Há dez edições que o festival proporciona novas formas de perspetivar o cinema na cidade do Porto e fomenta o gosto pela sétima arte. Esta edição começa esta sexta-feira (17) e tem o novo Batalha Centro de Cinema como "quartel-general". O JPN falou com Sérgio Gomes, diretor executivo do certame.

Pedro Lino, realizador do “Vai no Batalha”, filme em estreia mundial na abertura do PPD 2023, acompanhou as obras de remodelação do edifício ao longo de três anos. Foto: D.R.

Arranca esta sexta-feira (17) a décima edição do festival Porto/Post/Doc, o “festival do cinema do real do Porto” que se prolonga até ao dia 25 na Invicta. Este ano sob o mote “Onde andam os contadores de histórias?” – indagação que dá também nome a um dos programas especiais do evento -, o PPD traz à cidade mais de 130 filmes, muitos dos quais em estreia mundial ou nacional.

Pela primeira vez, o Batalha Centro de Cinema vai alojar o Porto/Post/Doc, algo “que o festival queria e que a cidade desejava muito”, refere ao JPN Sérgio Gomes, o diretor executivo do festival. Isto porque, sublinha, “o Batalha não é apenas um cinema histórico do Porto, é também considerado um cinema histórico de toda a Europa.”

Além das Salas 1 e 2, também a cafetaria do Batalha vai acolher atividades do programa, como lançamentos, happy hours e conversas. O cinema Passos Manuel, é outro dos locais centrais da programação.

Sérgio Gomes, diretor executivo e artístico do Festival Porto/Post/Doc. Foto: Carina Prata

Outra das novidades desta edição é a celebração dos 50 anos do Hip-Hop, efeméride que merece um programa especial este ano. A ideia é contar “a história deste género com filmes”, acrescenta Sérgio Gomes. A programação apresenta filmes como “Lil Peep: Everybody’s Everything” (Sáb. 18, 21h30, Passos Manuel), documentário sobre a meteórica ascensão e trágica queda do jovem Lil Peep; “Style Wars” (Qua. 22, 15h00, Batalha 1), filme “seminal sobre a arte do graffiti”); ou “Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes” (Sáb. 25, 14h30, Batalha 1), o documentário de 2017, de Catarina David e Francisco Noronha, sobre a história do hip hop portuense. 

O programa conta ainda com intervenientes do hip hop nacional que irão discutir a história deste estilo a nível nacional e internacional. Na quarta-feira 22, Capicua e Fábio Silva falam sobre rap na sessão “Palavras que Transformam” moderada por Rui Miguel Abreu, enquanto que no sábado, 25, depois da exibição do documentário “Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes”, tomam a palavra Ace (Mind da Gap), Maze (Dealema) e André Carvalho (Circus Network), num “Nó das Antas” que caberá a Ricardo Farinha moderar. 

Para dar o tom, já este sábado há uma Block Party de entrada livre no Passos Manuel, das 15h00 às 18h00, com redoma, Serial e D-One.

A principal competição do festival, a internacional, conta com dez longas-metragens em estreia nacional, que variam entre o registo documental e a ficção. Entre esses filmes encontram-se “Bye Bye Tiberias”, de Lina Soualem, “In the Rearview”, de Maciek Hamela e “Between Revolutions”, de Vlad Petri.

A Competição Cinema Falado dedica-se a obras cinematográficas onde a “língua portuguesa é o centro dos filmes”. Esta competição conta com 13 filmes produzidos em países lusófonos, dos quais se destacam quatro estreias: “Visão do Paraíso”, de Leonardo Pirondi, “Lindo”, de Margarida Gramaxo, “À Procura da Estrela”, de Carlos Martínez-Peñalver e “Samuel e a Luz”, de Vinícius Girnys.

Em Foco, nesta edição do festival, estão as obras da realizadora basca María Elorza (que conduzirá uma masterclass na Universidade Católica do Porto) e do italiano Alessandro Comodin.

Também vale a pena destacar a competição Transmission, ligada à música e aos movimentos culturais, e a competição Cinema Novo que envolve as gerações mais novas, trazendo filmes de estudantes. Associado a esta secção, com o objetivo de promover “a troca de experiências e contactos entre realizadores e artistas emergentes”, a organização criou, este ano, o LAButa, um laboratório de cinema com “atividades complementares”.

A programação inclui ainda sessões infanto-juvenis e para famílias. Além disso, a iniciativa Doc for Teens permite que os adolescentes se reúnam para discutir a qualidade cinematográfica de um conjunto de filmes.

Para o diretor artístico do Porto/Post/Doc, os principais destaques desta edição vão, contudo, para as sessões de abertura e de encerramento do festival.

Na abertura, esta sexta-feira (17), inaugura-se o certame com uma espécie de homenagem à sua nova casa através da exibição do “Vai no Batalha” (Sex. 17, 21h15, Batalha 1), um filme realizado por Pedro Lino que conta a história do Cinema Batalha, desde a sua fundação até à reabertura, em dezembro do ano passado. “Ao contar-se a história desta sala de cinema, conta-se também a história de uma cidade e de um país”, lê-se na sinopse.

A sessão de encerramento arranca às 21h15 de sábado, 25 de novembro, com a exibição de um pequeno filme de Agéns Varda no qual o amigo, cineasta italiano, Pier Paolo Pasolini, conversa sobre a sociedade, o cinema e a religião. A sessão inclui ainda a exibição de um filme resultante da colaboração do Porto/Post/Doc com a FILMar, no âmbito da qual é atribuída uma bolsa de criação, a “Working Class Heroes” – “Time Takes a Cigarrete”, de Aya Koretzky – e “Antoine et Colette”, de François Truffaut.

O renovado Batalha Centro de Cinema é a nova casa do Porto/Post/Doc. Foto: Carina Prata

Ao longo dos quase dez anos de existência do festival muita coisa mudou na cidade, nomeadamente, a reabertura de duas salas históricas de cinema: o Trindade e o Batalha. Com a reabilitação destas salas e com a extensa programação a elas associada, o festival vê dar sentido a um dos objetivos que levou à criação, em 2014, da associação que hoje organiza o PPD: a criação de “um público na cidade”, refere Sérgio Gomes ao JPN.

A organização considera também que conquistou nestes dez anos reconhecimento nacional e internacional, facto que conduziu à presença de cada vez mais realizadores, produtores e distribuidores dos filmes no próprio festival. Nos últimos anos, a organização tem apostado também “numa parte menos visível do festival que são as atividades da indústria, dedicadas a profissionais, com o objetivo de fomentar a indústria do cinema no Porto e na região Norte de Portugal e fazer com que haja pontos de ligação entre a indústria de cá e o estrangeiro, principalmente Espanha e França”, completa Sérgio Gomes, diretor executivo e artístico do PPD.

Os bilhetes estão à venda e custam cinco euros por sessão. Há também um passe geral, que dá acesso a todas as sessões e atividades do programa, por 50 euros. Para estudantes e portadores do cartão Porto. os descontos são de 50%, tanto nos ingressos pontuais como no passe geral. As sessões para famílias também são a 2,50 euros. Portadores do Tripass, desempregados e maiores de 65 anos também têm descontos especiais.

Editado por Filipa Silva

Artigo realizado no âmbito da disciplina TEJ Online – 2.º ano