A decisão foi anunciada na quarta-feira num comunicado enviado aos trabalhadores. O CEO do Global Media Group disse "considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções", "nomeadamente o necessário entendimento entre acionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita".

Global Media Group detém títulos como o “Jornal de Notícias”, “Diário de Notícias” e “O Jogo” Foto: Filipa Silva/JPN

O presidente da Comissão Executiva do Global Media Group (GMG), José Paulo Fafe, apresentou esta quarta-feira a demissão do cargo, que assumiu em setembro do ano passado. A renúncia ao acordo acontece antes da assembleia-geral, que tinha sido solicitada pelos administradores José Pedro Soeiro e Kevin Ho e que estava marcada para 19 de fevereiro.

Num comunicado enviado aos trabalhadores, José Paulo Fafe disse que decidiu renunciar ao cargo por “considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções”, “nomeadamente o necessário entendimento entre acionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita, único caminho possível para o reposicionamento dos seus principais títulos e marcas, condição indispensável para o seu crescimento e expansão”.

O CEO do Global Media Group, que detém títulos como o “Jornal de Notícias” (JN), “Diário de Notícias” (DN) e “O Jogo”, fez questão de incluir “uma última nota” no comunicado. “O rigor e a qualidade do jornalismo não se defendem com meras frases de efeito, slogans gastos, ou escondendo factos e realidades indesmentíveis. Constrói-se com projeto, com propósito e fundamentalmente com a coragem que falta aos que, preferindo refugiar-se num passado que lhes esconde as fraquezas, se recusam, muitas vezes por inépcia e incompetência, a fazer o futuro”, pode ler-se.

Ao JPN, Rita Salcedas, delegada sindical do “JN”, refere que a notícia foi recebida com “alegria” e uma “satisfação muito grande” por parte dos trabalhadores do jornal portuense. “Já estamos há mais de dois meses nesta situação de alta instabilidade e com um clima de terror como nunca tinha sido vivido por ninguém nesta empresa”, afirmou.

Depois de ter sido conhecida a decisão de José Paulo Fafe, os trabalhadores receberam uma comunicação assinada pela Comissão Executiva do grupo a “informar que está a ser feito o possível para regularizar a situação de todos os trabalhadores e colaboradores”. Neste momento, segundo a jornalista do diário da Invicta, continuam em falta os salários de janeiro e o subsídio de Natal.

“Esperamos que isso seja regularizado em breve, porque se passar o dia 7 de fevereiro, que foi a data que nos foi apontada, e esses pagamentos não forem regularizados, devemos continuar a pensar em formas de luta”, acrescentou ao JPN.

A demissão de José Paulo Fafe junta-se à de outros cinco administradores: Filipe Nascimento, Paulo Lima de Carvalho, Victor Menezes, Diogo Agostinho e Carlos Beja. A saída do CEO do grupo acontece a 20 dias da assembleia geral, pedida por José Pedro Soeiro e Kevin Ho, cujo objetivo é, segundo o ECO, destituir o conselho de administração e discutir outros aspetos relacionados com a situação do GMG.

O agudizar da crise no Global Media Group começaram há cerca de dois meses, quando o grupo avançou que iria iniciar um processo de rescisões amigáveis com o objetivo de eliminar entre 150 a 200 postos de trabalho e entrou em situação de incumprimento salarial. A 10 de janeiro, os trabalhadores protestaram em frente à Câmara Municipal do Porto (CMP) e da Assembleia da República (AR), em Lisboa, contra os atrasos no pagamento de salários de dezembro. E, nas duas semanas que se seguiram, alguns trabalhadores decidiram suspender os contratos de trabalho.

Segundo o Observador, a Comissão de Trabalhadores da TSF lançou esta quarta-feira (31) um comunicado no qual “lamenta, uma vez mais, que um tema tão sensível como este [referindo-se ao pagamento dos salários de janeiro] não mereça resposta, tampouco um aviso aos trabalhadores que voltam a entrar num novo mês sem saberem quando vão poder cumprir com as suas responsabilidade financeiras“.