Finalista da segunda edição do “The Voice Kids Portugal”, Aurora Pinto juntou-se a Catarina Vital e a Jónatas Samuel para formar a banda que já conta com um single na série Morangos com Açúcar 2023.

Catarina, Aurora e Jónatas fazem parte da banda LUA, criada em 2023.

Catarina Vital, Aurora Pinto e Jónatas Samuel fazem parte da banda LUA, criada em 2023. Foto: Eduardo Marques

A música faz parte da vida de Aurora Pinto desde tenra idade. Aos dez anos já escrevia as suas próprias canções e, a partir daí, nunca mais parou.

Oriunda da cidade de Gouveia, distrito da Guarda, a jovem artista destacou-se, com apenas 11 anos, no programa The Voice Kids Portugal, onde para além da sua atuação com a música “Old Town Road” de Lil Nas X, ainda apresentou um original seu, “Friendships”.

Na Prova Cega obteve a aprovação dos quatro mentores que ficaram boquiabertos quando perceberam a idade da jovem, na altura. No entanto, Marisa Liz – a jurada que Aurora acabaria por escolher para formar equipa – foi a última a virar a cadeira.

“Eu queria ficar com a Marisa, porque é uma artista que admiro muito, gosto muito das músicas dela, do percurso a solo que ela está a fazer e ainda gosto muito dos Amor Electro”, confidencia Aurora. Apesar disso, a cantora conta que, se fosse hoje, e “se a Marisa não tivesse virado a cadeira, escolheria o Fernando Daniel”.

O percurso no “The Voice Kids”

Em relação ao seu trajeto no programa, a adolescente refere que foi algo que a ajudou muito a evoluir “como pessoa e como artista”. “Foi o início da Aurora Pinto mais a sério”, aponta.

Passando pelas diversas fases do “The Voice Kids Portugal”, Aurora não esperava chegar à final, mas acabou por conseguir. Mal soube que não tinha vencido, a cantora revela ao JPN o que pensou: “Quando a Catarina Furtado anunciou o vencedor, senti que tinha cumprido a minha missão, que o meu papel estava feito. Adorei mesmo o concurso e fiquei muito feliz pelo Simão [Oliveira]”.

A ex-concorrente diz também que conciliar os estudos com o programa “não foi muito fácil”. “Não tive nenhum problema, diretamente, mas claro que foi muito mais difícil em comparação com os outros anos”, reitera.

Quanto aos mentores, Aurora revela que “para além de terem sido um grande apoio [durante a competição] também servem muito de inspiração”. “O Fernando Daniel ganhou o The Voice e agora é o artista que é, e admiro-o imenso”, exemplifica.

João Direitinho, membro da banda ÁTOA e compositor de algumas músicas de ex-participantes do The Voice Kids (Bárbara Bandeira, Aurora Pinto e Júlia Machado), refere que o concurso “tem um conceito que, tal como tudo na vida, tem os seus pontos positivos e negativos”. “Por ser uma competição, pode ser um bocado dura para os miúdos. Podem ficar um bocado naquele ritmo competitivo e, depois de saírem de lá, continuarem a ter essa competitividade, que é bom, naturalmente, mas muitas das vezes pode prendê-los um bocadinho”, explica.

Por outro lado, o artista enaltece os aspetos positivos do programa e os diversos talentos que lá passaram. “É uma grande porta aberta não só para quem vence, como para todos os outros, como é o caso da edição da Aurora, em que saíram de lá imensos talentos, como é o caso da própria Aurora, do Nuno [Siqueira], da Rita Rocha, da Mia Benita, imensos”.

O artista acrescenta: “Os jurados são incrivelmente bons músicos e bons artistas e isso é fantástico. Uma criança de 12, 13, 14 anos estar, de repente, a sentar-se à mesa com esta experiência toda”.

Como surgiram os LUA

Depois do seu percurso no “The Voice Kids Portugal”, Aurora teve uma proposta da Valentim de Carvalho, editora discográfica e produtora de conteúdos para televisão e cinema. Em cima da mesa, estava a formação de um projeto musical com Catarina Vital e Jónatas Samuel. “Juntámo-nos os três, fomo-nos conhecendo e fazendo canções”, conta a cantora. Além disso, a adolescente, que vive em Gouveia, confessa: “Sempre quis ter uma banda e não escolhia outras pessoas para ter comigo. Gosto muito do Jónatas e da Catarina, são pessoas com quem gosto muito de passar o meu tempo, com quem desabafo, com quem partilho as alegrias e as tristezas”, remata.

