Regime autoritário de Nicolás Maduro tem afastado os seus opositores da corrida às presidenciais, marcadas para 28 de julho.
A PUD (Plataforma Unitária Democrática), coligação que junta os principais partidos da oposição, foi, na última terça-feira (26) impedida de apresentar candidatos às presidenciais de julho na Venezuela. A coligação de oposição a Maduro queria registar Corina Yoris, substituta de María Corina Machado, como candidata às eleições, mas o partido diz ter-lhe sido negado o acesso ao sistema, num vídeo publicado nas redes sociais.
Corina Yoris y las fuerzas democráticas se dirigen al país : https://t.co/6mA7OSrz2j
— María Corina Machado (@MariaCorinaYA) March 25, 2024
María Corina Machado, principal nome da oposição venezuelana, era a favorita do povo venezuelano, tendo ganho as primárias de 22 de outubro com 92,4% dos votos. Porém, três meses depois, foi impedida, pelo Supremo Tribunal, de aceder a cargos públicos por 15 anos, o que inviabiliza a sua candidatura à presidência do país.
“A caminho de ficar fora da corrida eleitoral”, as forças da oposição são agora representadas por apenas um candidato: Manuel Rosales, o atual governador de Zulia que, em 2006, concorreu contra Hugo Chávez às presidenciais.
Na última terça-feira (26), Rosales, do partido Un Nuevo Tiempo, afirmou em comunicado que “a UNT sempre esteve firme com a Plataforma Unitária” e “acompanhou cada um dos processos políticos” da coligação nos últimos tempos. Perante este cenário e “com absoluta responsabilidade perante o país que necessita de uma mudança”, o partido sublinha que “a abstenção não é uma opção”, justificando, desta forma, a candidatura de Manuel Rosales. Ainda assim, o candidato não tem o apoio de María Corina Machado.
Até hoje já foram detidos, pelo menos, quatro opositores ao regime de Nicolás Maduro: os membros da equipa de campanha de Machado, Emil Brandt, Henry Alviárez e Dignora Hernández e a ativista de defesa dos direitos humanos Rocío San Miguel. Segundo o Ministério Público venezuelano, controlado pelo Estado, os opositores são suspeitos de planearem ataques contra instalações e promoverem conspirações organizadas contra o Governo.
WORLD ALERT
The Maduro regime unleashes brutal repression against my campaign teams. They have arrested Henry Alviarez, National Coordinator of Organization of my Campaign Command, and Dignora Hernández, Political Coordinator. Additionally, they have issued arrest warrants…
— María Corina Machado (@MariaCorinaYA) March 20, 2024
Depois da detenção de San Miguel, em fevereiro, a Missão Internacional Independente da ONU para a Venezuela acusou o país de estar perante uma “onda de repressão contra opositores” e mostrou “preocupação relativamente a vários atos de violação do direito internacional”. “Cabe ao Governo abster-se de utilizar medidas repressivas contrárias às suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e de direito penal internacional”, acrescentam.
O jornalista Manuel Isidro Molina, do Partido Comunista da Venezuela, também foi excluído da corrida eleitoral.
Na segunda-feira (25), terminou o prazo para a inscrição de candidaturas à presidência da Venezuela. Segundo o presidente do CNE Venezuelano, Elvis Amoroso, foram apresentados 13 candidatos, registados por 37 organizações.
O atual presidente, Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela, também oficializou, na segunda-feira, a sua recandidatura e “acusou a oposição de ter como objetivo “entregar o país ao império norte-americano”. “Eles são arrastados pelo imperialismo, são o anti-projeto, têm ambições pessoais, são a desesperança”, afirmou Maduro.
#EnVivo | Inscripción de la Candidatura ante el CNE para las elecciones presidenciales del #28Jul de 2024. https://t.co/thoJPBMqNa
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) March 25, 2024
Nicolás Maduro, no poder desde 2013, está a concorrer ao seu terceiro mandato de seis anos.
A comunidade internacional, nomeadamente os governos dos países vizinhos da América Latina, Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai, expressaram uma “grave preocupação” com o processo eleitoral venezuelano considerado-o “pouco íntegro e transparente”. Num comunicado conjunto, citado por vários órgaos de comunicação, os sete países condenaram os “persistentes impedimentos” na inscrição dos candidatos às presidenciais de 28 de julho.
Editado por Filipa Silva