Para os têm por hábito elogiar os atributos refrescantes de uma boa cerveja, há boas notícias: agora, até podem começar a consumi-la – sempre moderadamente – depois do exercício físico, sem sentimento de culpa. É que segundo um estudo da Universidade de Granada (UGR), em Espanha, o consumo de cerveja após o exercício físico ajuda tanto na recuperação e rehidratação do praticante como a água.

“Verificámos que o consumo moderado de cerveja – ou seja, entre duas a três ‘imperiais’ [ou finos, como são conhecidas no Norte] por dia para os homens e uma a duas para as mulheres -, após a prática de desporto, e em condições de elevada temperatura ambiental e abundante transpiração, pode permitir recuperar as perdas hídricas, da mesma forma que a água”, conta Manuel Castillo, professor de Fisiologia da Universidade de Granada, à agência espanhola Efe.

As conclusões [PDF] foram tiradas após a medição das reações do corpo – perante a ingestão de água e de cerveja – depois de um esforço físico intenso. E para além da rehidratação, a cerveja pode ainda ajudar a evitar dores musculares.

“É muito importante que fazer exercício seja associado a um momento de prazer, de forma a que haja continuidade”, diz Manuel Castillo. Assim, uma vez que “não foi encontrado nenhum efeito específico negativo que se possa atribuir ao consumo de cerveja, comparativamente com o consumo exclusivo de água”, o desporto pode até vir a converter-se num “ato social”, acredita o investigador.

Feita em colaboração com o Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), esta investigação tem como objetivo final promover hábitos de vida saudáveis e determinar “a idoneidade da cerveja na recuperação do metabolismo hormonal e imunológico dos desportistas após o exercício físico”.

Uma cerveja três vezes mais hidratante

Mas se até aqui estava a gostar da boa nova, é possível que ainda fique mais satisfeito. É que um grupo de investigadores australianos, do Instituto de Saúde da Universidade de Griffith (GHI), criaram uma cerveja ainda mais hidratante, que até previne sintomas de ressaca.

O processo foi simples: enriqueceram duas cervejas – uma normal, outra light – com eletrólitos (que se podem encontrar em bebidas energéticas e ajudam o corpo a absorver mais água) e ofereceram-nas aos participantes do estudo, que tinham acabado de fazer exercício.

Perceberam rapidamente que os eletrólitos só resultavam com cervejas de baixo teor alcoólico, mas que os participantes não notavam sequer a diferença entre elas. Assim, criaram uma bebida com um teor alcoólico de 2,3%, o mesmo sabor, mas três vezes mais hidratante. Para além disso, ainda evita ressacas, já que a desidratação é uma das principais causas deste mau-estar (o álcool impede a absorção de água pelo organismo).

O objetivo, explica o investigador associado Ben Desbrow, passa por “explorar formas de minimizar os males e permitir que as pessoas consumam cerveja como uma bebida normal, baixar os riscos associados ao consumo de álcool – e, com sorte, melhorar o seu potencial hidratante”. “Podemos gastar o nosso tempo a dizer às pessoas o que não devem fazer, ou trabalhar em formas de reduzir os perigos de algumas destas atividades sociais”, termina.