Cerca de 400 mil pessoas estão desalojadas devido ao ciclone Idai, de acordo com informações da Cruz Vermelha Internacional. A tempestade, que devastou o centro de Moçambique, na passada quinta-feira, provocou chuvas torrenciais, inundações e um rasto de destruição.

O presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, atualizou o balanço de mortos para mais de 200 numa altura em que ainda cerca de dez mil pessoas continuam cercadas pelas águas na região de Búzi. Até ao momento, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pela tempestade que, além de Moçambique, atingiu os países vizinhos do Zimbábue e Malawi. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU),  o ciclone Idai é já uma das piores tempestades de sempre no hemisfério Sul.

As águas dos rios Púnguè e Búzi extravasaram as suas margens deixando milhares de pessoas encurraladas pelos fortes caudais de água que se formaram devido à tempestade. Uma grande parte da cidade da Beira encontra-se destruída e várias famílias ficaram com as casas destruídas, sem fontes de energia, comunicação ou água potável.

A situação pode agravar-se nas próximas horas devido à previsão de forte precipitação no local e à abertura das comportas das barragens no Zimbabué o que, a acontecer, poderá inundar ainda mais a zona da Beira que já se encontra completamente alagada pelas águas.

O responsável pela Cruz Vermelha Internacional, Jamie LeSueur, disse que “a escala de sofrimento e perda não está ainda clara. Esperamos que o número de pessoas afetadas, assim como o de mortes, possa crescer. Esta é a pior crise humanitária da história recente de Moçambique.”

As doenças transmitidas pela água podem tornar-se num grave atentado à saúde pública “devido à contaminação do suprimento de água e à interrupção do tratamento usual da água”, o que pode levar a “surtos de gastroenterite viral, hepatite, cólera e outras doenças“, afirmou LeSueur.

José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, partiu esta terça-feira à noite para a cidade da Beira, com elementos da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e do Instituto Camões. “O objetivo da missão é realizar um diagnóstico tão rigoroso quanto possível sobre as condições da comunidade portuguesa em Moçambique, nomeadamente na região da Beira”, adiantou José Luís Carneiro, em declarações à Agência Lusa.

Em relação aos portugueses residentes na zona afetada, o secretário de Estado reafirmou que não tem informações de vítimas mortais ou desaparecidos, mas frisou que ainda é cedo para dar garantias.

A Cáritas Portugal e a Cruz Vermelha Portuguesa estão no terreno a prestar auxílio às vítimas do ciclone. Quem quiser contribuir pode fazê-lo por transferência bancária para a conta: IBAN: PT50 0033 0000 01090040150 12 da Cáritas ou para o fundo de Emergência da Cruz Vermelha para a conta PT50 0010 0000 3631 9110 0017 4.

Artigo editado por César Castro