 

 
 
 
 
 
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João Direitinho, que trabalha com os LUA no management, é o produtor executivo do disco da banda e o principal compositor também. “O que aconteceu foi que nos juntámos [os ÁTOA e os LUA] em estúdio. Eles começaram a tocar os três, a falar entre eles e a banda nasceu à nossa frente”, conta. “Nós acabámos por ser os padrinhos deles”, finaliza.

Quanto ao nome da banda, LUA, João revela: “Surgiu da alcunha dealuada’ que Aurora tinha no The Voice Kids e nós [os ÁTOA] já sabíamos disso”.

LUA e ÁTOA juntos nas gravações do videoclip da música “Paraquedas”.

LUA e ÁTOA juntos nas gravações do videoclip da música “Paraquedas”. Foto: Sérgio Carmona

Apoio dos ÁTOA e de outros artistas 

Quando viu pela primeira vez Aurora Pinto nas Provas Cegas, João Direitinho diz ao JPN o que pensou de imediato: “O que é isto? Como é que esta miúda com esta idade consegue ter esta intensidade e um original dela?”.

Desde então, o artista sempre teve o desejo de trabalhar com a “miúda” que brilhou na televisão. Hoje, considera Aurora “um génio, ao nível do Mozart e do Fernando Pessoa”. “Estamos a falar de uma jovem que escreve muito e com qualidade, que tem uma interpretação única, imensa facilidade com instrumentos e com a voz, chega ao estúdio e grava em 2/3 takes”, remata.

A vocalista dos LUA refere que os ÁTOA “foram e são ainda hoje” um suporte fundamental para o início de carreira do grupo. “Eles escreveram connosco praticamente todas as canções que temos. Trabalham connosco, e nós queremos continuar a trabalhar com eles”, diz Aurora.

O sentimento é recíproco por parte de João Direitinho. “A parceria ÁTOA e LUA vai continuar e espero que para sempre”. Para além disso, o cantor confessa ao JPN: “Uma das hipóteses que colocamos em cima da mesa quando o Guilherme [Alface] saiu foi fundir as duas bandas. Só que para já é incompatível. Eles são muito novos, eu e o Mário [Monginho] estamos com outro ritmo e profissionalmente íamos chocar muito”.

Para além dos ÁTOA, também Francisco Fernandez, ator e músico, e Mafalda Creative, criadora de conteúdos digitais, foram uma ajuda importante para o início de carreira dos LUA.

Featuring com Ornatos? “Não custa sonhar”

Nós, os LUA, queremos trazer o rock de volta”, afirma Aurora, no que concerne ao principal objetivo do grupo musical. “Claro que tem sido uma luta complicada, porque o rock não é muito aceite em Portugal”, lamenta.

João Direitinho a abraçar Catarina Vital nos bastidores de um concerto dos LUA.

João Direitinho a abraçar Catarina Vital nos bastidores de um concerto dos LUA. Foto: Sebas Ferreira

João concorda e refere que “o rock português está bem desenvolvido. Não está é na ordem do dia do público português”. “Aquilo que os LUA fazem, fazem com qualidade e são bons, só acho que precisam de um momento de validação, algo que coloque toda a gente a olhar para eles e que gostem”, afirma.

O membro dos ÁTOA diz ainda que o facto do single dos LUA, “Sono”, estar presente na série Morangos com Açúcar 2023 pode ajudar a banda a alcançar mais visibilidade. Aurora Pinto é também uma das compositoras do tema que Júlia Machado vai levar no próximo domingo à Eurovisão Júnior.

“Tenho sentido que as pessoas gostam daquilo que ouvem”, afirma Aurora em relação ao feedback do público face aos primeiros concertos do grupo. “Claro que temos sempre pessoas que nos criticam e nós agradecemos, porque nos ajuda a evoluir”, diz.

Fã de Ornatos Violeta, Aurora Pinto acarinha a ideia de, no futuro, poder fazer um featuring com a banda de Manel Cruz: “Talvez um dia, não custa sonhar”.

Já João Direitinho é otimista quanto ao futuro do género musical no país: “Sinceramente, acho que o rock vai voltar, porque já há muita influência de rock a vir lá de fora, caso dos Måneskin ou da Olivia Rodrigo, que tem uma abordagem pop/rock em muito daquilo que ela faz”, conclui.

Editado por Filipa Silva

Artigo realizado no âmbito da cadeira de TEJ Online – 2.º ano