“Não estou de acordo com a forma como a política de habitação tem sido implementada”. Directo e sem papas na língua, Rui Sá, vereador do Ambiente da Câmara Municipal do Porto (CMP), considera que as medidas de Paulo Morais para a área da Habitação e Acção Social têm sido um desastre.

Para Rui Sá, o vereador da Habitação desistiu de qualquer preocupação social junto dos habitantes portuenses: “Paulo Morais não tem sensibilidade para a problemática social e para as dificuldades em que os moradores vivem”.

O vereador do Ambiente disse ao JornalismoPortoNet (JPN) que “a Câmara do Porto tem mostrado uma grande desumanidade na forma como são tratados os problemas de habitação”. O autarca aponta como exemplos concretos “os despejos no Bairro São João de Deus e a grande quantidade de famílias que vivem em pensões há mais de um ano”. Rui Sá acusa mesmo o vereador da Habitação e Acção Social de “querer limpar as suas mãos da resolução dos problemas”.

Paulo Morais já havia dito ao JPN que as críticas de Rui Sá “não passam de política politiqueira” e que o vereador do Ambiente deveria perder menos tempo em criticar e dedicar-se mais à gestão dos seus pelouros: “há situações em que o Eng. Rui Sá critica as minhas políticas, quando devia era preocupar-se em gerir os seus pelouros e desenvolver as suas políticas”.

A resposta de Rui Sá é elucidativa: “o Dr. Paulo Morais não pode pensar que pelo facto de me ter sido atribuído este pelouro eu deixei de ser o vereador da CDU na Câmara do Porto”. O vereador do Ambiente aceita que a sua posição possa causar “perplexidades” a algumas pessoas, mas promete continuar a ter “um posicionamento crítico e incómodo para com os vereadores da maioria sempre que não estiver de acordo”.

Uma lei… anacrónica

Para Paulo Morais, as críticas constantes de Rui Sá são “resultado de uma lei autárquica perfeitamente anacrónica”. E dá mesmo um exemplo: “Imagine-se o que seria do governo, se um ministro viesse para os jornais dizer mal da política de outro ministro. Esta lei autárquica é absurda pois não dá ao presidente da Câmara total autonomia para escolher a sua equipa. Isso é o que eu defendo”.

“Lei anacrónica? É a lei que temos”, responde Rui Sá, e argumenta que quando as pessoas se candidataram às eleições já sabiam do funcionamento dos órgãos autárquicos. O vereador do Ambiente e da Reforma Administrativa mostra-se até bastante agradado com a actual lei autárquica: “ainda bem que temos esta lei, porque conseguimos introduzir melhorias significativas nas propostas que Paulo Morais apresentou”.

Já o vereador da Habitação analisa esta situação como “uma falta de sincronia entre a representatividade democrática do vereador da CDU e o peso que efectivamente acaba por ter”. Paulo Morais vê Rui Sá numa posição difícil: “estar solidário com uma maioria que está no poder e ao mesmo tempo seguir os ideais do seu partido não é fácil”.

Rui Sá é que não está pelos ajustes: “se tivessemos uma lei como o Dr. Paulo Morais gostaria que fosse, naturalmente que ele impunha as regras como bem entendesse e não as discutiria com ninguém”.

O vereador da CDU não esquece também “a forma como têm sido conduzidos os processos dos recursos humanos na CMP, a política cultural desadaptada dos novos tempos e os sucessivos atrasos na aprovação de documentos na área do urbanismo”.

Bruno Amorim