Com uma alimentação rica em sal e gorduras, com produtos como o queijo e presunto, os portugueses revelam-se consumidores natos de alimentos gordos. Nuno Borges, professor da Faculdade de Nutrição da UP (FCNAUP), revela que os portugueses consomem mais do dobro do limite máximo de sal por dia. “Segundo a Organização Mundial de Saúde, o limite máximo de gramas de sal por dia é de 5 gramas e, normalmente, os portugueses consomem cerca de 10 gramas”, explica Nuno Borges.

No dia em que se relembra aos portugueses este problema que, segundo o professor da FCNAUP, “é uma doença quase invisível e muito rápida. Não dói e não magoa”. Muitos dos doentes desconhecem que que o seu nível de pressão sanguínea é elevado. Um estudo de 2003 da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) afirma que 64% dos hipertensos não sabem, realmente, que o são.

O desleixo e, muitas vezes, a ignorância da população levam-na a sofrer de um problema que desconhecem. Paula Alcântara, da SPH, explica que, com o aumento da obesidade, estima-se que o número de portugueses que em 2003 sofria de hipertensão (43%) tenha aumentado neste espaço de tempo, localizando-se entre os 40% e os 50%.

A associação ressalva a importância da lei sobre o limite de sal no pão, que prevê que “o teor máximo permitido para o conteúdo de sal no pão, após confeccionado, é de 1,4 gramas por 100 gramas de pão”, como se pode ler na legislação contida no site da ASAE. Graça Calisto, secretária-geral da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP) desvaloriza a lei sobre o limite de sal no pão, dizendo que o pão não possui muito sal, “o pão não engorda e não faz mal, o que faz mal são as suas companhias.” “Seria mais indicado falarmos das batatas fritas, dos açúcares e deixemos o pão em paz porque é um alimento essencial, é bom, faz bem e é seguro”, explica Graça Calisto.

No Dia Mundial da Hipertensão, a associação apela ao rastreio da doença, de forma a evitar situações mais graves. Nuno Borges, da FCNAUP, deixa três apelos aos portugueses. “O primeiro é que saibam qual é a sua pressão arterial, fazendo, então, rastreios regulares é, também, muito importante que tenham um peso saudável e que vão reduzindo progressivamente o teor de sal na comida”, afirma o professor da Faculdade de Nutrição.

Por mais medidas que o Estado tome, como a legislação do sal no pão e a etiquetagem das embalagens, Paula Alcântara ressalva a importância de educar as crianças para, num futuro próximo, reduzir o número de mortes por Acidente Vascular Cerebral.