O Cinema Trindade celebra este mês o sétimo aniversário da reabertura. Com uma programação especial e “de porta aberta para a cidade”, como referiu Américo Santos, o cinema vai resgatar clássicos e exibir estreias. As comemorações começaram esta segunda-feira e terminam daqui a duas semanas.
O Cinema Trindade, que esteve fechado durante 17 anos devido a dificuldades financeiras, reabriu há sete anos pela mão de Américo Santos. Para o atual responsável pelo Trindade, não há dúvidas: a reabertura do cinema “mudou claramente o paradigma do cinema no Porto”.
Numa junção entre “a memória e o sentido de descoberta”, o Trindade é “uma equação entre o que era tradicional, nomeadamente as estreias, e aquilo que era criativo, resgatando filmes inéditos que não eram mostrados em mais lado nenhum”, afirma Américo Santos, fundador da Nitrato Filmes, em entrevista ao JPN. As estreias tradicionais mantêm-se, mas há uma fusão com uma programação mais ligada à lógica de festival de cinema. A oferta é também vocacionada para o cinema de autor, o que permitiu que se diferenciasse das restantes salas de cinema.
O atual responsável pelo Trindade faz ainda menção à “junção de gerações de cinéfilos no Porto”, onde se encontra todo o tipo de faixas etárias e preferências pessoais e joga com um publico heterogéneo. “Conseguimos resgatar o público mais velho, por outro lado, há uma geração mais nova. Conseguimos abrir um cinema apelativo com uma programação apelativa e atrair um público bastante mais jovem”, refere.
Para celebrar o sétimo aniversário da reabertura, o Trindade apresentou uma programação especial, que inclui anteestreias e clássicos, que vão estar sempre em diálogo com a restante programação.
No Cinema Trindade, criado em 1913, todos os gostos e preferências têm lugar e, entre 5 e 16 de fevereiro, não vai ser diferente. Na programação, contam-se sete sessões com a presença dos realizadores e alguns atores de cada filme. Para Américo Santos é esta relação entre os cineastas e o público “que vai ter excelentes resultados no futuro. E vai dar uma certa confiança também a quem está a fazer hoje cinema.” É, por isso, “um cinema que vai contribuir para o aparecimento de novos cineastas no Porto”, acrescenta. A grande maioria dos cineastas portugueses já passou pelo Trindade e, muitas vezes, são abertos espaços de debate com o público, que contam com a participação de convidados internacionais.
Américo Santos destaca ainda a relação do Trindade com o Batalha Centro de Cinema, reaberto em dezembro de 2022. É uma relação de entreajuda e não de concorrência. Esta colaboração entre os dois cinemas é visível também no plano das comemorações dos sete anos. O Cinema Batalha vai, a propósito, receber, a partir das 11h00 de sábado (10), uma sessão com o realizador Luiz Fernando Carvalho do filme de adaptação do livro “A Paixão Segundo G.H” de Clarice Lispector e a atriz principal Maria Fernanda Cândido. O filme vai ser exibido, no âmbito das celebrações.
Américo Santos ressalta a “formação de públicos” feita pelo Cinema Batalha, que é “boa para o Trindade e para todas as salas do Porto”. O atual responsável pelo Trindade afirma ainda que ambos se destacam “cada um à sua maneira.” O Cinema Trindade “é, apesar de tudo, um cinema para acompanhar as estreias nacionais e o Batalha tem uma programação pensada de um modo diferente, muito à base de ciclos“.
Terminadas as festividades, o Trindade retoma o funcionamento habitual da sua programação. Inclui obras de prestígio de cineastas de renome, como Wim Wenders, Aki Kaurismäki, Todd Haynes, Nanni Moretti e Víctor Erice, que nem sempre aparecem no ecrã das salas de cinema mais comerciais.
Editado por Inês Pinto Pereira