A PSP registou mais de 2.600 ocorrências no primeiro semestre do ano passado, um aumento face a 2019, antes da pandemia. Ao JPN, Filinto Lima reclama por "mais psicólogos, mediadores de conflitos, assim como educadores sociais” nas escolas.
A Polícia de Segurança Pública registou, nos primeiros seis meses dos últimos cinco anos, mais de 10.500 casos de violência nos estabelecimentos escolares pelo país. O número de ocorrências no primeiro semestre de 2023 (2.617) superou o registado no mesmo período de 2019 (2.530). Entre os crimes destacam-se as injúrias, furtos, ofensas corporais e ameaças. Os números foram avançados esta segunda-feira pelo “Jornal de Notícias”.
Em declarações ao JPN, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, admitiu preocupação com os valores e aponta alguns fatores que podem contribuir para o atual estado de coisas. a passagem de imagens violentas em contínuo nas televisões, nomeadamente, das guerras da Ucrânia e no Médio Oriente, contribuem para o aumento de casos de violências nas escolas. Isso e a pandemia, que continua muito presente, na opinião do responsável: “Ainda é o efeito da pandemia. Ainda é, e vai ser durante muito tempo”, afirma.
Por outro lado, considera também que os alunos “estão mais exigentes e com menos paciência e, por isso, reagem muitas vezes de forma negativa à [tentativa de] resolução dos problemas”.
Sobre o nível de ensino em que estas situações são mais comuns, Filinto Lima não identifica um em particular. Fala de uma “subida transversal” que inclui até “crianças do pré-escolar”.
O professor defende que é preciso cuidar da saúde mental dos alunos e prestar atenção às escolas. Nesse sentido, há a necessidade de colocar nas escolas “mais especialistas como psicólogos, mediadores de conflitos, assim como educadores sociais”, exemplifica.
“A escola não está imune a este tipo de situações. Fazemos parte da sociedade e estamos integrados nela. É um problema que diz respeito a todos”, reforça.
Ainda de acordo com o “Jornal de Notícias”, a Polícia de Segurança Pública registou, nos primeiros seis meses do ano passado, cerca de 2.617 ocorrências nas escolas, das quais 1.881 foram de âmbito criminal.
A PSP reportou, através do programa Escola Segura, cerca 855 crimes de ofensas corporais, 571 de injúrias e ameaças e 252 de furtos nas escolas. Estes valores traduzem-se num aumento de 20% de crimes de ofensas corporais e 21 das injúrias e ameaças face a 2019, período que antecedeu a pandemia.
No primeiro semestre de 2023, as equipas do Programa Escola Segura realizaram 12.140 ações de sensibilização, que envolveram mais de 474.600 participantes. No relatório do ano letivo 2021/2022, o último que está disponível para consulta pública, já se verificava uma subida no total de ocorrências, que foram 3.525 – 37,1% foram de âmbito criminal e 15,9% não criminal.
Editado por Filipa Silva