O SJ diz que existem "indícios de matéria com relevância penal" que deverão ser investigados, alegando tratar-se de um assunto "sensível" para a democracia e o pluralismo. Está agendada uma greve das redações do "Jornal de Notícias", do "Diário de Notícias", TSF e d' "O Jogo" para a próxima quarta-feira, dia em que termina o processo de rescisões.

Redação do ‘JN’ quer que Governo tome ações para garantir o pluralismo na comunicação social Foto: Filipa Silva/JPN

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) entregou esta sexta-feira de manhã uma participação à Procuradoria-Geral da República (PGR), em Lisboa, na qual pede a intervenção da instância, tendo em conta os mais recentes acontecimentos relacionados com o Global Media Group (GMG). Este pedido acontece a cinco dias de terminar o processo de rescisões que está a decorrer no grupo, do qual fazem parte o “Jornal de Notícias” (JN), a rádio TSF, o “Diário de Notícias”, “O Jogo” e o “Dinheiro Vivo”, entre outros títulos.

O SJ afirma, num comunicado publicado na manhã desta sexta-feira, que existem “indícios de matéria com relevância penal que merecem ser investigados” e defende que a ação da PGR é necessária já que se trata de “um assunto que é sensível para a democracia e a garantia de direitos e liberdades“. “Esperamos que esta ação seja suficiente para que se investigue a fundo as ‘burlas’, a ‘gestão danosa’ e os ‘procedimentos à margem da lei’ de que fala o presidente da Comissão Executiva (CE) do GMG, José Paulo Fafe”, pode ainda ler-se.

No mesmo comunicado, o Sindicato dos Jornalistas manifestou a sua solidariedade para com os trabalhadores do Global Media Group que estão “com o salário de dezembro e o subsídio de Natal em atraso”. O sindicato mostrou-se novamente disponível para ajudar os profissionais com os seus serviços jurídicos.

Na reunião em plenário da redação do “JN” desta quinta-feira, os trabalhares decidiram “instar o Governo a agir e a Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC) a responder, com urgência e celeridade, às questões formuladas pelo Governo quanto à salvaguarda do pluralismo na Comunicação Social portuguesa e à transparência do fundo acionista que detém a maioria do capital do grupo”. No comunicado enviado às redações, pode ainda ler-se que foi solicitado à ERC o acionamento de todos os mecanismos legais de que dispõe e a “suspensão de poderes desta Comissão Executiva”.

A reunião aconteceu no mesmo dia em que Domingos Andrade, ex-diretor da TSF e ex-administrador do GMG, foi ouvido na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. O jornalista avançou aos deputados que o atual presidente da Comissão Executiva do Global Media Group, José Paulo Fafe, tinha, até junho, por saldar uma dívida que terá chegado a ser de 150 mil euros ao GMG e que, no verão, andaria perto dos 20 mil, depois de um alegado acordo entre as partes. A redação do “JN” decidiu “questionar diretamente José Paulo Fafe sobre a veracidade deste incumprimento e, em caso afirmativo, sobre a sua intenção de regularizá-lo e contribuir para o desafogo financeiro do grupo”.

Ainda no mesmo plenário, decidiram denunciar o “vil ataque” da Comissão Executiva ao jornal, visível, mais recentemente, na “ordem de suspensão de todas as prestações de serviço, envolvendo apenas e só colaboradores do universo ‘JN'”, bem como questionar o presidente da CE e o administrador do grupo Paulo Lima de Carvalho sobre as suas motivações nestes ataques.

PAN pede comissão de inquérito à Global Media Group

Tal como o Livre, o PAN – Pessoas – Animais – Natureza defendeu esta quinta-feira a necessidade de se realizar uma comissão de inquérito à Global Media Group no arranque da próxima legislatura. A porta-voz do partido, Inês de Sousa Real, reuniu-se com a Comissão de Trabalhadores da TSF na Assembleia da República para ouvir as suas preocupações.

Durante o encontro, Inês de Sousa Real, que já tinha reunido em novembro com os trabalhadores do “JN”, mostrou estar solidária com os trabalhadores das redações dos órgãos que integram o GMG. O partido defendeu também que os salários dos trabalhadores do GMG devem ser assegurados.

“No ano em que se festeja os 50 anos do 25 de Abril, é com muita preocupação que assistimos a este ataque à imprensa e aos direitos laborais. O PAN está a equacionar a realização de uma comissão de inquérito à Global Media Group no arranque da próxima Legislatura e vai avaliar que diligências podem ser tomadas para garantir o pagamento dos salários dos trabalhadores que estão a ser prejudicados e para assegurar a preservação do espólio e demais património do Grupo”, afirmou.

A deputada única partido marcará presença nas audições sobre o GMG que se vão realizar na próxima semana para partilhar as preocupações dos trabalhadores com os quais reuniu. “A comunicação social é um pilar essencial da nossa democracia e o PAN vai continuar a trabalhar para trazer mais transparência à atividade da Global Media Group”, continuou.

Os trabalhadores das redações do “Jornal de Notícias”, do “Diário de Notícias”, TSF e “O Jogo” vão fazer greve na próxima quarta-feira (10) para protestar contra os salários de dezembro em atraso. Para o mesmo dia, o Sindicato dos Jornalistas convocou, simbolicamente, uma paralisação do trabalho entre as 14h00 e as 15h00 para os todos jornalistas de todas as redações que se queiram associar.

Editado por Filipa Silva