Este domingo, a Região Autónoma dos Açores foi a votos para escolher o novo governo regional. A coligação PSD/CDS/PPM, liderada por José Manuel Bolieiro, reuniu a preferência dos açorianos. O PS perdeu dois deputados e o Chega mais que duplicou a sua representação. BE, IL e PAN elegem um deputado cada.

O líder do PSD nacional, Luís Montenegro, ao lado do vencedor da noite, José Manuel Bolieiro. Foto: PSD Açores/Facebook

A coligação PSD/CDS/PPM venceu as eleições regionais antecipadas dos Açores de domingo, mas não conseguiu chegar à maioria absoluta. A coligação liderada por José Manuel Bolieiro teve 42,1% dos votos, conseguindo 26 dos 57 lugares da Assembleia Regional. A AD ficou a três lugares da maioria.

Segundo os dados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições, a coligação conseguiu mais 5.300 votos do que quando os três partidos concorreram sozinhos, em 2020. No entanto, este crescimento não teve impacto no número de mandatos, que se manteve o mesmo.

O segundo classificado da noite foi o Partido Socialista (PS), que conseguiu 23 assentos parlamentares, menos três do que a coligação vencedora. Em relação às eleições de 2020, em que os socialistas lideraram a votação, o partido de Vasco Cordeiro perdeu dois deputados.

No último lugar do pódio ficou o Chega, que conseguiu mais do que duplicar a sua representação parlamentar. O partido reuniu a preferência de 9,01% dos eleitores e conquistou cinco mandatos na segunda eleição regional em que participaram.

O Bloco de Esquerda, com 2,5% dos votos, a Iniciativa Liberal com 2,2% e o PAN com 1,7% conseguiram eleger um deputado cada.

Apesar de não ter alcançado a maioria, AD vai governar sozinha

Com os deputados do Chega, a AD asseguraria, nos Açores, uma maioria governativa e André Ventura mostrou-se disponível para o fazer caso o PSD aceitasse integrar o seu partido no governo, mas José Manuel Bolieiro recusa uma coligação. Na reação aos resultados, o líder social-democrata realçou a importância da vitória: “com o grau desta vitória eleitoral, não há margem para dúvidas que tenho o povo do meu lado, e que esta liderança da governação não pode ceder a chantagens. (…) Governarei com uma maioria relativa”, sublinhou.

Recorde-se que, durante a campanha, Bolieiro não deixou de parte uma coligação com o partido de André Ventura: “O povo é que é soberano, não sou eu”, disse.

Líder do PS Açores não revela o futuro político

Depois de perder as eleições, o secretário-geral do PS Açores assumiu que “ficou aquém dos resultados eleitorais que havia fixado como objetivo para estas eleições”. Vasco Cordeiro recusa-se, no entanto, a adiantar qual será o seu futuro político.

“Todas as decisões que houver para tomar sobre essa matéria e reflexões serão feitas no tempo e no local próprios. E este não é o tempo, nem o lugar próprio”, afirmou.

Pedro Nuno Santos, líder nacional do Partido, também reagiu ao resultado: “Quando o PS ganha, ganha todo o PS. Quando o PS perde, perde todo PS e hoje nós perdemos”, assentiu. O candidato a primeiro-ministro não deixou de reforçar que Vasco Cordeiro é “um quadro de grande prestígio e valor”

PS não perdia nos Açores há 32 anos

O PS Açores perdeu estas eleições, o que não acontecia desde 1992. Em 1996, Carlos César foi eleito presidente do Governo Regional dos Açores, sem maioria, colocando um ponto final a um longo ciclo de governação do PSD. Os sociais-democratas lideravam a região desde as primeiras eleições, em 1976. Mas entre 1996 e 2020, a vitória foi sempre socialista.

Apesar de ter ganho as eleições de 2020, o Partido Socialista acabou por não liderar o Governo Regional dos Açores, depois de uma coligação pós-eleitoral do PSD/CDS ter chegado a um acordo de incidência parlamentar com o Chega e a Iniciativa Liberal, o que garantiu os 29 mandatos necessários para atingir a maioria no Parlamento.

O acordo sofreu, contudo, vários reveses, desde o acordo. Meses depois, um dos dois deputados do Chega então eleitos deixou o partido de André Ventura. Já em 2023, o mesmo deputado retirou o apoio ao governo liderado por José Manuel Bolieiro, que, no mesmo dia, perdeu o suporte da Iniciativa Liberal. Já em novembro, o Orçamento dos Açores foi chumbado, provocando uma crise política. Não tendo o Governo em funções apresentado uma nova proposta de Orçamento, o Governo regional caiu e Presidente da República convocou eleições antecipadas para 4 de fevereiro.

Abstenção mais baixa pela segunda vez consecutiva

A abstenção no ato eleitoral de domingo fixou-se nos 49,67%, segundo dados provisórios do Ministério da Administração Interna. Este valor representa uma maior participação eleitoral em relação ao ato anterior.

Regista-se assim uma tendência da abstenção, que alcançou valor recorde em 2016, ano em que mais de metade dos açorianos (59,15%) não foram às urnas. Este valor desceu em 2020, totalizando 54,9%, mas sendo ainda assim o segundo valor mais alto de sempre desde que existem eleições.

Ainda assim, adianta ressalvar que a alta abstenção na região pode ser em parte justificada pela atualização automática dos cadernos eleitorais, ficando inscritos eleitores que já não vivem no arquipélago.

Editado por Filipa Silva