Terceira fase de expansão inclui quatro novas linhas, 38 novas estações e mais 37 quilómetros de via. Dos quatro projetos, só dois têm, para já, financiamento garantido: a extensão da linha do ISMAI até à Trofa e a ligação entre o Estádio do Dragão e Souto, em Gondomar.

António Costa esteve em Gondomar na apresentação da nova fase de expansão da rede de metro do Porto. Foto: Maria Rego/JPN

Aquela que promete ser a próxima revolução na mobilidade da Área Metropolitana do Porto foi apresentada no dia 13 deste mês. “Metro 3.0” é o nome da nova fase de extensão do metro do porto e estão nela incluídas quatro novas linhas, 38 novas estações, mais 37 quilómetros de rede, num investimento estimado em mil milhões de euros.

A cerimónia de apresentação decorreu no Auditório Municipal de Gondomar e contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, mas também do ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro. Estiveram ainda na cerimónia os presidentes das câmaras de Gondomar, Trofa, Maia, Matosinhos, Porto e Gaia.

A nova fase vai prolongar a Linha do ISMAI até Paradela, na Trofa. Vão ser ainda criadas ligações entre o Estádio do Dragão e Souto, no centro de Gondomar, e entre a Faculdade de Engenharia do Porto e o Aeroporto, via Parque da Maia. Matosinhos também aparece nesta proposta, com uma nova ligação entre o Estádio do Mar e o Hospital São João.

Só dois projetos têm financiamento garantido

Apesar de terem sido apresentados quatro projetos, apenas dois têm, para já, financiamento garantido, através do Plano de Recuperação e Resiliência, com cobertura até 85% do custo total.

Apesar disso, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, mostrou-se confiante no potencial dos quatro projetos, pela  “maturidade” que revelam. Questionado pelos jornalistas acerca das possíveis fontes de financiamento para as linhas que ainda não o têm, Tiago Braga diz não querer “estar a especular”.

A linha Estádio do Dragão-Souto é uma das linhas com financiamento garantido. Vai contar com oito estações, numa extensão de quase sete quilómetros. O presidente da Câmara Municipal de Gondomar aproveitou a sua intervenção na cerimónia para manifestar o seu agrado com o anúncio da nova linha. Marco Martins afirmou que “Gondomar não ter metro foi um erro da primeira fase.”

O segundo troço com investimento garantido é o ISMAI-Muro-Trofa. Esta linha contará com um percurso de duas estações em metro ligeiro, até Muro. O restante percurso será construído em canal de metrobus até à estação de Paradela, que fará a ligação com a estação de comboio, permitindo a intermodalidade com a ferrovia. 

 

No caso da linha Maia II ainda não está definido se será adotado o modelo de metro ligeiro ou metroBus, estando o projeto sujeito a alterações, mediante a opção escolhida. Se for em metro ligeiro, estão projetadas 16 estações ao longo de 13 quilómetros, enquanto que se a opção for o metroBus, a ligação terá mais um quilómetro de extensão e duas estações adicionais.

Linha Maia II – Roberto Frias-Parque Mais-Aeroporto. Fonte: Metro do Porto

O concelho de Matosinhos também é contemplado nesta nova fase com a elaboração do anteprojeto da linha que vai ligar a estação do Estádio do Mar ao Hospital de S.João, servindo a zona de S.Mamede Infesta.

Linha São Mamede – IPO-Estádio do Mar. Fonte: Metro do Porto

Segundo o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, a empresa tem oito operações em curso para serem realizadas ao longo dos próximos sete anos. Começando desde logo com o prolongamento da Linha Amarela (Santo Ovídio – Vila D’Este), cuja conclusão é esperada para abril de 2024, seguida da primeira fase do BRT da Boavista que deverá ficar pronto até ao final do primeiro semestre de 2024.

Tiago Braga, administrador da Metro do Porto. Foto: Maria Rego/JPN

No ano seguinte, 2025, é esperada a conclusão da Linha Rosa (São Bento-Casa da Música) durante o primeiro trimestre. Para o final do ano de 2026, é esperada a conclusão da Linha Rubi, que ligará Santo Ovídio à Casa da Música através de uma nova ponte sobre o rio Douro.

A linha da Trofa, uma promessa já feita desde 2002, deverá estar concluída em 2028. Finalmente, em 2029 é esperada a conclusão da Linha de Gondomar.

O presidente da Metro do Porto revela-se ambicioso, mas também confiante para o arranque destes projetos: “Sinto que estamos a ser minuciosos, mas podemos ser minuciosos com base naquilo que é o nosso histórico.” Tiago Braga referiu o caso da futura Ponte D.Antónia Ferreira – que fará parte da linha Rubi -, cujo concurso foi lançado em 2021, e cuja empreitada será consignada até ao final deste ano. O responsável destaca a celeridade com que este projeto tem sido conduzido, já que o período de dois anos corresponde a metade do que é habitual.

Uma aposta na neutralidade carbónica

No seu discurso, o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou a importância dos investimentos recentes no transporte público para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa. O chefe do Executivo não deixou de frisar que mudar a maneira como nos movemos não será uma tarefa fácil. “Temos muito pouco tempo para conseguir alcançar este resultado. Costumo dizer que as cidades demoraram 50 anos para se adaptarem ao automóvel. Agora temos muito menos tempo para nos desabituarmos do automóvel”, afirmou.

O líder do Governo aproveitou ainda o final da sua intervenção para agradecer a Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, pela declaração conjunta que assinaram enquanto ainda presidia a Câmara de Lisboa e que permitiu impedir uma eventual privatização de empresas de transporte público das duas áreas metropolitanas. Segundo o governante, “a gestão pública permitiu melhorar a qualidade do transporte público.”

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, salientou a importância destes investimentos para atingir a meta do Pacto da Energia e Clima, que aponta para 2045 a meta da neutralidade carbónica para Portugal. “Nos próximos 20 anos, nós queremos uma mobilidade descarbonizada, um país mais soberano que dependa menos daquilo que são os combustíveis estrangeiros, com energia mais barata e renovável”, afirmou.

Ao JPN, à margem da apresentação, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro demonstrou o seu agrado pelo município fazer parte da nova fase do metro. A autarca sublinhou que “a mobilidade é sem dúvida um dos temas mais desafiantes da gestão do concelho de Matosinhos” e elencou uma série de projetos na área da mobilidade do concelho. Entre estes, está uma nova linha de metroBus que ligará a antiga Petrogal em Leça da Palmeira ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que terá iniciado o seu concurso de conceção-construção até ao final deste ano.

Editado por Filipa Silva