Há dez edições que o festival proporciona novas formas de perspetivar o cinema na cidade do Porto e fomenta o gosto pela sétima arte. Esta edição começa esta sexta-feira (17) e tem o novo Batalha Centro de Cinema como "quartel-general". O JPN falou com Sérgio Gomes, diretor executivo do certame.
Arranca esta sexta-feira (17) a décima edição do festival Porto/Post/Doc, o “festival do cinema do real do Porto” que se prolonga até ao dia 25 na Invicta. Este ano sob o mote “Onde andam os contadores de histórias?” – indagação que dá também nome a um dos programas especiais do evento -, o PPD traz à cidade mais de 130 filmes, muitos dos quais em estreia mundial ou nacional.
Pela primeira vez, o Batalha Centro de Cinema vai alojar o Porto/Post/Doc, algo “que o festival queria e que a cidade desejava muito”, refere ao JPN Sérgio Gomes, o diretor executivo do festival. Isto porque, sublinha, “o Batalha não é apenas um cinema histórico do Porto, é também considerado um cinema histórico de toda a Europa.”
Além das Salas 1 e 2, também a cafetaria do Batalha vai acolher atividades do programa, como lançamentos, happy hours e conversas. O cinema Passos Manuel, é outro dos locais centrais da programação.
Outra das novidades desta edição é a celebração dos 50 anos do Hip-Hop, efeméride que merece um programa especial este ano. A ideia é contar “a história deste género com filmes”, acrescenta Sérgio Gomes. A programação apresenta filmes como “Lil Peep: Everybody’s Everything” (Sáb. 18, 21h30, Passos Manuel), documentário sobre a meteórica ascensão e trágica queda do jovem Lil Peep; “Style Wars” (Qua. 22, 15h00, Batalha 1), filme “seminal sobre a arte do graffiti”); ou “Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes” (Sáb. 25, 14h30, Batalha 1), o documentário de 2017, de Catarina David e Francisco Noronha, sobre a história do hip hop portuense.
O programa conta ainda com intervenientes do hip hop nacional que irão discutir a história deste estilo a nível nacional e internacional. Na quarta-feira 22, Capicua e Fábio Silva falam sobre rap na sessão “Palavras que Transformam” moderada por Rui Miguel Abreu, enquanto que no sábado, 25, depois da exibição do documentário “Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes”, tomam a palavra Ace (Mind da Gap), Maze (Dealema) e André Carvalho (Circus Network), num “Nó das Antas” que caberá a Ricardo Farinha moderar.
Para dar o tom, já este sábado há uma Block Party de entrada livre no Passos Manuel, das 15h00 às 18h00, com redoma, Serial e D-One.
A principal competição do festival, a internacional, conta com dez longas-metragens em estreia nacional, que variam entre o registo documental e a ficção. Entre esses filmes encontram-se “Bye Bye Tiberias”, de Lina Soualem, “In the Rearview”, de Maciek Hamela e “Between Revolutions”, de Vlad Petri.
A Competição Cinema Falado dedica-se a obras cinematográficas onde a “língua portuguesa é o centro dos filmes”. Esta competição conta com 13 filmes produzidos em países lusófonos, dos quais se destacam quatro estreias: “Visão do Paraíso”, de Leonardo Pirondi, “Lindo”, de Margarida Gramaxo, “À Procura da Estrela”, de Carlos Martínez-Peñalver e “Samuel e a Luz”, de Vinícius Girnys.
Em Foco, nesta edição do festival, estão as obras da realizadora basca María Elorza (que conduzirá uma masterclass na Universidade Católica do Porto) e do italiano Alessandro Comodin.
Também vale a pena destacar a competição Transmission, ligada à música e aos movimentos culturais, e a competição Cinema Novo que envolve as gerações mais novas, trazendo filmes de estudantes. Associado a esta secção, com o objetivo de promover “a troca de experiências e contactos entre realizadores e artistas emergentes”, a organização criou, este ano, o LAButa, um laboratório de cinema com “atividades complementares”.
A programação inclui ainda sessões infanto-juvenis e para famílias. Além disso, a iniciativa Doc for Teens permite que os adolescentes se reúnam para discutir a qualidade cinematográfica de um conjunto de filmes.
Para o diretor artístico do Porto/Post/Doc, os principais destaques desta edição vão, contudo, para as sessões de abertura e de encerramento do festival.
Na abertura, esta sexta-feira (17), inaugura-se o certame com uma espécie de homenagem à sua nova casa através da exibição do “Vai no Batalha” (Sex. 17, 21h15, Batalha 1), um filme realizado por Pedro Lino que conta a história do Cinema Batalha, desde a sua fundação até à reabertura, em dezembro do ano passado. “Ao contar-se a história desta sala de cinema, conta-se também a história de uma cidade e de um país”, lê-se na sinopse.
A sessão de encerramento arranca às 21h15 de sábado, 25 de novembro, com a exibição de um pequeno filme de Agéns Varda no qual o amigo, cineasta italiano, Pier Paolo Pasolini, conversa sobre a sociedade, o cinema e a religião. A sessão inclui ainda a exibição de um filme resultante da colaboração do Porto/Post/Doc com a FILMar, no âmbito da qual é atribuída uma bolsa de criação, a “Working Class Heroes” – “Time Takes a Cigarrete”, de Aya Koretzky – e “Antoine et Colette”, de François Truffaut.
Ao longo dos quase dez anos de existência do festival muita coisa mudou na cidade, nomeadamente, a reabertura de duas salas históricas de cinema: o Trindade e o Batalha. Com a reabilitação destas salas e com a extensa programação a elas associada, o festival vê dar sentido a um dos objetivos que levou à criação, em 2014, da associação que hoje organiza o PPD: a criação de “um público na cidade”, refere Sérgio Gomes ao JPN.
A organização considera também que conquistou nestes dez anos reconhecimento nacional e internacional, facto que conduziu à presença de cada vez mais realizadores, produtores e distribuidores dos filmes no próprio festival. Nos últimos anos, a organização tem apostado também “numa parte menos visível do festival que são as atividades da indústria, dedicadas a profissionais, com o objetivo de fomentar a indústria do cinema no Porto e na região Norte de Portugal e fazer com que haja pontos de ligação entre a indústria de cá e o estrangeiro, principalmente Espanha e França”, completa Sérgio Gomes, diretor executivo e artístico do PPD.
Os bilhetes estão à venda e custam cinco euros por sessão. Há também um passe geral, que dá acesso a todas as sessões e atividades do programa, por 50 euros. Para estudantes e portadores do cartão Porto. os descontos são de 50%, tanto nos ingressos pontuais como no passe geral. As sessões para famílias também são a 2,50 euros. Portadores do Tripass, desempregados e maiores de 65 anos também têm descontos especiais.
Editado por Filipa Silva
Artigo realizado no âmbito da disciplina TEJ Online – 2.º ano