Cerca de três dezenas de alunos da Escola Artística Soares dos Reis, no Porto, juntaram-se ao movimento “É agora”, à hora de almoço desta quarta-feira, para pedir ao Estado mais apoio financeiro para o ensino artístico.

João Caldas, um dos organizadores da manifestação, explica ao JPN que o “ensino artístico regular é muito caro”, mas é ainda mais “o especializado”. De acordo com as suas contas, em três anos de estudos, podem ser gastos até “9 mil euros em materiais”.

Uma aluna do 12º ano da Soares dos Reis, Gabriela Ribeiro, diz que está familiarizada “com a falta de material“: “Nós usamos tintas que têm dez ou 15 anos cujo uso devia ser limitado a cinco”. Com isto, “os trabalhos dos alunos não conseguem ter qualidade na concretização”, conclui.

Os dois alunos querem que o Estado dê mais apoio a este tipo de ensino. Gabriela Ribeiro refere que “o Governo não intervém tanto como deveria”. “Toda a gente diz que não há dinheiro, mas há, só que não está a ser colocado no sítio certo”, remata a aluna.

Para além dos problemas no ensino artístico, a estudante de Artes Gráficas acrescenta, com base em experiência própria ou em relatos de amigos, que “há salas com computadores em que está a cair água pelas paredes, caem tetos, não há espaço para tantas turmas terem Educação Física”. O objetivo da manifestação desta quarta-feira é também que sejam feitas obras nas escolas.

O aluno do 10º ano da Escola Artística Soares dos Reis, João Caldas, espera que “o Governo ouça a voz dos estudantes” e que, numa próxima manifestação, haja “maior adesão por parte dos estudantes desta escola”. Gabriela Ribeiro tem noção de que “a mudança vai ser muito lenta”, mas quer que os “primos, filhos e amigos tenham uma melhor educação” do que a sua.

Exames Nacionais

Um dos propósitos do movimento “É agora” é acabar com os exames nacionais e, na visão dos promotores, conseguir dessa forma um ensino superior aberto a todos. João Caldas considera que “é completamente ridículo avaliar três anos em três horas“. Acredita que o “ensino superior devia ser acessível a toda a gente”. Para o aluno, era melhor que os estudantes fossem avaliados por “uma média dos três anos e não pelos exames”.

Uma das iniciativas do movimento nacional "É agora" é o final dos exames nacionais.

Uma das iniciativas do movimento nacional “É agora” é o final dos exames nacionais. Foto: Inês Moreira

Por sua vez, Gabriela Ribeiro “não concorda totalmente” com esta medida do movimento. “Acho que devem existir só que de outra forma. É preciso mudar certos aspetos”, refere a aluna. Na opinião de Gabriela, o “maior problema” dos exames nacionais é que “é um exame igual para toda a gente, mas nem toda a gente tem o mesmo ensino“.

Os alunos prometem agora reunir-se para fazerem um balanço da ação e planear manifestações futuras.

Os estudantes do ensino secundário manifestaram-se esta quarta-feira noutras zonas do país. A iniciativa partiu da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Camões, em Lisboa.

Artigo editado por Filipa Silva