O também ex-futebolista morreu na madrugada desta quinta-feira (22). Artur Jorge também foi selecionador da seleção de Portugal entre 1996 e 1997. Domingos Paciência recorda-o como "um treinador especial". Walter Casagrande Jr. destaca que era uma pessoa muito culta.
Morreu o ex-futebolista e treinador de futebol Artur Jorge Braga de Melo Teixeira, vítima de doença prolongada, segundo a informação partilhada pela família nesta quinta-feira (22). Natural da cidade do Porto, o antigo técnico morreu aos 78 anos.
Enquanto jogador, o antigo avançado fez a sua formação no FC Porto, mas atuou em 131 jogos com a camisola do Benfica. Artur Jorge também jogou pela Académica e Belenenses. Ao todo, realizou 316 jogos e marcou 215 golos.
Já como treinador, foi responsável pela consagração dos dragões como campeões europeus pela primeira vez, na época 1986/87. A equipa guiada por Artur Jorge superou o Bayern de Munique por 2-1, com golos de Rabah Madjer e Juary. Foi o primeiro técnico português a vencer a prova europeia.
Além da final de Viena, Artur Jorge conquistou também 12 títulos nacionais, em Portugal e no estrangeiro. Venceu, por exemplo, uma Liga da Arábia Saudita (2001/02), uma Liga 1 (1993/94), da França, e três Ligas Portuguesas (1985, 1986 e 1990). Esteve ao comando de equipas como FC Porto, Paris Saint-Germain, Benfica, Al-Nassr, Al-Hilal e CSKA Moscovo, além de ser selecionador de Portugal, da Suíça e dos Camarões.
Na rede social X (ex-Twitter), o FC Porto fez uma série de publicações a homenagear o antigo avançado e primeiro treinador da era de Pinto da Costa como presidente dos dragões. “Artur Jorge será sempre um de nós. Até sempre, Mister”, afirma o clube.
https://twitter.com/FCPorto/status/1760615450633761001
Num artigo publicado no site do clube, o presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa afirma ter recebido “com pena” a notícia e destaca algumas das características do treinador que contratou em 1984: “uma pessoa com um intelecto muito alto” que instalou nas Antas “um espírito de grupo e de vitória” e que em 1987 fez com que os “jogadores acreditassem que iam ganhar” ao Bayern de Munique. “Era um estudioso, um homem que vivia intensamente os jogos e que se preparava muito bem. É uma pena”, afirmou o líder dos portistas.
“Um treinador especial”
Domingos Paciência, ex-jogador do FC Porto, jogou sob o comando de Artur Jorge em 93 jogos, não somente pelos dragões, mas também pelo Tenerife, de Espanha. À conversa com o JPN, Paciência contou ter trabalhado em quatro oportunidades com Artur Jorge, o primeiro treinador que convocou o antigo avançado para a seleção de Portugal. “Uma pessoa com personalidade muito forte. Era muito competente e exigente, o que, sem dúvida, transformou-o num treinador especial. Conta-se pelos dedos os treinadores que foram campeões europeus”, sublinhou.
Também ao JPN, Walter Casagrande Jr., antigo internacional brasileiro, esteve no plantel campeão europeu em Viena. O avançado relembrou a receção de Artur Jorge na sua chegada a Portugal, além de revelar que o treinador queria-o como titular na final contra o Bayer de Munique. No entanto, a recuperação ainda em andamento de uma cirurgia no tornozelo acabou por inviabilizar a titularidade de Casagrande, que foi suplente. “Uma grande admiração pela competência dele como treinador, mas também pelo seu conhecimento cultural. Ele lia muitos livros e, inclusive, deu alguns deles para mim. Nossa relação foi muito boa. Meus sentimentos aos familiares e também ao FC Porto”, declarou.
A família de Artur Jorge informou que o féretro de Artur Jorge estará esta sexta-feira, entre as 19h00 e as 22h00, na Basílica da Estrela, em Lisboa. Já as exéquias fúnebres têm início às 14h00, com uma missa de corpo presente.
Na última quinta-feira, nos jogos da Liga Europa que envolvem equipas portuguesas, foi cumprido um minuto de silêncio. Homenagem que será feita também nos próximos jogos organizados quer pela Federação Portuguesa de Futebol, quer pela Liga, tanto na primeira como na segunda divisão.
Artigo atualizado às 09h10 de sexta-feira (23) com a informação sobre a cerimónia fúnebre.
Editado por Filipa Silva