ambulâncias e a ajuda humanitária de avançar. Kamran Khan, médico do hospital de Shanara – uma das maiores cidades no Afeganistão -, explicou ao “The Washington Post” que “há centenas de feridos ainda nas suas aldeias sem ajuda ou abrigo, mas eles não podem sair por causa das ruas inundadas.”

Este é o terceiro sismo a atingir o país no ano de 2022. Em janeiro, o Afeganistão sofreu dois sismos de 4.9 e 5.3 na escala de Richter. Algumas áreas do Sul da Ásia são, em particular, sismicamente ativas, por causa do movimento causado pela placa tectónica indiana a empurrar a placa tectónica euroasiática. Este fenómeno afeta países como o Afeganistão e o Paquistão, atingidos em 2015 por movimentos sísmicos que deixaram centenas de vítimas mortais.

Artigo editado por Filipa Silva