Regime autoritário de Nicolás Maduro tem afastado os seus opositores da corrida às presidenciais, marcadas para 28 de julho.

María Corina Machado. Foto: Carlos Díaz/Wikimedia Commons

A PUD (Plataforma Unitária Democrática), coligação que junta os principais partidos da oposição, foi, na última terça-feira (26) impedida de apresentar candidatos às presidenciais de julho na Venezuela. A coligação de oposição a Maduro queria registar Corina Yoris, substituta de María Corina Machado, como candidata às eleições, mas o partido diz ter-lhe sido negado o acesso ao sistema, num vídeo publicado nas redes sociais.

María Corina Machado, principal nome da oposição venezuelana, era a favorita do povo venezuelano, tendo ganho as primárias de 22 de outubro com 92,4% dos votos. Porém, três meses depois, foi impedida, pelo Supremo Tribunal, de aceder a cargos públicos por 15 anos, o que inviabiliza a sua candidatura à presidência do país.

“A caminho de ficar fora da corrida eleitoral”, as forças da oposição são agora representadas por apenas um candidato: Manuel Rosales, o atual governador de Zulia que, em 2006, concorreu contra Hugo Chávez às presidenciais.

Na última terça-feira (26), Rosales, do partido Un Nuevo Tiempo, afirmou em comunicado que “a UNT sempre esteve firme com a Plataforma Unitária” e “acompanhou cada um dos processos políticos” da coligação nos últimos tempos. Perante este cenário e “com absoluta responsabilidade perante o país que necessita de uma mudança”, o partido sublinha que “a abstenção não é uma opção”, justificando, desta forma, a candidatura de Manuel Rosales. Ainda assim, o candidato não tem o apoio de María Corina Machado.

Até hoje já foram detidos, pelo menos, quatro opositores ao regime de Nicolás Maduro: os membros da equipa de campanha de Machado, Emil Brandt, Henry Alviárez e Dignora Hernández e a ativista de defesa dos direitos humanos Rocío San Miguel. Segundo o Ministério Público venezuelano, controlado pelo Estado, os opositores são suspeitos de planearem ataques contra instalações e promoverem conspirações organizadas contra o Governo.

Depois da detenção de San Miguel, em fevereiro, a Missão Internacional Independente da ONU para a Venezuela acusou o país de estar perante uma “onda de repressão contra opositores” e mostrou “preocupação relativamente a vários atos de violação do direito internacional”. “Cabe ao Governo abster-se de utilizar medidas repressivas contrárias às suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e de direito penal internacional”, acrescentam. 

O jornalista Manuel Isidro Molina, do Partido Comunista da Venezuela, também foi excluído da corrida eleitoral.

Na segunda-feira (25), terminou o prazo para a inscrição de candidaturas à presidência da Venezuela. Segundo o presidente do CNE Venezuelano, Elvis Amoroso, foram apresentados 13 candidatos, registados por 37 organizações.

O atual presidente, Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela, também oficializou, na segunda-feira, a sua recandidatura e “acusou a oposição de ter como objetivo “entregar o país ao império norte-americano”. “Eles são arrastados pelo imperialismo, são o anti-projeto, têm ambições pessoais, são a desesperança”, afirmou Maduro.

Nicolás Maduro, no poder desde 2013, está a concorrer ao seu terceiro mandato de seis anos.

A comunidade internacional, nomeadamente os governos dos países vizinhos da América Latina, Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai, expressaram uma “grave preocupação” com o processo eleitoral venezuelano considerado-o “pouco íntegro e transparente”. Num comunicado conjunto,  citado por vários órgaos de comunicação, os sete países condenaram os “persistentes impedimentos” na inscrição dos candidatos às presidenciais de 28 de julho.

Editado por Filipa Silva