Questões salariais e a saída do anterior diretor, Domingos Andrade, estão na base do protesto que fez calar por um dia as notícias na TSF. Adesão é de 100%.

Esta quarta-feira (20) não há notícias na antena da rádio TSF. Na foto, os antigos estúdios da rádio na Rua Gonçalo Cristóvão, no Porto. Foto: Sara Margarida Lopes

Se sintonizar a TSF esta quarta-feira (20) e só ouvir música, não estranhe. Os trabalhadores da “rádio notícias” estão hoje a cumprir uma greve de 24 horas, “a primeira em 35 anos de história”, como frisa a redação numa breve notícia publicada no site da estação.

Em resultado da paralisação, que começou às 00h00, esta quarta-feira não há informação nem os habituais programas, nem na rádio, nem no site da TSF.

De acordo com o jornalista Filipe Santa-Bárbara, porta-voz da comissão de trabalhadores, “três pontos” estão na base do protesto.

Os trabalhadores queixam-se da administração do Global Media Group, que ainda não terá vertido para as folhas de pagamento os aumentos salariais com que se comprometeu: “Chegámos a um ponto em que, mesmo aquém do pretendido, os trabalhadores decidiram não rejeitar a proposta da administração e até hoje estamos à espera que seja cumprida”, referiu o jornalista em declarações registadas pela RTP.

Ainda no plano salarial, os trabalhadores denunciam que “há dois meses que os salários não entram no dia certo.”

Por fim, os profissionais da TSF “repudiam” a saída do diretor Domingos Andrade, que estava no cargo desde novembro de 2020. A saída foi anunciada a 8 de setembro em resultado da entrada em funções de uma nova administração do grupo. Rui Gomes foi anunciado como o sucessor.

“[Domingos Andrade] sempre respeitou a autonomia editorial da redação, sempre esteve na linha da frente a defendê-la e sai assim, de uma hora para a outra, sem ter sido sequer auscultado o Conselho da Redação, como manda a lei”, queixou-se ainda Filipe Santa-Bárbara.

Os trabalhadores da rádio estão esta quarta-feira concentrados junto às instalações da TSF na capital (Torres de Lisboa). No Porto, houve também uma concentração entre as 10h00 e as 12h30, junto às instalações provisórias da TSF, que são agora na rua Tenente Valadim (no mesmo edifício que alberga a TVI-CNN Portugal).

De acordo com o que o JPN pôde apurar, a adesão dos 50 a 60 trabalhadores foi de 100%. Da administração, e até à hora de fecho deste artigo, os manifestantes não receberam qualquer comunicação.

Artigo atualizado às 13h55 com informações relativas à adesão dos trabalhadores e à realização de uma concentração no Porto.