Depois da arquitectura, dos efeitos especiais ou da robótica, este ano é a vez das artes plásticas se tornarem as principais “estrelas” na 31.ª edição do Fantasporto. Para além da presença, no Rivoli, de artistas e obras e da realização de workshops, o Fantasporto vai, pela primeira vez, produzir filmes.

As películas estão a ser realizadas em parceria com a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (UP) e com a Universidade Católica “a custo zero” e representarão registos em filme de dezoito artistas plásticos portugueses, entre eles Júlio Resende, Armando Alves, Agostinho Santos e Fernando Pinto Coelho. Os filmes estão a ser ultimados e serão apresentados no certame. Mário Dorminsky, director do Fantasporto, defende esta produção como “algo que fica para o futuro” e que contribui para que o festival “se realize”, no fundo, “o ano inteiro”.

Fantasporto 2011

O Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto realiza-se no Teatro Municipal Rivoli entre 21 de Fevereiro e 6 de Março. A programação ainda não está completamente fechada, pelo que ainda se poderão esperar algumas novidades. O pré-Fantas arranja a 21 e termina a 24, sendo que o festival propriamente dito terá lugar a partir de 25 de Fevereiro. O já habitual Baile dos Vampiros decorre a 5 de Março e sofrerá, diz a organização, “um grande upgrade“.

Num ano inspirado pela crise, que trouxe “o fantástico ao de cima” e permitiu uma “grande colheita” de películas (cerca de 300 serão apresentadas ao longo do certame), a pré-abertura fica a cargo de “127 Horas”, de Danny Boyle, em antestreia nacional. Já no que diz respeito à estreia oficial propriamente dita, esta será feita com “The Resident”, de Hillary Swank, ainda se desconhecendo se em antestreia a nível europeu ou mundial. Já para o encerramento foi escolhido “Season of the Witch”, com Nicolas Cage.

Uma das grandes apostas da organização recai, também, na exibição do primeiro filme interactivo a nível mundial, que será, segundo Dorminsky, “exibido duas vezes”. “Será um momento interessante e um autêntico evento dentro do festival”, explica.

Em destaque nesta 31.ª edição do Fantas estará George Méliès, por altura da celebração do seu 150.º aniversário. O realizador, mais conhecido por obras como “20 Mil Léguas Submarinas” ou “Viagem à Lua”, também ajudou a cimentar as fundações do cinema fantástico. Já o principal homenageado deste ano é Jean Renoir, sendo possível ver durante o festival clássicos do autor, como “La Bête Humaine” e “Boudu Sauvé des Eaux”. No que diz respeito a homenagens em português, o produtor Paulo Trancoso será a figura de destaque, com as exibições de filmes como “Duas Mulheres”, “A Selva”, “A Casa dos Espíritos” ou o mais recente “Pare, Escute e Olhe”.

Dois novos prémios para produções “made in Portugal”

O festival mantém a estrutura competitiva habitual, com as secções de Cinema Fantástico, Oriente Express e a Semana dos Realizadores. No entanto, este ano foram criados dois prémios exclusivamente portugueses, para premiar o que de melhor se faz por cá: o Grande Prémio do Cinema Português (para filmes portugueses presentes no certame e realizados em 2010) e Jovem Realizador (que premiará o melhor filme de um realizador português com menos de 30 anos).

Tal se deve, explica Mário Dorminsky, devido à grande qualidade do cinema português, especialmente por valores ainda não conhecidos do grande público. “Há muito bom filme português feito por gente jovem, filmes criativos de baixo orçamento”, entende.

E já que se fala em orçamento, o “budget” do festival para esta edição representa cerca de “um terço” do utilizado para tornar possível a edição de 2010. Mesmo assim, o “Fantas vai ser igual a si próprio”, garante Dorminsky, explicando que, apesar do baixo orçamento, “há mais filmes este ano, o festival está melhor do que nos outros anos e vai haver mais animação nas ruas”. Tal só foi possível devido à realização de parcerias, que surgem como alternativa a patrocínios mais concretos.

Ao todo, o festival recebeu do Estado (já contando, na verba, com apoio da União Europeia, do governo e da Câmara Municipal do Porto) 164 mil euros. A programação ainda não está totalmente concluída, aliás, devido à possibilidade de usufruto de mais verbas, desta feita vindas do Turismo de Portugal, que poderão ajudar a trazer ao Porto “mais convidados estrangeiros”.