Os salários dos trabalhadores do "Açoriano Oriental", título detido pelo Global Media Group, já foram pagos. No entanto, o subsídio de Natal continua por pagar e, no jornal, dizem, ao JPN, que ainda não há certezas sobre o futuro.

O Açoriano Oriental sai para as bancas diariamente. Foto: Açoriano Oriental

O futuro do “Açoriano Oriental”, após a compra da maior parte dos títulos do Global Media Group (GMG) por um grupo de empresários do Norte, é ainda uma incógnita. O jornal mais antigo em circulação em Portugal não fez parte do lote de aquisições dos empresários, pelo que, nos Açores, ainda “estão à espera de uma resposta”. “Temos tido algumas notícias, mas é difícil fazer uma distinção. Não tenho uma resposta para já, porque ainda não sabemos de nada”, explicou o diretor, Rui Paiva, ao JPN.

Carolina Moreira, membro do conselho de redação do jornal, confirma que o “espírito é o de aguardar pelo que vai acontecer”. A jornalista diz ao JPN que as incertezas já estão presentes na redação há algum tempo: “Desde o início deste processo, que não sabemos de nada. No início de novembro, tivemos uma reunião com a administração que se demitiu e disseram que iam fazer isto e aquilo. Literalmente, 15 dias depois, recebemos a bomba que a situação [do Global Media] não estava a correr muito bem. Desde essa altura, estamos aqui sem perceber o que está a acontecer.”

No entanto, a situação dos trabalhadores do “Açoriano Oriental” não é tão crítica quanto a situação no continente. Rui Paiva frisa que a “maior diferença” entre o jornal e os outros títulos do grupo é que os salários já foram pagos no diário açoriano, que tem sede em Ponta Delgada.

“Houve um atraso nos salários de alguns dias. Os salários, que normalmente chegam no final do mês, foram pagos no início do mês seguinte. Foi um atraso de, creio eu, menos de uma semana. Ou seja, não fomos tão afetados como outros jornais do grupo. Mas claro que estas circunstâncias também têm impacto na vida das pessoas. Não da mesma forma que no resto do grupo, mas sim”, explica o diretor.

Os trabalhadores do “Açoriano” receberam o ordenado de janeiro na sexta-feira, 2 de fevereiro. “Tivemos eleições regionais no dia 4 de fevereiro. Se calhar, por algum receio da administração, estou a pressupor, de alguma limitação da nossa parte na cobertura das eleições, recebemos o salário no final da sexta-feira”, comentou, com humor, Carolina Moreira.

O facto do diário “pertencer a Açormedia”, uma empresa com “uma situação [financeira] bastante mais equilibrada”, também deve ter contribuído para que os salários não se atrasassem como no Continente, teoriza o diretor Rui Paiva. Por outro lado, o tamanho da redação também pode ter ajudado. Em Ponta Delgada, a Rádio TSF Açores e o “Açoriano Oriental” partilham a mesma redação, integrada aproximadamente por dez pessoas

Os salários estão em dia, mas continua em falta o pagamento do subsídio de Natal. Ainda assim, os trabalhadores não têm planeadas ações de luta. “Na altura da manifestação dos colegas da ‘JN’, do ‘DN’ e da TSF, houve também alguns jornalistas do ‘Açoriano Oriental’ que decidiram fazer greve. Portanto, a greve também chegou cá, mas isso não impediu que o jornal saísse para as bancas, porque, nessa altura, os nossos salários já tinham sido pagos. Se não tivéssemos tido os ordenados pagos nesse ponto, ali as coisas teriam adquirido outras proporções”, afirma o diretor. 

Apesar das dificuldades, Rui Paiva garante que o jornal continuará a fazer o seu trabalho: “Claro que a situação gera preocupação nas pessoas que aqui trabalham. Agora, uma coisa é certa, aqui nos Açores e no ‘Açoriano Oriental’, nós estamos acostumados a tratar da nossa própria vida. Continuaremos, apesar de tudo, a cuidar da nossa terra. É isso que nos move e nos faz persistir perante as dificuldades.” 

Editado por Filipa Silva