O comentador da SIC assinala a importância da vitória da AD nas eleições regionais dos Açores como fator de motivação para a campanha nacional. Para Marques Mendes, Luís Montenegro sai deste escrutínio "um elán maior".

Marques Mendes diz que resultado de domingo é uma lição para os partidos que fizeram cair o Governo dos Açores Foto: Abreu Advogados

A Aliança Democrática (AD) ganhou as eleições regionais dos Açores deste domingo (4) e ficou a três deputados da maioria absoluta. Boas notícias para o PSD, que juntou, no dia seguinte à vitória eleitoral, a sondagem da Universidade Católica para a RTP/Antena 1/Público que coloca, pela primeira vez, a AD na liderança das intenções de voto. Ainda assim, Luís Marques Mendes recomenda cautela na interpretação dos resultados: “Não se podem fazer leituras nacionais de eleições locais”, comenta, ao JPN, o antigo líder do partido.

Um facto que o comentador releva, é que Luís Montenegro sai reforçado desta eleição: “O único efeito das eleições nos Açores é a motivação, o élan. Ou seja, a partir de hoje [segunda-feira] o Luís Montenegro tem, de facto, um élan maior”, afirma.

“Os eleitores do PSD estão mais motivados e os adversários estão desiludidos”, num momento em que já arrancaram os debates televisivos e “começa mais a sério a campanha eleitoral, faz alguma diferença o PSD começar com a motivação em alta e o PS em baixa”, admite. No entanto, o comentador televisivo alerta que “tirar mais conclusões é um bocadinho de abuso e de exagero”.  

“Sondagens andam a falhar muito”

Na noite de segunda-feira (05), foi divulgada a sondagem da Universidade Católica, que atribui à AD a liderança das intenções de voto (32%). O Partido Socialista surge em segundo lugar com 28%, o que significa que há um empate técnico entre os dois partidos, já que existe uma margem de erro de 2,8%.

O barómetro nacional divulgado pela RTP é da responsabilidade da mesma empresa. O advogado deixa o alerta e recomenda que se atribua “uma importância muito relativa” às sondagens “porque, infelizmente, há muitas empresas de sondagens que falham bastante e, se falham bastante, isso não é um grande exercício de credibilidade”, concluiu.

Depois de a sondagem para as eleições regionais ter falhado nas previsões, Marques Mendes lança críticas ao Centro de Sondagens da Universidade Católica Portuguesa. “Não vejo como, durante a semana, é possível divulgar-se uma sondagem com uma tendência e quatro dias depois é radicalmente diferente. Diria que as sondagens andam a falhar muito em Portugal”, refere.

Açores: partidos da oposição têm a responsabilidade de “criar as condições para que não haja crises políticas”

A Aliança Democrática elegeu 26 deputados no domingo, ficando abaixo do número de mandatos necessários para ter uma maioria absoluta, que só seria garantida mediante um acordo com o Chega. José Manuel Bolieiro, que já tinha descartado essa possibilidade durante a campanha, anunciou que vai governar com a maioria relativa concedida pelos eleitores.

Luís Marques Mendes entende que esta decisão foi “inteligente” e que o líder do Partido Social Democrata (PSD) Açores terá agora a responsabilidade de “dialogar com os partidos na Assembleia Regional”. Em declarações ao JPN, o conselheiro de Estado disse ainda que os partidos da oposição devem também procurar “criar as condições para que não haja crises políticas”.

O antigo líder do PSD acredita estarem reunidas condições de estabilidade para os próximos quatro anos. “Só é possível ter um governo alternativo, se o Partido Socialista e Chega se juntarem, algo que é mais ou menos do domínio da ficção cientifica”.

O social democrata afirmou ainda que o resultado de domingo é uma lição para os partidos que fizeram cair o Governo dos Açores, e lança críticas: “Parece-me um mau princípio, o de alguns partidos terem querido derrubar o Governo e antecipar as eleições e agora se mostra que, de facto, o Governo que estava em funções tinha razão”.

Editado por Inês Pinto Pereira