Os suspeitos foram detidos no âmbito de um inquérito por burla qualificada e furto. A maioria das vítimas são cidadãos estrangeiros, que tinham chegado recentemente a Portugal com o intuito de estudar e trabalhar. A operação foi desencadeada pelo DIAP do Porto.

Os suspeitos atuavam, sobretudo, no Grande Porto. Foto: Marta Magalhães/JPN

A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve esta quarta-feira (21) 12 pessoas suspeitas de levarem a cabo um esquema de burla que passaria pela criação de falsos contratos de arrendamento. Os alegados burlões alugavam habitações destinadas a alojamento local e, ao mesmo tempo, colocavam essas casas em anúncios para arrendamento a preços acessíveis.

De acordo com o comissário da PSP João Soeima, a maioria das vítimas são cidadãos estrangeiros, oriundos da América Latina e África, que tinham chegado recentemente a Portugal com o intuito de estudar e trabalhar.

O modo de operação dos alegados burlões passava por visitar sites de arrendamento de imóveis destinados a alojamento local e, posteriormente, partilhar imagens e informação sobre esses imóveis em anúncios para arrendamento de habitações de média e longa duração a preços acessíveis. Faziam-se passar pelos proprietários dos imóveis, usando uma identidade falsa, e agendavam visitas com as vítimas.

Depois de assinarem um falso acordo com as pessoas, exigiam o pagamento de dois a quatro meses de renda, o que corresponderia a valores que podiam variar entre os 1.600 e os 2.400 euros. As vítimas percebiam que tinham sido burladas, quando os verdadeiros donos das habitações entravam em contacto para pedir que abandonassem o imóvel. Em declarações aos jornalistas, o comissário da PSP disse que muitas famílias ficaram “em difíceis situações de sobrevivência, tendo mesmo que recorrer ao apoio da Segurança Social”.

Além de burlarem as vítimas, os alegados burlões terão roubado alguns eletrodomésticos, nomeadamente televisões, das habitações que alugavam. Os suspeitos são todos portugueses, com idades compreendidas entre os 21 e os 53 anos. Segundo João Soeima, “trata-se de um grupo de pessoas que estão identificadas. São mais do que 13 pessoas, mas que atuam em conjugação de esforços”. Três deles partilham laços conjugais ou graus de parentesco e um outro tem cadastro criminal.

Os suspeitos atuavam, sobretudo, no Grande Porto, embora as autoridades tenham identificado casos fora dessa zona. Durante a operação, foram apreendidos mais de 20 telemóveis, documentação que estava em nome dos suspeitos e em nome de terceiros, além de documentos bancários.

A investigação, que durava há seis meses, foi desencadeada pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto. As autoridades estão a trabalhar para perceber se existem outros casos semelhantes, para além das 140 situações identificadas. “Neste momento, temos contabilizados prejuízos de aproximadamente 243 mil euros, mas todas as semanas, a partir do momento em que identificámos os verdadeiros autores que utilizavam nomes falsos, conseguimos descobrir cada vez mais crimes […] uma média de 10 a 15 crimes novos”, referiu.

Para evitar ser apanhado neste tipo de burla, o delegado da PSP disse ser importante verificar se existem “fechaduras com código”, toalhas e roupa de cama ou “se existem algumas indicações das regras de como utilizar os equipamentos“, características comuns de alojamentos de curta duração.

Nesta operação, estiveram envolvidos 98 elementos da Polícia de Segurança Pública, bem como as equipas de Intervenção Rápida do Comando Metropolitano do Porto.

Editado por Inês Pinto Pereira