Cerca de 1.250 pessoas já terão deixado a ilha de São Jorge. Declaração de alerta vai vigorar das 00h00 de sábado até às 23h59 de segunda-feira. As ligações marítimas e aéreas à ilha de São Jorge já foram reforçadas, com vista à retirada da população. Desde o dia 19 de março, têm sido detetados centenas de sismos na ilha de São Jorge.

Atividade sísmica agrava-se na ilha de São Jorge. Fonte: CIVISA Fonte: CIVISA

Devido à possibilidade de um sismo de elevada intensidade na ilha de São Jorge, o Governo Regional dos Açores decretou um estado de alerta que vai vigorar das 00h00 de sábado até 23h59 de segunda-feira. Nesse contexto, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, anunciou, já na quarta-feira (23), que todos os habitantes das fajãs do concelho de Velas, em São Jorge, vão ser retirados, passando a ser proibido o acesso aquela zona. 

Até ao momento, de acordo com o presidente do Governo Regional, 1.250 pessoas já terão deixado a ilha de São Jorge, que tem, no total, cerca de 8.300 habitantes.

As ligações aéreas e marítimas foram reforçadas de modo a retirar da ilha “todas as pessoas que entendam [fazê-lo] em virtude da crise” – conforme pode ler-se na página do governo açoriano. Entretanto, o Governo Regional vê com “bons olhos” a retirada de pessoas da ilha. José Manuel Boleiro afirma que “nenhum morador será impedido de se ausentar da ilha” como também “não vai ser incentivado” como forma de evitar “um exercício comunicativo alarmista” – conclui o chefe do Governo Regional. Oficialmente, não se sabe o número total de voos aéreos e de ligações marítimas que vão ligar São Jorge às outras ilhas. Só no dia de ontem (24), foram permitidas cinco ligações aéreas e uma ligação marítima.

De acordo com o presidente, o Governo dos Açores está empenhado nas evacuações obrigatórias, tendo em conta “as recomendações feitas pelas instituições meteorológicas”. As pessoas que se encontram nas fajãs devem retirar-se obrigatoriamente. Contudo, ainda não foi definido o perímetro das fajãs. Segundo José Manuel Boleiro, o Governo Regional espera agora ser esclarecido se todas as fajãs da ilha devem ser alvo das medidas ou somente as que foram alertadas. 

Governo disponibiliza “meios da República”

O primeiro-ministro na sua conta de Twitter, no dia 23, confessou ter conversado com o presidente do Governo Regional sobre a crise sísmica que se sente em São Jorge. António Costa mostrou a disponibilidade do continente em auxiliar caso seja necessário através “de todos os meios da República”.

Numa outra publicação, o primeiro-ministro notificou estar em constante comunicação com as autoridades da arquipélago dos Açores. Informação que foi confirmada posteriormente por José Manuel Bolieiro.

Aumento da atividade sísmica

Desde o dia 19 têm sido registadas na ilha de São Jorge pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) um aumento na atividade sísmica, no total de mais de 1.300 abalos. De acordo com o IPMA, as magnitudes dos sismos oscilam entre 1.2 e 3.6 na escala de Richter.  Por detrás desse aumento, está a “ascensão de magma num dique magmático, que provoca a fragmentação de rochas em profundidade” – explica o Instituto.

O Centro de Informação e Vigilância Sismo Vulcânica dos Açores (CIVISA)  subiu ontem (24) o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge – está agora em 4 numa escala até 5. De acordo com os dados CIVISA, foram detetadas 11 abalos “acima do normal” nas últimas horas. O Centro comunica ainda que vários desses sismos têm sido sentidos pela população.

O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores recomenda aos populares, em caso de sismo, um conjunto de medidas de autoproteção: não acender fósforos nem isqueiros, pois pode haver fugas de gás; observar se a sua casa sofreu danos graves e sair imediatamente se suspeitar que não oferece condições de segurança; em caso de dúvida da integridade dos circuitos de gás, eletricidade ou água, desligá-los imediatamente; nunca utilizar os elevadores; manter a calma e contar com a ocorrência de possíveis réplicas.