A acne é uma doença da pele quase universal que pode aparecer em qualquer fase da vida, embora seja mais característica da adolescência. Com efeito, oito em cada dez adolescentes têm acne.

“A acne é uma doença crónica muito comum. Todos nós tivemos uma borbulhinha ou outra, na nossa adolescência”, diz Manuela Selores, dermatologista e professora do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto.

Mas não se pense que esta é uma doença exclusiva dos mais novos. Segundo a especialista, a acne pode prolongar-se em 1% dos homens e em 5% das mulheres até aos 35 anos, sensivelmente.

Prevenção?

Haverá alguma forma de prevenção? Há vários mitos relacionados com a alimentação. Embora haja estudos que mostram uma relação provável da acne com o consumo do leite de vaca e de alimentos com índice glicémico muito alto, principalmente de fast food, ainda não há certezas. Ou seja, não é verdade que o chocolate seja sinónimo de acne. Outros mitos ligam a acne à falta de higiene e à masturbação, o que não corresponde à verdade. É igualmente falso que espremer os pontos negros seja uma solução e que a doença seja contagiosa.

Porque é que isto acontece? Na adolescência, as hormonas sexuais (nomeadamente os androgénios) disparam e estimulam as glândulas sebáceas, fazendo com que produzam mais sebo. As lesões cutâneas estão localizadas sobretudo na face e no tronco (mais no dorso, isto é, nas costas), as chamadas “zonas seborreicas”, onde há maior densidade de folículos pilossebáceos.

A gravidade, essa, é muito variável. “A acne é caracterizada por um polimorfismo lesional, isto é, as lesões podem apresentar várias formas”, explica a especialista. Quando o sebo começa a acumular-se no folículo pilossebáceo, formam-se os comedões fechados (pontos brancos) ou abertos (pontos negros). Se houver colonização de microorganismos nesses locais, surgem pápulas (borbulhas vermelhas) ou pústulas (borbulhas com pus), as lesões inflamatórias mais comuns.

Nas formas mais graves, que atingem mais o sexo masculino, a acne pode manifestar-se como nódulos (inchaços), quistos e cicatrizes, que podem tornar-se permanentes.

Doença pode deixar cicatrizes físicas e psicológicas

Apesar disso, apenas um em 12 doentes procura cuidados médicos. “A acne não é sentida da mesma maneira por todos os adolescentes. Há adolescentes que têm acne grave e estão perfeitamente bem. Só vão à consulta arrastados pelo pai ou pela mãe. O sofrimento é muito diferente de pessoa para pessoa”, garante.

Embora esta seja uma doença que regride espontaneamente, que “passa com a idade”, a verdade é que, se não for tratada a tempo, pode deixar muitas cicatrizes físicas e psicológicas, desde logo a nível da auto-estima.

“Alguns autores referem que a acne tem um impacto maior na qualidade de vida do que muitas outras doenças. A acne pode ser muito desfigurante e, nesta fase da vida, a imagem é muito importante”, lembra.