A proposta exclui a aquisição do "DN" e deixa em aberto o que fazer com a TSF. Os destinatários da proposta do grupo são Marco Galinha, Kevin Ho e José Pedro Soeiro, que detêm, em conjunto, 74,45% do Global Media Group.

Trabalhadores do Global Media estiveram em greve esta quarta-feira (10) Foto: Inês Pinto Pereira/JPN

Um grupo de investidores apresentou uma proposta de compra de alguns títulos pertencentes ao Global Media Group (GMG). A notícia foi avançada pela RTP e pelo Eco, que tiveram acesso à proposta de intenção de compra.

O grupo OfficeTotal Food Brands, que conta com a participação de vários empresários, muitos deles do Norte do país, disse estar preocupado com os mais recentes acontecimentos ligados ao Global Media Group, que consideram ser “um pilar estrutural na defesa da nossa democracia e a defesa de uma economia de mercado“.

Ao que apurou a RTP, o grupo, liderado pelo empresário Diogo Freitas, pretende adquirir quase todos os títulos pertencentes ao GMG (“JN“, “O Jogo“, “Volta ao Mundo“, “Evasões” e “Notícias Magazine“). A proposta deixa de fora o “DN” e outros títulos como o “Açoriano Oriental” ou o “DN Madeira”, já que os investidores têm interesse apenas nas marcas do norte e com ligação à região.

Em entrevista à RTP, já depois de avançada a notícia, o empresário Diogo Freitas disse que o objetivo do grupo com esta compra é “querer ser uma solução” para a situação do Global Media Group. “Nós estamos muito preocupados com os trabalhadores e com o facto de o norte perder a sua voz“, referiu, acrescentando ser importante que o “JN” e “O Jogo” possam continuar a ter uma “voz presente” no país.

Na proposta, citada pela RTP, a TSF é também considerada, mas num plano mais indefinido. Diogo Freitas diz que os investidores se mostraram disponíveis para “arranjar uma solução também para a TSF”, através, por exemplo, da compra parcial ou total da estação de rádio, argumentando que a TSF é “uma marca que está essencialmente a norte na rede de emissores”.

A compra dos títulos do GMG deverá implicar a “criação de uma nova sociedade“, bem como a criação de uma cooperativa de trabalhadores à qual será “cedida quota na nova sociedade” para que “todos os trabalhadores tenham uma voz ativa”, acrescentou o empresário ao início da tarde desta sexta-feira na televisão pública. Caso o grupo consiga proceder à compra dos já mencionados títulos, todos os trabalhadores afetos às empresas serão transferidos para o novo consórcio, garantiu Diogo Freitas.

Questionado sobre o montante de aquisição, o empresário deixou claro que, embora ainda não tenha sido realizada qualquer oferta, “o grupo tem capacidade financeira para fazer um investimento muito superior ao que a Global Media vale“. Se os acionistas estiverem disponíveis para falar, “tenho muitas dúvidas que seja por uma questão financeira que não vamos fazer o negócio”, continuou.

Em relação à dívida do GMG, Diogo Freitas refere que os empresários estão “dispostos a ouvir os milhões que estão em dívida e perceber se faz sentido que eles passem para esta nova sociedade”. A proposta foi apresentada esta manhã e ainda não teve resposta do lado da atual Comissão Executiva.

Os destinatários da proposta do grupo, com sede em Ponte de Lima, são Kevin Ho, Marco Galinha e José Pedro Soeiro, detentores em conjunto de 74,45% do GMG.

Esta proposta juntar-se-á à do antigo presidente da Comissão Executiva, Marco Galinha, que, juntamente com outros empresários portugueses, estará disponível para comprar o “JN” e “O Jogo”, segundo avança o “Jornal de Notícias” desta sexta-feira, citando “fonte oficial”. A proposta apresentada rondará os 12 milhões de euros, verba que incluirá as dívidas fiscais do grupo. Se a proposta for aceite, os empresários passariam a deter 51% da grupo.

Editado por Filipa Silva

Artigo atualizado às 16h05 de 12 de janeiro com as explicações dadas por Diogo Freitas ao programa “3 às 14h” da RTP3.