Foi no final da tarde desta quarta-feira que, em frente às instalações da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), uma dezena de estudantes usou tinta preta e vermelha  para reivindicar o fim das propinas no ensino superior

Duarte Graça, estudante do mestrado em Física na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), conta ao JPN que o local foi escolhido também pela carga simbólica associada, visto que “a FBAUP é uma das faculdades que sofrem mais problemas de sub-financiamento”. Ainda assim, frisou, o objetivo da pintura vai para além da questão das propinas, fazendo “uma ponte para todos os outros problemas do ensino superior”.

Para o estudante da FCUP, que também é militante do Bloco de Esquerda (BE), a questão das propinas é uma “dificuldade verdadeiramente universal”, porque, apesar de existirem mecanismos de ação social “que ajudam algumas pessoas a não terem que abandonar o ensino superior”, os entraves económicos para pagar as propinas constituem ainda um “obstáculo”. 

Hélder Sousa, estudante do 12.º ano, participou também na iniciativa, porque quer “ingressar no curso de teatro na ESMAE”. Para o jovem, as propinas são um dos “grandes problemas”. 

Luís Monteiro, deputado do BE, também contribuiu com algumas pinceladas e, em declarações ao JPN, mostrou o seu desagrado com o facto de os problema sentidos pelos alunos de Belas Artes se prolongarem. “Não faz sentido nós estarmos a ver, de ano para ano, buracos nas paredes, tetos e falta de acompanhamento nas oficinas”, afirma.  

O deputado aproveitou também a ocasião para falar de um projeto de resolução do partido que vai ser apresentado esta quinta-feira na Assembleia da República e que pede a “suspensão do pagamento de propinas, taxas e emolumentos por causa da pandemia”, bem com um reforço do “investimento em ação social, no alojamento, contratação de psicólogos e uma melhor rede de internet móvel para os estudantes”.

O deputado bloquista vincou ainda a necessidade de implementar medidas de “compensação” para os estudantes que “tiveram este tempo de licenciatura ou de mestrado online, porque não tiveram acesso aos estágios, não conseguem acabar as teses e, provavelmente, o seu diploma vai valer menos no ingresso ao mercado do trabalho”, considerou.

Artigo editado por Filipa Silva