Que expetativas tem para mais uma edição do Primavera Sound?

Expetativas elevadas, fruto das últimas duas edições onde de uma forma geral foi um festival de grande sucesso. Temos tido mais procura de bilhetes, uma receção muito maior a tudo aquilo que nos propomos promover, e portanto só podemos estar otimistas e achar que esta edição será a edição de afirmação do Primavera Sound como um festival bem firmado no panorama português.

Este ano os números vão superar os números do ano passado?

Não podem superar muito [o ano passado foram mais de 20 mil pessoas], porque temos a lotação limitada a 25 mil pessoas por dia, temos um compromisso de preservação do Parque da Cidade e um compromisso com o nosso público de que este é um festival diferente e que nunca terá uma grande enchente. Queremos que as pessoas tenham comodidade, para que as pessoas possam estar aqui os três dias e além de desfrutar da música, possam desfrutar de condições ótimas, desde casa de banho até filas para os bares, entre outros.

A confirmação no panorama nacional, também acontece pelo cartaz do festival?

“As pessoas começam também a perceber que este festival é diferente e também querem descobrir novos projetos, novas bandas”

Acima de tudo é uma linha de programação que já tem três anos e que queremos manter para os próximos, é uma linha que não cede a facilitismos, uma linha própria, que teve origem em Barcelona desde há 13 anos, portanto é uma linha alternativa, que apresenta grandes nomes como The National, Pixies ou até o Caetano Veloso, e artistas mais mainstream como o Kendrick Lamar ou a Sky Ferreira, mas dentro dos critérios de qualidade de que não abdicamos.

Quais são as características que tornam o festival único no panorama nacional?

Desde logo o espaço em que está inserido. O Parque da Cidade é o melhor recinto urbano se calhar da Europa para se fazer um festival urbano com estas características. Depois, como já disse anteriormente, a linha de programação, muito afirmada internacionalmente, é a marca Primavera Sound que está por detrás disto, é um cartaz que muito pouco se põe em causa, porque temos grandes nomes, novidades, quase todas as novas tendências estão representadas. Não é um festival que cria tendências, mas é uma montra para essas tendências. Ao mesmo tempo, recupera nomes como television ou Slint ou Slow Dive, bandas que muitas pessoas já não conhecem, tiveram a sua época, e que reaparecem aqui. Recupera artistas e devolve à música aquilo que ela por vezes não reconhece. São demasiadas características para não se considerar o festival algo diferente.

Por o festival ser diferente, o público também é outro?

É, bastante diferente. Tem quase 50% de estrangeiros, desde logo não é muito normal num festival em Portugal. Depois, é um festival em que o grupo etário mais representativo é entre os 30 e os 35 anos, o que também não é muito habitual. Depois, porque o grupo etário de mais de 40 anos é superior ao de menos de 18 anos. São pessoas que se sentem bem num espaço, costumo dizer isto muitas vezes, que tenho amigos com mais de 50 anos que me agradecem por fazê-los voltar a ir a um festival. Pessoas que já tinham deixado de ir a festivais desde a juventude, por causa da confusão, por causa do mal-estar que normalmente só a juventude é que não se importa, e faz parte de uma certa formação intelectual quando se tem 17, 18 e 20 anos, mas depois deixa-se de ir. E nós conseguimos construir um festival em que essas pessoas de 40 e 50 anos podem voltar a um festival porque se vão sentir cómodas.

É importante para as bandas portuguesas emergentes atuarem no Primavera Sound?

Eu acho que sim, porque estão a tocar para um público que já não é habitual num festival de verão, e depois porque temos mais de 200 jornalistas estrangeiros acreditados, ou seja, é uma forma de as bandas portuguesas tocarem para um público estrangeiro e serem criticadas por jornalistas internacionais.

Agradar ao público do Primavera não é fácil, tens de estar na tua melhor forma para que toda a gente diga bem do concerto

A maior parte das bandas encara o desafio Primavera Sound como um concerto muito importante, não digo o maior concerto da vida deles, mas um concerto muito importante, e a ver pela dedicação das bandas nos concertos que dão aqui, é porque reconhecem este público diferente.

Que atividades extra-concerto é que o festival oferece?

É um festival, por exemplo, que permite vir de bicicleta até ao recinto e estacionar num Bike Park criado para o efeito à entrada do recinto. É um festival que, também por ser frequentado por um grupo etário mais elevado, este ano tem uma zona de babysitting, onde as mamãs podem amamentar, por exemplo, onde temos atividades lúdicas para crianças até 8 anos, tudo dentro do recinto do festival.

Queremos que quem nos visite pelo menos leve um cheirinho da nossa cidade, e que lhe apeteça voltar para um fim de semana diferente

Depois, o desafio à cidade para estar presente connosco, desde as tasquinhas até ao “Matosinhos: Mar à Mesa”, com petiscos de peixe ligados ao mar, o desafio que lançámos a jovens criadores de roupa, mobiliário e uma série de outras áreas, para estarem presentes no nosso mercadinho do Primavera. São muitos extras para este festival, que pretende ser uma montra da cidade.